spoiler visualizarchungkinggirl 13/05/2023
Uma palavra que descreve este livro: forçado.
Grace é uma bailarina (com o sonho de ser escritora) e Cal é um tatuador que cuida da irmãzinha de 4 anos. Os dois não tem nada em comum, mas acabam se esbarrando e iniciando uma amizade que pode virar algo mais.
Me desculpa, mas mesmo com a escrita fácil e a premissa até chamativa, essa história foi forçação atrás de forçação, por favor!
Primeiro que a Grace é uma personagem tão fraca, chora de felicidade o tempo todo e sua vida é governada por delírios contados pela cabeça dela. Cansei de ler ela dizendo: "Ah, ele poderia passar o tempo com qualquer pessoa, por que comigo?" "Ele é fofo. Peraí, FOFO? Amigos podem achar o outro fofo? Vou ter que pesquisar" "Ele só não me mandou pra casa ainda porque tá sendo legal e não sabe como me mandar embora. Tá, mensagem captada, vou embora" kkkkkkkkkkkkk gente??? Como essa menina lida com as vozes na cabeça dela eu não sei, mas que ficou forçado, ficou.
Outra: achei que as tentativas dela de sair com alguém de novo foram menos sobre a superação do trauma e mais sobre ter alguma desculpa pra correr pros braços do Cal.
Eu nem entro na questão da violência pela qual a personagem passou, o que acabou sendo um acontecimento desnecessário e que não adicionou em nada, foi só pra tentar construir o arco de cura da Grace, "florescer apesar dos tempos difíceis".
O Cal é um personagem ok, mas o exagero na construção da narrativa fez dele não um golden retriever, mas um completo bobo. As motivações dele pra não se envolver romanticamente [pra mim] foram fracas e sem sentido, sem falar que o alcoolismo da mãe serviu unicamente para criar a trope "pai solteiro".
A mãe do Cal é uma mulher apática, sem vontade e basicamente entrega a filha nos braços do Cal, tanto que depois que ela começa a reabilitação ela não é mais mencionada e a história termina sem sabermos se ela se recuperou ou não. Ou seja: os personagens secundários não tem "vida própria", simplesmente ajem de acordo com o que os personagens principais precisam que aconteça pra que se tenha o final feliz, detesto quando a autora faz isso.
O que eu não entendi, de verdade, foi a necessidade de separar esses dois nos 45 do segundo tempo quando já tava tudo bem!! eles já tinham dito eu te amo, tinham consolidado a amizade e tinham reforçado que NUNCA iriam abandonar o outro. Aí do nada o Cal acha que a Grace não vai aguentar o tanto de responsabilidades que ele vai assumir agora, sendo que eles já tinham conversado bastante sobre. Gente... pra que isso? E se essa separação foi super gratuita, as desculpas foram ainda piores. O Cal decidiu um belo dia parar de ser um covarde e deixar a Grace continuar na vida dele. Não conversaram, não planejaram, só disseram "eu te amo" um milhão de vezes... ah, tá.
Outras coisas que me tiraram do sério: a constante menção de diferença de idade entre Grace e Cal. A gente já entendeu que existem 8 anos entre vocês, precisa repetir toda página? Sem falar na comparação de tamanho entre os dois. Descrever a Grace como uma "mulher baixa", "que mal chega ao tórax do Cal" e "que possui mãos diminutas" só fez com que eu sentisse uma infantilização feita pela autora. Agora eu te pergunto: PRA QUE?
Enfim, tudo poderia ter sido melhor, sem forçação e uma escrita piegas que me fez revirar os olhos mais de uma vez. Não houve uma boa costura na história, os personagens precisavam de uma refinada (não é possível que todo mundo chore ao menor sinal de problema e resolva tudo com beijos e "eu te amo"!). Não houve uma jornada, sabe? Os personagens tentando se entender melhor, tendo epifanias e grandes descobertas ao longo do caminho, só foi uma história que me irritou bastante justamente por falta dessas coisas.
Única ressalva: os hots.