DudaF008 19/04/2024
Como um oceano que é suave e intenso, amei esse livro
?Oceano entre nós? conta as experiências de uma garota muçulmana lidando com as maldades do mundo, e as dores do preconceito e do racismo, nos Estados Unidos em meados do atentado terrorista do 11 de setembro. Um livro extremamente tocante em sua simplicidade.
Li este livro despretensiosamente, não foi indicação, nem vira nenhum trecho que me chamara atenção. Simplesmente me ocorreu de ler, e li. Mas me surpreendi em inúmeros sentidos. É realmente um livro leve, mas que trás consigo uma reflexão muito intensa sobre pensar no mundo em que vivemos.
Falando brevemente da estrutura: é exatamente como gosto. Capítulos curtos, linguagem simples, descrições detalhadas, falas com todo tipo de diversidade (seriedade, ironia, dor, emoção?), uma história direta com um enredo relativamente simples mas que carrega consigo um grande peso.
A narração dos fatos vindos do ponto de vista da protagonista Shirin, mostra um pouco da experiência real da autora Tahereh Mafi que retrata um pouco de si e suas vivências no livro.
Desde o início vemos a forma como Shirin vive dentro de um grande empasse, entre o querer ser forte e se sentir fraca. O tentar não se importar, e o se importar muito, se ferir muito, ser ferida muito. Seus problemas com a incompreensão dos pais ? por mais que os ame; sua relação de altos e baixos com o irmão e o carinho e cuidado mútuo deles; não ter amigos; não confiar em ninguém; se isolar pra se poupar; fazer ser tolerável; se mudar de cidade e começar tudo de novo.
Ser apenas uma criança crescendo e querendo viver, e fazer o que gosta, e não ser um problema, só ser normal apesar de suas peculiaridades.
Esse ponto das suas mudanças frequentes de cidade parece não ser importante no começo, mas trás um vazio ou, sei lá? um sentimento de encerramento de ciclo muito evidente e muito comum na vida de todo mundo ? especialmente na vida de uma adolescente de 16 anos como ela e eu. Eu amo isso.
Amo como o final não foi exatamente o desejado mas foi feliz na medida do possível, foi realista, foi o que precisava acontecer num livro como este.
Ocean é um doce. É literalmente um menino de coração bom que quebra seu estereótipo, que também tem problemas, que afinal também sente a raiva da injustiça, que acaba por fim virando alvo também do ódio gratuito que as pessoas sentem necessidade de espalhar. Eu amo ele, e apesar de ser um personagem espero que a vida tenha sido gentil com ele.
Shirin é mesmo muito corajosa apesar de não achar-se. Muitas vezes me peguei pensando em como ela generalizava ou era pessimista, mas depois de certos trechos narrados entendi seu medo, afinal ela tinha esse direito. Mas também senti orgulho vendo sua evolução capítulo após capítulo. Ela é linda, autêntica, tem sua personalidade, tem seu temperamento, tem suas lutas e emoções, e como se não bastasse, dança breakdance e ouve Radio Head.
Falei muito, e poderia falar muito mais. Acho que todo mundo deveria ler livros como este, que parecem simples mas te mostram um pouco da dor de pessoas que a gente não percebe o sofrimento.
Playlist:
- Normal girl - Sza
- When I?m gone - Jack Nickelz
- Acontece - Jão
- Yeki Hast - Morteza Pashaei
- Girassol - Ivyson
(e que playlist ein)