Mateus 12/06/2024
O amor é possível?
O amor demanda amor (Lacan, Seminário XX: Mais, ainda). Me deparei com essa frase e fui impactado, pensei como o amor (ou a necessidade dele) é presente em nosso modo de viver, o amor e o medo da solidão, o medo da incompletude da vida.
Gostaria de começar o texto pelo começo, mas onde será que o começo se esconde? Talvez falar sobre o amor na infância, falar sobre paixões da adolescência, ou amor durante a vida adulta, não sei qual escolher, mas sei que amamos sozinhos, pois cada um ama a seu próprio modo.
Por falar em início, cito que amar é algo que aprendemos sendo amados por nossos primeiros cuidadores. É porque alguém em algum momento nos amou, ainda que amando mal, que a gente aprende a amar, ainda que possa amar mal. Mas nossas primeiras experiências de amor são irremediáveis, então é sempre por amor que vivemos, mesmo que seja um amor meio torto e com frequência é. No inicio da vida o amor que nos salva e depois também.
Na desenrolar da vida, o amor parece ser um mistério, como disse Cazuza ?o nosso amor a gente inventa, e quando acaba, a gente pensa que nunca existiu?, uma vez que o outro está sempre nos decepcionando narcisicamente, mas aí que está; precisamos que falte alguma coisa, se temos tudo não precisamos do outro, então o amor nasce da falta, do desejo de amar e ser amado, mesmo que isso torne-se angústia.
Por fim, gostaria de citar Milan Kundera que fala dos amores como impérios, desaparecendo a ideia sobre a qual foram construídos, morrem junto dela. Ninguém morre de amor, mas e de desamor será que morre? O amor é um exercício trabalhoso, nem todos estão dispostos a isso, o que a psicanálise pode fazer por alguém é transformar esse medo neurótico de amar, em uma experiência, encorajar o indivíduo a tentar, a fazer com que o amor seja parte da vida.