Coisas de Mineira 08/11/2022
“Não Existe Amanhã: pense em um livro que está numa continuidade perfeita. Você termina o primeiro livro e já que correr para o segundo. Só dessa forma você vai começar a entender esse jogo de gata e rata entre Eve e Villanelle.”
Antes de tudo, esse é o segundo livro da trilogia de espionagem, onde uma assassina internacional, cuja alcunha é Villanelle, e Eve Polastri se enfrentam de uma forma indireta. Entretanto, elas não travam um embate “face to face”, entretanto, uma já sabe da existência da outra. E essas duas mulheres são boas em suas distintas funções. Quem chegará mais perto da outra primeiro?
“Sabedoria (…) é perceber a hora de tirar seu time de campo.”
RESENHA DO LIVRO NÃO EXISTE AMANHÃ DE LUKE JENNINGS
De antemão, falemos de Eve. Sobretudo, ela está no seguinte patamar: uma profunda obsessão em encontrar essa assassina que continua deixando um rastro de corpos. Seu casamento pode ruir a qualquer momento. Mesmo que ela ame sinceramente seu marido, Eve tem deixado a desejar. Fazendo viagens e se envolvendo em situações que poderia evitar.
Como Eve não é treinada para trabalho de campo, é certo que alguma coisa pode dar errado nessas investidas na perseguição de Villanelle. Em Não Existe Amanhã, podemos perceber que Villanelle está bem mais direcionada em estar no encalço de Eve, do que o contrário. Dessa forma, é melhor que Eve se prepare para o pior. Ou não?
“É uma opção mais inteligente, mas, se você quer a verdade, é melhor não submeter o indivíduo ao choque de um ferimento à bala. As pessoas falam coisas muito estranhas quando estão em choque.”
Villanelle é, primordialmente, uma psicopata com sangue frio. Ela realiza as mais diversas “tarefas” para a qual ela for incumbida. Depois, ela simplesmente se desliga do “trabalho” e aproveita sua vida. Uma pessoa que não tem muitos critérios a respeito de quem leva ou com quem vai para a cama. E assim continua até a próxima “convocação”.
Iremos sentir certo desequilíbrio do enredo do livro primeiro, para esse segundo. E isso se dá pelo que chamamos de fan service. Terminamos Codinome Villanelle com uma Eve focada em caçar e “destruir” essa assassina profissional que tem matado pessoas bem embaixo do seu nariz. Mas, em Não Existe Amanhã perceberemos outro foco. Achei que tudo foi de 0 a 100 muito rápido. Enfim!
“Não dá para deixar tudo para trás. E, mesmo se desse, eu não deixaria. Gosto da minha vida.”
O segundo livro é coerente com a história iniciada?
A leitura deste segundo livre é bastante fluída, daquelas que dependendo do seu ritmo de leitura, termina-se em um dia. Fora a curiosidade que ficamos em saber se Eve irá se encontrar pessoalmente com Villanelle, e se elas irão se digladiar ou sairão caminhando juntas para um novo estilo de vida. É sério! As coisas mudam rápido demais.
Não sei bem se Jennings sabia para onde se encaminharia a história de Villanelle frente à Eve. E vice versa. Porém, conforme a história vai caminhando para essa obsessão entre as duas mulheres, sabemos que pelo menos por um instante o foco inicial será esquecido, para dar vasão às sensações das duas protagonistas.
“Não sou doida. Eu gosto do jogo. E gosto de vencer. Polastri também é uma jogadora, e é por isso que gosto dela.”
Nem deve ser fácil imaginar uma Eve extremamente interessada no comportamento e vida de Villanelle. Eu pelo menos fiquei meio sem saber por que o interesse de Villanelle em Eve se deu de forma tão pragmática. E nisso eu senti um forte peso do “fan service”. Fazendo assim, que o livro andasse mais ‘pareadamente’ com a adaptação para série.
Esse é o filho do meio nessa trilogia sobre Eve versus Villanelle. Então, podemos entender que é em Não Existe Amanhã que teremos pontos de ligação entre o primeiro e o último livro. Aqui iremos ver o delineamento do “relacionamento” entre as protagonistas. Ambas as mulheres de personalidade, criativas, inteligentes, e sedutoras (mesmo que não pelos mesmos motivos ou atrativos).
“- Por que está tão afetada por essa mulher perigosamente e letal? Por que as palavras dela a abalam tanto? Aquele V enigmático não é à toa. É um nome, mesmo que não por inteiro. É um presente, assim como a pulseira. Um gesto ao mesmo tempo íntimo, sensual e profundamente hostil. Se me perguntar, eu respondo. Se me chamar, eu vou.”
Villanelle – a vilã que te arranca suspiros
Sinto certa atração pelo desenvolvimento da personagem de Villanelle. O lado obscuro e com histórico desestruturado é o que mais chama minha atenção. Preciso ficar me lembrando de que aqui, Villanelle é a vilã. Ela é o inimigo. Não posso ficar nessa fissura para que seus planos não falhem. Mas, é mais ou menos essa ambivalência batendo forte durante as páginas lidas.
Finalizando, estou bastante curiosa para tomar em mãos o livro três, e saber se realmente “Não Existe Amanhã”, porque eu senti que existe sim… E é por isso que o último livro tem o título “Morra por Mim”. Ou seja, fiquei com a sensação de que Eve e Villanelle serão muito mais próximas. Enfrentarão limites, e os ultrapassarão. Ambas são membros de organizações poderosas. Todavia, alguém precisará abrir mão de algo. Ou seriam as duas?
Por: Carol Nery
Site: www.coisasdemineira.com/2022/10/nao-existe-amanha-resenha-killing-eve-2