Tiago.Guedes 08/04/2024
A menina elouqueceu
Ao ler “A viuva de ferro” da jovem escritora Xuran Jay Xhao, me senti mergulhado em um mundo da cultura chinesa, no qual mescla antigas tradições com tecnologia futurista e magia, tudo misturado de uma forma bem dosada e que se encaixa perfeitamente em todo o transcorrer da história.
Na história temos nossa protagonista Wu Zetian, uma jovem de uma provincia, no qual se vê presa em tradições que subjugam as mulheres, tornando elas apenas ferramentas, seja para casamentos arranjados ou como concubinas para os pilotos crisálidas, mas após a morte de sua irmã mais velha (morta por conta deste sistema), ela decide lutar contra este sistema opressor com sua próprias forças.
Bem, este é basicamente as premissas das história, mas ela vai muito alem disso, tanto de forma positiva, como de forma negativa para o que provavelmente sera uma saga. Devo comentar primeiro os fatores positivos do livro, que sem duvida é bem escrito, em momento algum me senti perdido na história e os temas que ela traz são bem atuais, principalmente para a China (alguns são para o resto do mundo também). Tudo traz uma mistura bem equilibrada e que deixa todo enredo bem mais profundo do que aparenta inicialmente, ainda mais com o final em aberto que foi deixado, neste ponto dou parabéns a autora.
Mas, como nem tudo são flores deixo aqui minha critica, a começar com nossa protagonista que infelizmente em momento algum me cativou, deixando ela muito mais como uma anti heroina ou mesmo uma antagonista em alguns momento. Zetian se mostra cruel, fria e com uma sede pelo poder que se desenvolve ao decorrer da historia. Compreendo sua vida sofrida, mas sua busca pela morte e até a tortura, não a torna melhor em nada, se comparada ao sábios que tanto despresa, assim como os pilotos homens. Fora que todo o enredo inclui tanta coisa, como triangulo amoroso (todo mundo pega todo mundo), alcolismo, mutilação, sexualidade, tradições, crenças e por ai vai, que a gente fica sem saber para onde a coisa está indo. Acho que a autora fez sua critica feminista e isso é valido, mas a protagonista foi um tiro que saiu pela culatra, pois no fim se mostra uma tirana igual aos sábios, matando para manter seus ideias.
De um modo geral, recomendo ler “A Viuva de ferro”, todo o ambiente criado é muito rico e pode ser melhor explorado em um segundo livro, só espero que nossa protagonista Kratos seja mais racional agora e não tente ela transformar os homens em sua ferramenta.