Ludmilla Silva 25/07/2022"Apaixonar-se pelo mundo é olhar para cima e sentir nossa mente flutuar perante a beleza e distância das estrelas."Esse é o primeiro livro de não-ficção do John Green e para quem está acostumado com as histórias aclamadas de romances fictícios escritos pelo autor pode estranhar essa mudança de curso a princípio, contudo quem acompanha o autor nas redes sociais e principalmente em projetos paralelos que ele realiza com o seu irmão Hank Green como o “vlogbrothers” entende que esse fato de contar histórias aleatórias é algo comum do cotidiano do autor.
Antropoceno é basicamente a versão escrita e roteirizada do podcast que recebe o mesmo nome, cada episódio conta um fato aleatório sobre o Antropoceno, ou seja, a era geológica e o planeta em que vivemos. E o livro segue a mesma estrutura, mas ao invés dos episódios são capítulos e eles contam histórias interessantes, desde a fatos aleatórios sobre ursinhos de pelúcias, futebol e filmes de animação até a pandemias globais, obras de artes e internet.
Digo ser um livro perfeito para quem gosta de saber sobre fatos aleatórios de assuntos diversos, é um prato cheio para aquelas conversas de bar onde você conta para todo mundo coisas que ninguém sabe e no fundo não se importam, obviamente, não desmerecendo a obra do autor, mas sim aclamando o quão diversa e casual ela consegue ser. Para mim, uma das melhores escolhas da narrativa foi mesclar a experiência pessoal do John Green com os diversos assuntos, pois ele não escolhe os temas arbitrariamente, todos eles têm algo a ver com a sua vida e os seus arredores, por isso é comum haver uma explicação e introdução pessoal antes de ir para o assunto. E essa imparcialidade foi muito significativa, pois me fez entender e enxergar o autor com outros olhos e em simultâneo me fez conectar com aquele fato que estava sendo contado.
Como o livro apresenta temáticas diversas, percebi que o maior ponto negativo dele para mim, foi não conseguir me conectar ou até mesmo me interessar por alguns dos capítulos aqui presente. Por exemplo, eu entendi possuir mais afinidade com aqueles capítulos que apresentavam elementos e situações em que eu era familiar, por exemplo, em um deles John Green conta toda a história do ursinho de pelúcia e eu achei extremamente interessante por ser algo da minha realidade, algo que eu já tive e interajo constantemente. Em contraponto, quando ele fala de assuntos bastante específicos, como uma rede de fast-food exclusiva dos EUA eu ficava totalmente desinteressada, pois não é nada da minha realidade e muito menos algo que eu queria aprender mais.
A leitura significa uma coisa para cada leitor e nem todos terão a mesma experiência que eu, porém essa desconexão e aleatoriedade foi algo que me incomodou a ponto de pular diversos capítulos (algo que eu raramente faço). Porém, de modo geral eu ainda consegui apreciar as temáticas familiares e me diverti muito ao descobrir certos assuntos, eu por exemplo não gosto e não me interesso por futebol, contudo um dos capítulos mais legais foi justamente um onde o autor narra uma técnica utilizada pelo goleiro para intimidar seu oponente o que acabou levando a conquista de um título ao time de futebol europeu.
De modo geral, é um livro muito bem-vindo ao universo do John Green, eu gostei de saber mais sobre a vida pessoal do autor, pois até me ajudou a entender de onde veio os livros fictícios aclamados por ele, e ler e entender mais sobre temas casuais do nosso planeta é muito agradável, pois não é algo que realizamos com constância. Gostei muito de um livro de não-ficção do John Green e apesar dos problemas na experiência espero que haja outros livros assim no futuro.