Kennia Santos | @LendoDePijamas
24/03/2024Você me faz ter vontade de correr em direção às coisas, e não delas.Aly é coordenadora em uma agência de publicidade e está cansada.
Cansada de correr atrás de coisas que parecem ficar cada vez mais distantes.
Cansada de ver sua mãe viver em uma bola de neve emocional que sempre respinga nela.
Cansada de investir em relacionamentos que não parecem dar em nada.
Cansada de tentar ajudar todo mundo, menos ela mesma.
“Não importava o que eu fizesse, o quanto me entregasse, parecia que nunca era suficiente.” (p.35)
Ainda assim, Aly faz questão de manter uma postura controlada e demonstrar força, afinal, ela nunca vai alcançar o cargo de gerente de marcas se a virem se debulhando em lágrimas por aí.
A parte mais divertida de sua vida consiste em sair com Tola e Eric, seus dois melhores amigos, os quais acompanham Aly e toda sua trajetória pessoal e profissional, e como ela está sempre desesperada por controlar tudo a sua volta e na sua vida, e nessas tentativas constantes, é usada por muita gente mau caráter - e não percebe.
“Eu já tinha sentido isso tantas e tantas vezes. Como se estivesse em uma maratona, carregando até a linha de chegada o amigo que sofreu uma torção no tornozelo. Porém, a realidade era que a pessoa tinha passado muito tempo sem treinar, não estava usando os tênis adequados e preferia ser empurrada em um carrinho de mão desde o início, para evitar o trabalho de ter que correr algum trecho.” (p.72)
Um dia, Aly encontra um ex-namorado em um restaurante e fica chocada quando o vê: o cara que, há dois anos atrás, era viciado em videogames e aos 30 e tantos anos ainda morava na garagem dos pais, hoje está noivo e se tornou um gerente de projetos de sucesso.
Ao comentar com Tola e Eric, eles percebem um padrão: todos, absolutamente todos os ex-namorados de Aly simplesmente deslancharam na vida após o envolvimento com ela, mostrando que, de uma forma ou outra, quando Aly está na história, tudo pode se tornar um projeto de sucesso.
“Talvez esteja me perguntando por que é que fui namorar uns projetos, caramba, e não pessoas. E o que isso diz a meu respeito?” (p.35)
E é daí que surge a ideia de criar a Match Perfeito: uma agência que tem como objetivo ajudar as mulheres que estão cansadas de tentar carregar tudo nas costas - maternidade, carreira profissional, casamento - e ajudá-las por meio de estratégias e cenários especificamente criados para a situação, a abrir os olhos dos parceiros e fazer com que eles enxerguem os esforços contínuos e a sobrecarga com a qual estão.
A ideia que no começo parecia genial, de repente, faz com que Aly queira fugir de tudo: acontece quando uma influencer super famosa contacta a agência para ajuda-la a fazer com que seu namorado a peça em casamento.
Até aí, tudo parece normal, todavia… Aly jamais imaginaria que o namorado da influencer é Dylan.
Dylan, seu primeiro amor.
Em “Match Perfeito”, Lauren Forsythe nos apresenta uma história totalmente inusitada e original, bem diferente de tudo que eu já li.
Confesso que, no começo, fiquei com um pé atrás, pois vi muita gente falando mal desse livro, o que acabou me desanimando para lê-lo.
Mas o livro me surpreendeu, pois eu gostei E NÃO FOI POUCO!
Aly é uma personagem muito querida. Um pouco confusa, mas querida. Me identifiquei demais com muita coisa da trajetória dela, e principalmente com a mania de controle - posso dizer que somos bem parecidas nesse quesito.
Acaba que Aly fazia de todos os seus relacionamentos um projeto, um projeto que precisava dar certo, pois na sua carreira, ela não conseguia deslanchar, então ela precisava compensar em outra parte, o que acabou sendo nos relacionamentos.
Todavia, sabemos que, um relacionamento pode sim ser um projeto desde que ambos indivíduos estejam envolvidos nele, o que não era o que acontecia, uma vez que Aly era a única a ter iniciativa, a querer mudança e evolução.
Conhecer mais do seu passado, quando Dylan entra em cena, faz com que entendamos ainda mais o posicionamento da personagem ao longo de toda narrativa, a forma como ela teve que crescer cedo demais, e como sempre se comparava com muitas coisas ao redor e acabava não percebendo o que estava bem na sua frente…
“Só é para nos assustarmos com o amor bem no começo, assim que nos jogamos em uma paixão. Depois, é para nos sentirmos em casa.” (p.342)
Não foi uma história perfeita, longe disso. Mas mesmo sendo um livro bobo de romance, me fez refletir muito sobre minha vida, minha personalidade e meus comportamentos, e em como nosso passado pode atrapalhar nosso presente e futuro se não dermos um basta nisso.
O final foi a coisa mais fofa e emocionante da vida, cheio de significado e fechando com chave de ouro uma história que, mesmo um tanto surreal (no sentido da Match Perfeito), trouxe muitos aprendizados.
Então sim, eu recomendo essa leitura. Vai de coração aberto, e não odeie a Aly. Ela é uma querida, e humana como todos nós s2
“Você me faz ter vontade de correr em direção às coisas, e não delas.” (p.362)