spoiler visualizarBrendaDominguez 09/02/2024
Uma estória que se sustenta brilhantemente na lua e nos mares
Não é surpresa que os irmaõs Diamanthis não devem em nada em termos de protagonismo, mas com Moon e Poseidon, a Cinthia se superou na brilhanteza na qual seus protagonistas são construídos.
Moon e Poseidon sustentam um livro de mais 500 páginas praticamente sozinhos e em momento algum o envolvimento deles deixa de ser instigante, muito pelo contrário, é o oposto disso. Quanto mais tempo eles passavam sozinhos, dando pequenas migalhas de seu passado para entendermos seu presente, mas curiosa eu ficava para saber como a lua e os mares se amam de forma tão tempestuosa.
No início, a maioria dos indícios apontavam que esse seria um livro sobre vingança e talvez como ela corroía por dentro aqueles que procuram por ela, mas em determinado momento, a vingança se tornou somente um pano de fundo, o que eu, particularmente, achei uma escolha sábia da Cinthia. Pois, ainda que Moon fosse movida por vingança, o desejo de manter Poseidon a salvo era tão grande quanto sua sede de vingança. Então, de forma paulatina, a vingança se tornou somente um contexto, porque o amor precisava florecer para que ambos pudessem se perdoar, se curar e se unir. Amo o fato de que o amor deles não brota, não é automático, ele foi construído, e os poucos flashbacks que eles tem do passado demonstram isso perfeitamente. O que começou com uma camiseta (ao melhor mood Michael Scott) terminou no salvamento do deus dos mares com fobia de água. E esse é um dos principais brilhantismos do livro, ele te dá tempo para se apaixonar pelo casal, ainda que nos livros anteriores eles já tenham nos balançado um pouco.
Os coadjuvantes aqui são ótimos, todos os antigos conhecidos dos livros anteriores, mas eles tem pouco "tempo de tela" e só aparecem nos últimos capítulos do livro. Isso pode incomodar alguns leitores da série, mas não foi o meu caso. Eu queria ler Moon e Poseidon, e foi isso que eu tive. O livro também acerta muito em desvendar todo o contexto que foi abordado nos livros anteriores de forma clara, não há planos mirabolantes, mas decisões lógicas que funcionaram e mais uma vez, colocaram o mundo aos pés de Hades (o que eu, particularmente, adorei). Eu simplesmente amo o cérebro desse homem e como ele faz o que precisa ser feito sem esperar a aprovação dos outros (lê-se Hefesto), independente das consequências, porque sua prioridade é manter todos a salvo.
O livro é muito claro sobre os gatilhos, onde eles estão e o que esperar, achei ótimo porque apesar de ser amante de Dark Romances, eu não tive estômago para a criatividade caótica desses dois. E um deles me pegou mais que os outros, ainda que eu já suspeitasse, ler a cena da perda do bebê maré me deixou mal, porque infelizmente, esse tipo de coisa é mais comum do que se imagina e já foi até cogitado como projeto de política pública. Não sei se a Cinthia tinha isso em mente quando escreveu o livro, mas gostei muito dessa escolha narrativa, porque é muito plausível no desenvolvimento da estória, mas também diz muito sobre os "bárbaros" que de vez em quando tentam controlar os corpos das mulheres.
Enfim, Moon e Poseidon estão ao lado de Bonnie e Hades para mim em termos de desenvolvimento como casal e também como estória. Tudo nesse livro funciona sem precisar de coisas mirabolantes, porque a realidade dos irmãos Diamanthis já é dura, sangrenta e sem limites, então se a Cinthia tivesse optado por fazer algo "maior" que isso, acho que a estória se perderia. Ele é a medida certa: 20% de vingança e 80% de romance, amor, reconstrução, perdão e cura.
Mas por algum motivo, tenho a sensação constante desde a última metade do livro, que, entre todos os Diamanthis, será o deus da guerra que arruinará meu coração.