_carolthome 27/04/2024
Chorei, senti raiva, levei pra terapia: cinco estrelas, amei
Preciso começar contextualizando: esse livro não estava na minha meta, não estaria na minha lista de leituras, eu não escolheria ele na livraria, nem nada do tipo. Mas, a minha professora (uma querida e um amor, inclusive) decidiu que essa seria a nossa leitura principal em uma das disciplinas que eu peguei esse período. E que bom!
Ela já começou avisando a gente que o gosto literário dela envolve caos e tragédia, que são duas coisas que esse livro tem de sobra. Inclusive, na aula, chegamos à conclusão de que esse livro seria um excelente filme de terror e thriller psicológico.
A forma como a protagonista, no auge dos seus 8 anos, é construída e como ela imprime suas percepções sobre os outros personagens é impecável. O livro não tem nenhum plot exato, é a protagonista contando sobre seus dias, suas vivências e as constantes violências simbólicas que ela sofre de todos ao seu redor. A narrativa nos mostra a pequena Claudia sendo constantemente traumatizada, só conseguindo contar as tragédias que lhe acontecem, sob seu olhar infantil. A forma como ela é forçada pela vida a crescer é muito duro e dolorido. Os abismos nas relações dela com os outros personagens, principalmente com a mãe, são construídos a partir de cada uma das situações narradas. Os ambientes e as emoções neles representadas são um espetáculo à parte, diga-se de passagem. Cada detalhe, cada frase, cada escolha de palavra nessa obra tem um motivo claro e específico.
Como Claudia, muitas vezes odiamos a mãe dela, mas temos esperança toda vez que ela faz o mínimo. Esperamos algo do pai, mas sentimos falta dele como a Claudia. Nos apegamos na Paulina da mesma forma. E, como a Claudia, somos o tempo todo colocados de frente para a morte, que ronda essa família constantemente. Ainda assim, nós chocamos todas as vezes em que ela conta algo terrível de uma forma tão simples e natural, principalmente quando diz respeito à morte.
"Nossa, Carol, como você pôde dar 5 estrelas para um livro tão dolorido e trágico?"
Porque é simplesmente brilhante. Dói ler, eu sofri demais, precisei de tempo para processar diversas passagens, mas foi uma experiência como nenhuma outra. O ritmo do livro não é frenético, mas ele te prende de uma maneira absurda. Mesmo com todas as tragédias, é impossível não virar a página. Além disso tudo, foi a primeira vez que eu li um livro em conjunto e, mais que isso, com alguém guiando e me ajudando a entender e interpretar as nuances da obra (um beijo pra querida Ana Crélia ??) e, nossa, sensacional, mal posso esperar pelos próximos.
Em síntese, essa obra me trouxe muitas emoções. Fiquei feliz, esperançosa, arrasada, agoniada, preocupada... Não esperava ler algo tão dolorido e me ver dando nota máxima. Hoje, acredito que a literatura deva despertar emoções, sejam elas quais forem. E essa obra faz isso brilhantemente. Recomendo para todos que queiram uma narrativa bem escrita e que suscite as mais diferentes e intensas sensações.