Resenhas - Na Colônia Penal

Tati 20/12/2022

Kafkiano
A obra é de grande profundidade, abordando não apenas a insanidade jurídica desse procedimento como também a espetacularização e aprovação pública dessas execuções. Provocando sérias reflexões quanto à barbárie e violência presentes também no mundo contemporâneo, a obra é de grande interesse para todos.
A narrativa aborda um explorador, estrangeiro, que chega em uma colônia penal para observar as práticas e hábitos de lá. Dentre as questões observadas, o explorador se depara com um sistema penal radicalíssimo: uma vez que alguém de "confiança" apontasse que um sujeito cometeu um crime, essa pessoa imediatamente era punida, sem chance de defesa, com a pena capital. Contudo, essa pena não se aplicava com uma execução simples: um antigo comandante criara uma máquina que "desenhava" no corpo do punido, dolorosamente, por horas, alguma frase correspondente a seu crime (por exemplo, caso o sujeito fosse acusado de desrespeito, a frase "Respeita teus superiores!" seria inscrita em seu corpo), até que o punido morresse. Na época do antigo comandante, essa execução era pública, e atraía toda a população da colônia, num evento festivo. Agora, quando o explorador entra em contato esse sistema (através de um oficial que aplica a execução e defende o sistema), há um novo comandante, que põe em risco a existência desse sistema penal.

Dayane 28/02/2021

"Eu sei porque estou te punindo, você não precisa saber"
Um aparelho peculiar executa uma pena lenta e dolorosa em condenados que não sabem sua infração nem a sentença. Essa é a justiça idealizada ? e adorada ? por um comandante em uma longínqua colônia penal. Ao visitar o lugar, um viajante estrangeiro fica impressionado com o método. Enquanto assiste à máquina em atuação, se pergunta se poderia intervir na execução da lei naquela terra.

Gabi Florence 22/02/2021

Impactante!
"No fim das contas, ele precisou se lembrar de que ali era uma colônia penal, de que ali medidas especiais eram necessárias e era preciso proceder de modo militar até às últimas consequências."
????
A narrativa se passa em uma ilha nos Trópicos, em que foi instalada uma colônia penal, temos poucos personagens e a história é curta, mas não deixa de ser muito chocante, me impressionei ao entender do que se tratava a máquina utilizada para punir as pessoas que cometiam alguma falta dentro desse sistema.
No livro, temos a presença de um viajante que visita a ilha, a convite do novo administrador do local, para entender como funciona a máquina ali desenvolvida e utilizada, temos também o responsável por aplicar a pena aqueles que transgridem alguma regra, além dos dois que muito conversam e debatem ao longo do livro, temos a presença de um soldado e do homem condenado.
É surpreendente como se desenvolvem as condenações, a pessoa não sabe o motivo pelo qual está sendo condenada, não possui direito de se defender e não sabe sua punição até ela ser aplicada.
Os detalhes sobre a execução da tal máquina são horríveis, inclusive precisei parar a leitura para respirar e refletir sobre o que estava ocorrendo ali.
Em relação ao que exatamente acontecia, prefiro não falar, e não conseguiria expressar aqui todos os sentimentos que Kafka me dispertou nessa curta história.
A edição que li, da Antofágica, é linda e conta com textos de apoio que auxiliam a leitura.

Instagram: nossasleituras_

@acumuladoradelivros 03/07/2021

Talvez não tenha sido das melhores ideias ler dois Kafka um atrás do outro? Provavelmente não, ainda mais que eu tava num momento há um bom tempo sem ler kkkkk Definitivamente esse vai ser outro que vou precisar ler outras vezes pra conseguir elaborar um pensamento decente sobre.

Henggo 13/06/2023

O fundo do fosso da ignorância
Um daqueles contos do século passado que ainda ressoam hoje em dia. Ainda mais quando olhamos para a nossa realidade brasileira, vemos o quanto "Na Colônia Penal" aborda nossa sociedade. Em um país imerso em conservadorismo, com noções equivocadas de religião e de moral, o que é apresentado aqui é um espelho do que muitas pessoas pensam: a noção de que, se a pessoa, o outro, é condenada, tudo bem sofrer torturas e punições que virem um espetáculo de sangue e barbárie. E, afinal, não é isso que nossos presídios são? Sangue e barbárie? A cegueira social, a fome de fazer justiça com as próprias mãos, a incapacidade de ver o outro como um igual, a construção de muros de segregação entre que é "cidadão de bem" de quem não é, tudo isso nos joga para dentro dessa história. Em um país com cada vez mais "oficiais" cheios de moral e de conservadorismos, estamos todos fadados ao fundo do fosso da ignorância.

thiagocarrera 20/03/2023

Para pensar.
Esse é um livro que me fez refletir em tanta coisa.. é difícil decifrar de plano a intenção do autor.

A grande admiração do oficial pela máquina, o saudosismo por seu criador, a condenação sem processo e sem defesa, a falta de conhecimento de qual crime foi cometido.. é um cenário que encaixa em tanta coisa que é possível criticar, como obediência cega, autoritarismo e admiração pelo poder de definir destinos por exemplo. É um livro que fala conosco sobre muita coisa de forma indireta.

Muito curto, mas muito bom.

Thamires de Fátima 01/06/2020

Honre seus superiores!
Edição primorosa da Antofágica, excelentes textos complementares que permitem uma visão mais completa da obra. Sobre Na colônia penal propriamente, a história, como bem descrita pelo texto de apresentação, é sufocante, o absurdo nos choca, pertuba, atemoriza, angustia, mas acima de tudo, faz refletir. Não tenho palavras para agradecer a Max Brod por não ter atendido o último desejo de Kafka de que sua obra fosse destruída

Oliver9 12/03/2023

Gostei
Achei a leitura um pouco intensa, é um ótimo livro mas claramente não foi um dos melhores que já li esse ano.

Ney Santos 26/10/2022

A leitura é tensa e angustiante, mas sobretudo, é uma leitura que nos faz refletir sobre a banalização do mal, a arbitrariedade do poder, a importância da democracia e dos direitos da pessoa humana, a importância de um processo penal sério e bem fundamentado para que ninguém, por si só, tenha o poder de decidir sobre a vida de alguém.

Escrita em 1914, Na Colônia Penal relata a visita de um ilustre viajante a uma colônia localizada numa ilha não identificada, onde ele presencia a execução de um soldado acusado de insubordinação a convite do comandante do lugar.

Matheus.Morganti 23/03/2023

Maneirinho
É bem curtinho, eu não sabia que era tão pequeno. Acho que acaba faltando uma conclusão, parecendo que o livro veio com página faltando.

Nazrat 22/11/2020

Um livro peculiar
Sigo com minha admiração por Kafka, principalmente com os absurdos em sua obra - que impressiona com os infelizes paralelos em nossa realidade. Assim como outros dos seus escritos, é algo para revisitar de tempos em tempos e buscar mais camadas.

E o destaque para esta edição linda da Antofágica, acabamento primoroso, com artes do Mutarelli, além de prefácio e posfácios que acrescentam muito na experiência e contextualização da obra.

kunstsara 09/07/2020

"Ele não conhece a própria sentença?"
Na Colônia Penal - assim como cada obra de Kafka - segue sombriamente atemporal.

Ana 24/03/2022

Demorei a ler esse livro, mas fico muito feliz por finalmente ter feito esta leitura, a qual esperava fazer há tempos. Na colônia Penal é um emblemático livro do querido Kafka, que nos fala de abuso de poder, tortura, e sobre a instituição da pena de morte, seus limites, etc.
Nesta obra escrita em 1919, temos um explorador, que ao visitar uma colônia, é apresentado ao brutal sistema de punição dos condenados, contando com um estranho maquinário que pelo que entendi ''escreve'' no corpo da vítima com agulhas que depois de algumas horas de tortura, levam-na a óbito. Isso não é a pior parte: algumas vezes os condenados nem sabem que estão condenados e que serão executados e só tomam conhecimento disso já perto do instrumento de tortura. O viajante que parece ser um homem de bom senso, acha tudo aquilo horroroso e deixa claro sua opinião, que claramente diverge com a opinião do personagem conhecido apenas como Oficial, que exalta a máquina de tortura como quem exalta um deus. Quando o viajante diz ao Oficial que não acha justo o sistema, o mesmo sorri como quem sorri ao ouvir a tolice de uma criança e diz: ''então, não se convenceu''. Em suma, esse é um livro maravilhoso do Kafka, embora seja uma leitura que deixe um pouco de desespero no leitor. Kafka precisava de um abraço, pois suas obras são claustrofóbicas com atmosfera de pesadelo e ao mesmo tempo, são muito reais e atuais. Mas leiam!

Hugo 27/12/2021

Puro suco do Kafka
Muito bom livro! Uma narrativa curta mas bem impactante, com muitos traços de crueldade. Em vários pontos conseguimos sentir o ambiente de horror dos condenados, que é muito bem desenvolvido, além de ficarmos perplexos com a relação do general com a máquina. Cada vez que leio um Kafka eu entendo ainda mais o que é uma situação "kafkiana".

Também é muito legal ler esse conto tendo em mente que por trás da narrativa ainda tem uma bela crítica social de Kafka nas entrelinhas, um bom recorte de seu tempo. Além disso, dá para se questionar: Será que as coisas mudaram tanto assim nos dias atuais?

Recomendo bastante, mas já aviso que precisa ter estômago!