spoiler visualizarRicardo Tavares 22/03/2024
A casa no Mar Cerúleo
Confesso, amo livros em capa dura. E esse tem uma das capas mais bonitas que já vi. A ilustração é muito sugestiva. Para ficar melhor, o livro poderia ter ilustrações dos personagens no interior. Há muito tempo que queria ler essa história. O livro tem uma boa avaliação no SKOOB.
Gosto muito de histórias que envolvem magia, embora, nesse enredo, a magia não seja o foco principal, ou melhor, os motivos e o desenvolvimento de poderes mágicos não estão no centro da trama.
O livro toca em um ponto muito interessante que é a aceitação de "pessoas" diferentes. A intolerância é o tema principal. Fiquei lembrando dos mutantes do Professor Xavier, os X-Men, caçados por serem mutantes poderosos.
Aqui acontece algo semelhante, os seres mágicos são catalogados e monitorados para não causarem danos aos seres humanos.
Lembra também O orfanato da Senhorita Peregrine para crianças peculiares (depois mudaram o nome para "lar" da Senhorita Peregrine).
A premissa é a mesma, a diferença, no entanto, é que não existe um outro grupo de seres mágicos do mal com poderes querendo destruir as crianças.
Temos um grupo de crianças "peculiares" abandonados à própria sorte que estão em uma ilha tentando se adaptar ao mundo e serem aceitos por outras pessoas como seres dignos de respeito e com fortes valores morais.
Em meio a todos os problemas psicológicos e de aceitação, as crianças também sofrem por serem "diferentes" e são alvo de preconceito de humanos que os tratam como aberrações.
Há até um órgão controlador dos seres mágicos. E é desse órgão que conheceremos Linus Backer, um quarentão solitário e solteiro que se acomodou em seu serviço burocrático e terá sua vida virada de cabeça para baixo pelas "crianças" da ilha no mar Cerúleo.
Como pano de fundo, o autor resolveu inserir a questão homoafetiva na história, pois um dos protagonistas, Linus, finalmente irá se apaixonar por um igual, que, contudo, não é um homem comum, mais um ser conhecido como um dos últimos de sua espécie, uma "fênix".
Gostei imensamente da trama.
A temática da intolerância e da aceitação de pessoas diferentes, seja por ser de uma espécie diferente, seja por ser algo que provoca medo, horror (pela aparência diferente), ou aversão, nos faz pensar em como muitas vezes nos deixamos levar pelas aparências e, assim, o preconceito se insere em nossas vidas como um câncer.
Alguns capítulos são longos, mas a narrativa é envolvente e cativante, bem fluida. Gostaria muito que a história tivesse uma continuação.
Esse foi um dos melhores livros que li em 2024. Perfeito. Nota 5,0.