spoiler visualizariamlarissa 03/02/2024
Superação e autoconhecimento.
Ah... Como posso começar a descrever essa obra de Rachael Lippincott?
Inicialmente, achei uma leitura longa e tediosa, quem lê os primeiros capítulos tende a achar que a protagonista, Emily, é uma garota mimada, insuportável e que não superou a morte da mãe depois de tanto tempo. No entanto, para a surpresa dos ignorantes (autocrítica, rs), pode-se entender, principalmente no final, a dor que a menina sentiu e todo o apego que ela tem de sua mãe, além da parte chata de todos na cidade parecerem demonstrar que a mesma passou da "aventureira e esperta Emily" para "a menina que perdeu a mãe".
Um pouco depois, Blake surge na vida de Emily, auxiliando a protagonista a ressignificar sua própria vida e tirar ela do armário que esteve enfiada por tanto tempo (literalmente, rs).
Ao longo da leitura, há muitos pontos que os leitores (em especial adolescentes) podem se identificar com Emily, como a questão do autoconhecimento. No momento em que ela é incentivada por, sua até então amiga, Blake a seguir a "lista de coisas para fazer antes do último ano acabar" de sua mãe (apelidada carinhosamente de "A Lista da Sorte" pelas meninas, daí o nome do livro), a vida da personagem principal muda completamente, no sentido de superar seus medos e provar coisas que nunca esperou experimentar.
Gostaria de ressaltar, também, a questão do relacionamento amoroso de Emily e Matt, que, de uma certa forma, se relaciona com sua falecida mãe, Julie. É que Emily e Matt se envolveram logo após a morte da mãe da garota, o que era um desejo de Julie, porém não de Emily. A menina acreditava que, por Matt ser um bom rapaz e estar sempre com ela em todas as situações, poderiam conviver como namorados, porém isso não se confirma pelos inúmeros términos e um último trágico que acompanhou o início ao final do livro. Mais pra frente, o livro conta que Emily sentia que, na verdade, deveria fazer isso por achar que sua mãe gostaria de vê-la com o garoto, porém ela não considerou que sua mãe, sendo uma grande mãe, gostaria de ver sua filha feliz independentemente de com quem estaria. E isso resulta no feliz relacionamento de Emily Clark e Blake Carter.
Além disso, o livro retrata o luto do pai de Emily, Joe Clark, de uma forma inusitada , porém esperada de um adulto. Diferente de Emily, que é uma adolescente que sempre viveu intensamente, Joe quer seguir em frente com sua vida, porém o método que ele usa para fazer isso é um tanto digno de repúdio. Isso porque ele demonstra, na minha visão, uma superação fria e egoísta, já que ele não leva em consideração os sentimentos da filha em boa parte das situações, como a mudança para uma nova casa. Mas não o leve a mal, Joe é um ótimo homem e um ótimo pai, e sei que ele fez isso para seu bem-estar financeiro, familiar e mental, e eu, como leitora, consegui entender melhor isso ao longo da leitura.
E sobre a superação de Emily... Bem... É um tanto problemática, já que desde o início do livro ela se mostra perdida mesmo após tanto tempo da perda de sua mãe. Até quando ela encontra a lista, a jornada se torna problemática por ela querer seguir tudo à risca, ignorando os próprios sentimentos em nome de uma falsa presunção que ela teve de sua mãe (sem falar nas coisas materiais que ela era muitíssimo apegada). Fico feliz em dizer que ela "deu uma acordada" pra vida (incentivada pelo pai, hahaha) e decidiu fazer o certo para si mesma, conseguindo de vez se conformar que sua mãe estaria sempre com ela e com as pessoas que puderam conhecê-la, e não somente em coisas materiais, mas na memória de cada pessoa tocada por Julie Miller.
Enfim, esse livro me tocou de uma forma que não pensei que tocaria, me mostrou, principalmente, que o amor se manifesta de diversas formas e em diversas situações, e que é possível sempre se reinventar, não importam as circunstâncias da sua vida.
No mais, recomendo que qualquer um leia essa obra maravilhosa de Rachael Lippincott para poder sentir com muito mais intensidade e emoção cada capítulo do livro! :)