de Paula 09/06/2023
Se as casas falassem, o que elas diriam?
Eu adoro os livros do Vitor, sempre são aquele sopro de vida e alívio em meio a um monte de coisas terríveis que permeiam nossa realidade. Confesso que esperei muito tempo para ler esse livro por conta de parte da história se passsar na pandemia e todos que viveram esse momento saíram mexidos, espero que não nos esqueçamos disso nunca. Mas, quando me dei a chance, sabia que era o momento apropriado para apreciar esta obra.
É muito legal como o Vitor trata a descoberta da sexualidade na adolescência e vida adulta, dando o devido cuidado com a forma de abordar, mas, ainda assim, sem ser a principal definição dos personagens. As histórias sempre são cheias de esperança e inspiração, o que não é fácil, pensando que algumas histórias se passam em 2000 e 2010, quando falar abertamente de sexualidade, sendo ela LGBTQIAPN+, não era algo comum, embora tenha sido sempre um tema importante. O mais legal disso tudo é que, além das pessoas, a casa é um personagem fundamental e bem humorado, o que torna a experiência mais agradável.
Gostei particularmente como as histórias se conectam no final. A vida de Ana, Greg e Beto são interligadas por morarem na mesma casa, pela sexualidade, sentimentos fortes e conflitantes, mas, por uma família compreensiva e muito querida, mesmo que não soubessem exatamente como lidar com as bombas de hosmônios de jovens. Adorei como o pai de Ana era descolado e como ajudou a filha a ter um romance sáfico na virada do milênio. A tia Catarina de Greg que fez de tudo para ele e o Tiago ficarem juntos, como foi bonito acompanhá-los se apaixonando e como Beto descobriu muito sobre si, a própria família e que os corações não são iguais, durante a loucura que foi viver numa pandemia.
O Vitor trouxe sensibilidade, histórias envolventes, preocupação genuína com os personagens e suas histórias, além do easter egg no final que satisfaz a curiosidade de saber como as histórias anteriores finalizaram, o que deixa o coração bem quentinho, como ficamos ao final de Quinze dias e Um milhão de finais felizes. Um livro muito bom, principalmente para quem está tentando sair de uma ressaca literária depois de ler a maior bomba da vida. Ótima leitura!