@vcdisselivros 08/11/2022"Um herói necessário em meio a um cenário possível"O QUE VOCÊ PRECISA SABER
° Daniel nasceu em uma conservadora cidade no litoral sul do Rio de Janeiro;
° Desde muito cedo ele sabia que queria ir embora, anos mais tarde ele consegue e chega a São Paulo, onde preenche o dia a dia com o trabalho de jornalista, corridas na Av. Paulista e sessões de terapia;
° Daniel cortou relações com todas as pessoas de seu passado, mas uma visita inesperada chega com um pedido que ele é incapaz de ignorar: Investigar o suicídio do melhor amigo de infância, filho do homem mais poderoso da cidade, um grande líder religioso, respeitado por todos e responsável por muitos traumas que Daniel sofreu na infância;
° Decidido a buscar justiça pelo amigo/crush, Daniel irá enfrentar medos antigos e resgatar à superfície dores profundas que, conscientemente ou não, passou os últimos anos tentando ignorar.
POR FIM
Conforme fui lendo O beijo do Rio fiquei com a sensação de como tudo funcionaria bem em uma adaptação com formato de série (à qual espero poder assistir um dia), curiosamente, o autor Stefano Volp, revelou à revista Tag que originalmente pensou a história para uma série.
Ele chegou a escrever o episódio piloto e a partir disso se desafiou a escrever e desenvolver tudo em um curto período de tempo durante a pandemia. Isso faz com que o livro se torne muito visual, vívido, então por ter “imagens” fortes e gatilhos, fica o alerta!
Como jornalista, me envolvi ainda mais com a leitura e me senti ali, lado a lado com o protagonista, inserido em muitos dos cenários ao longo da investigação.
Daniel é uma força da natureza, um homem que apesar da trajetória difícil está ali, buscando vencer em meio aos traumas enfrentados. Ele, que é um jovem negro LGBTQIA+ cresceu em um ambiente extremamente tóxico, incapaz de aceitar qualquer coisa que fuja do padrão.
Mais tarde ele continua sofrendo na cidade grande, que abre espaço para o preconceito racial, com relatos do Daniel sendo constantemente abordado pela polícia durante as corridas noturnas.
Em meio ao suspense criado na premissa, o autor consegue inserir críticas aos fanáticos religiosos, ao zelo por um conservadorismo ignorante, ao sistema corrupto e também a sociedade como um todo, que ainda sustenta uma forte discriminação.
Volp apresenta um personagem necessário, humano, quebrado, mas disposto a enfrentar os desafios e os problemas psicológicos por aquilo que acredita ser correto. O conjunto da obra em si é de tirar o fôlego, com momentos que mesmo similares com a realidade, chocam, emocionam e ficam como alerta.