spoiler visualizarestxrhly 09/05/2024
(Desculpe qualquer erro ortográfico, não revisei)
Linus Baker vive uma vida preto e branco trabalhando pro DEDJUM (Departamento Encartegado da Junevtude Mágica) que tem como objetivo garantir que esteja correndo tudo bem nos chamados orfanatos para crianças com poderes mágicos. Sim, poderes mágicos. Nesse mundo existe diversos tipos de seres mágicos dos mais variados e Linus se certifica que todas as crianças desse tipo estejam vivendo "bem" em seu "lares". Certo dia é convocado pelo Altíssimo Escalão do DEDJUM para se certificar que Arthur Parnassus ainda é capacitado de cuidar de 6 crianças especiais em seu "orfanato". O que mais preocupa os membros do Altíssimo Escalão é Lucy, que é simplesmente o "anticristo" Ele ficaria na ilha de Marsyas por exatamente um mês, relatando a cada semana como é a vida naquele orfanato e se está tudo ocorrendo como deveria. O que Linus Barker não espera é que iria acabar se apegando até demais naqueles que conheceu naquele lugar tão aconchegante.
É um livro no tema de found family em que o personagem principal acha uma família onde menos esperava que acharia. É belo ver o desenvolvimento do personagem Linus e como ele começa a ser ele mesmo e se importar mais com os próximos, mostrando sua verdadeira face, em um sentido positivo. Ele passa a ver o mundo em cores pela primeira vez, como diz na frase contida no livro "...seu mundo era frio, úmido e cinza até chegar àquele lugar. Parecia que via a vida em cores pela primeira vez"
Também é interessantíssimo conhecer cada um dos personagens da ilha, sendo eles as 6 crianças: um "anticristo", uma gnoma, uma sprite da floresta, uma serpe, uma bolha verda não identificável e um canisomem e os adultos do lugar: Zoe e Arthur
Acompanhar essa jornada de proximidade de Linus com os demais personagens da ilha foi fenomenal, ver ele deixando de lado as formalidades que ele insistia tanto em seguir e passando a não ligar tanto para o livros de Regras e Regulamentos do DEDJUM. Ao longo do tempo que passa lá, ele começa a ver eles como realmente são, sem os preconceitos tão impostos a eles
No início do livro há uma parte que eu gosto bastante, que se trata da solidão de Linus Baker e como ele se sentia em relação a isso, já que antes da ilha ele era um homem extremamente solitário, sua única companhia era sua gata Calliope. Essa parte mencionada é "Se alguém lhe perguntasse se era solitário, Linus Baker contrairia o rosto em surpresa. A ideia lhe parecia estranha, quase chocante. E, apesar de a menor mentira já fazer sua cabeça doer e seu estômago se revirar, ainda havia uma chance de que ele negasse, embora fosse, sim, solitário, quase desesperadamente, na verdade. [...] Ele havia aceitado muito tempo antes que algumas pessoas, não importava o quão boas fossem ou quanto amor tivessem para dar, sempre estariam sozinhas. Era o destino delas, e aos 27 anos Linus se dera conta de que parecia ser o caso dele. [...] Era só que se sentia... mais opaco que os outros. Como se fosse embaçado, e o resto do mundo, claro como cristal. Ele não tinha sido feito para ser visto"
Sobre preconceito, essa narrativa foca bastante nisso, mostrando como o pessoal do vilarejo de Marsyas temiam as crianças apenas por serem mágicas sendo que apesar dos poderes, eram apenas crianças de alma pura e com seus próprios desejos e vontades. Mostra a crueldade daqueles que tem medo do diferente, o que eles são capazes de fazer com simples crianças apenas por não entenderem elas, como o que aconteceu com Arthur quando ele era menor. Um momento do livro que também mostra isso é o discurso de Linus Baker para o Altíssimo Escalão depois de seu tempo na ilha, em que ele pergunta se eles sequer sabem alguma coisa sobre todas as crianças, o que obviamente não sabiam já que viam eles apenas como objetos, objetos de seu trabalho; sendo que eles são bem mais do que isso, cada um tem sua essência que deveria ser mais levada em consideração nas decisões do DEDJUM. Duas frases do livro que descrevem bem esse preconceito são "Não é porque você não sente o preconceito na pele todo dia que o restante de nós não sente" e "Às vezes nossos preconceitos influenciam nossos pensamentos quando menos esperamos. Se formos capazes de reconhecer isso e aprender com isso, podemos nos tornar pessoas melhores"
É abordado também sobre o medo de sair de sua bolha, da sua zona de conforto, mas acima de tudo a necessidade de sair dela pra poder viver uma vida melhor. Sobre medo, há no livro a frase "Porque até os mais corajosos de nós às vezes sentem medo. Só não podemos deixar o medo se tornar tudo o que conhecemos" e sobre sair da bolha: "Às vezes ficamos presos em nossas pequenas bolhas. Embora o mundo seja vasto e misterioso, essas bolhas nos mantêm protegidos de tudo isso. Em nosso próprio detrimento. É fácil, porque a rotina é alto tranquilizador. Os dias se passam e são sempre iguais". Quando somos tirados disso, quando a bolha estoura, pode ser difícil compreender o que estávamos perdendo. Podemos até temer isso. Alguns de nós até tentam lutar para voltar". Também sobre sair dessa zona de conforto, tomando essa decisão tão complicado, há a frase dita por Zoe a Linus "Há momentos na vida em que é preciso arriscar. É assustador, porque a possibilidade de dar errado sempre existe. Sei disso. Sei mesmo. Porque, no passado, me arrisquei com um homem com quem já havia falhado. Eu tive medo. Morri de medo. Achei que ia perder tudo. Mas, antes, eu não estava vivendo. A vida que eu levava não era viver. Eu só estava indo em frente. E nunca vou me arrepender dos riscos que corri. Porque me levaram a eles. A todos eles. Fiz minha escolha. E você está fazendo a sua"
Fala também sobre o quanto Linus Baker se segurava nas regras e no que lhe mandavam fazer, como diz Zoe em "Por que a vida não pode funcionar como queremos? Qual é o sentido de viver só fazendo o que os outros querem?"
Dois detalhes do livro que me encantaram bastante são as músicas citadas com letras significativas no momento da história e a maneira como o escritor retoma frases já ditas mas em contextos diferentes, mudando o significado delas. Um exemplo disso é a mudança entre o significado que tinha foto do mar com a escrita "Você não gostaria de estar aqui?" para Linus antes e depois de ele passar pela experiência na ilha
Nunca tinha lido algum livro desse autor e me satisfez bastante, gostei bastante da escrita e de todos esses outros aspectos da obra que eu citei anteriormente, então talvez algum dia eu leia outro livro dele