Hadlla.H 24/03/2024
É o famoso Nem Nem
Nem enredo coerente
Nem romance
Não leia esperando bons plots ou um bom romance; leia com as expectativas de se entediar lá pela página 280 ou 300.
Foi o primeiro livro de Dark romance que realmente li, e diria que foi uma experiência repleta de frustrações. O enredo do livro (que não é lá essas coisas) poderia ser facilmente concluído em 250 a 300 páginas; ou seja, tem mais de 400 páginas de pura enrolação. O que era para ser os grandes acontecimentos do livro são totalmente previsíveis, e são acontecimentos preguiçosos que beiram o ridículo.
Os personagens são um bando de mosca morta, e essa é a única definição plausível que vem à mente. Emily, a protagonista é, entre muitas outras coisas, insuportável. Não estou exagerando ao dizer que ela só quer chorar e dar, porque pelo menos 500 páginas do livro vão ser ela querendo fazer ou fazendo uma das duas coisas. Ela não tem carisma, não é interessante, é irritante, é sonsa... Um conjunto de qualidades negativas. Drake é puramente infantil e irritante, e possui uma personalidade desagradável; não consigo descrevê-lo com outros adjetivos. A história dele é cheia de furos; ele tem uma personalidade péssima e mal construída que dá nos nervos, e o pior é que ele é c*rno, e é um c*rno manso que quer descontar sua cornisse nos outros. Os irmãos, presenças constantes na história, são percebidos como elementos que não agregam valor à trama, com uma personalidade infantil e desagradável que não cativa o leitor. Bran é um sonso irritante e Zayn é um sonso desagradável; eles parecem ter um único propósito: trepar com Emily para irritar o pai deles e iniciar um efeito cascata de t*ansas.
A ambientação, um potencial ponto forte da obra, é lamentavelmente mal aproveitada. Uma cidade fictícia tecnicamente bem construída, repleta de elementos promissores e que poderiam ser interessantes, é desperdiçada ao longo de intermináveis 700 páginas de enrolação. É frustrante testemunhar o potencial desperdiçado dessa ambientação, que poderia ter sido explorada de maneira muito mais eficaz para enriquecer o enredo, que é um misto de frustração e enrolação, e talvez, apenas talvez, cativar o leitor.
A escrita, infelizmente, não consegue redimir as deficiências estruturais da obra. Longe de ser envolvente, a narrativa se arrasta penosamente, intercalada por partes desnecessárias que apenas servem para estender desnecessariamente a trama. É um pouco maçante, mas não de uma forma como se estivesse lendo 1984 de George Orwell ou Dom Casmurro de Machado de Assis, mas é arrastado demais, de uma forma que em determinados capítulos você fica ansioso para acabar logo. Os diálogos, em particular, são mal construídos, falhando em capturar a essência das interações entre os personagens e contribuindo ainda mais para o desinteresse do leitor. E uma das coisas que eu menos entendi foi o motivo de ter adicionado de uma forma tosca e brega, trechos de "O pequeno príncipe".
Quanto ao enredo, é difícil não sentir uma crescente frustração ao longo da leitura. Com suas 744 intermináveis páginas, a história se revela como uma sucessão de eventos previsíveis e desnecessariamente complicados. As reviravoltas são totalmente previsíveis e bem longe de surpreender, e servem apenas para confirmar as suspeitas do leitor, enquanto as motivações dos personagens carecem de profundidade e coerência. Em resumo, é um enredo vazio, desprovido de elementos essenciais e bem provido de coisas desnecessárias e irritantes.
A lógica da obra é outro aspecto que deixa muito a desejar. A presença de falhas na trama é tão evidente que chega a comprometer a credibilidade do universo ficcional criado pela autora. Desde personagens surgindo do nada, se materializando através do c* da mãe Joana, até elementos da história mal explicados, é difícil ignorar os problemas de coesão que minam a experiência de leitura como um todo.
E então chegamos ao desfecho, um final que parece ignorar completamente tudo o que veio antes. O decorrer do livro já não é dos melhores, mas o final conseguiu ultrapassar todos os limites da mediocridade. Em vez de amarrar as pontas soltas e oferecer uma conclusão satisfatória, o desfecho da obra é uma fonte adicional de frustração. A falta de coesão, aliada a um romance mal desenvolvido, deixa uma sensação de insatisfação ainda maior. Foi algo como: "Ah, não sei o que, tal tal, tive uma filhinha, estou feliz." O final ignorou tudo o que foi mal construído ao longo da história, ignorou o drama que não era dos melhores, porque a história tem elementos sombrios mas não tem romance, e o romance que tem é construído, na minha visão, de forma extremamente preguiçosa.