Marjory.Vargas 22/02/2021"Noite de vento, noite dos mortos."
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? O livro possui vários diálogos bem machistas (o que retrata bem a época) e gatilho pra estupro ?
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O continente é o primeiro volume da saga O tempo e o vento, que perpassa cerca de 150 anos da história do Rio Grande do Sul (e do Brasil). Um romance histórico cheio de personagens para amar e odiar. Numa narrativa não linear, vamos acompanhando a formação da família Terá Cambará desde a colonização dos indígenas lá em 1750 até a derrocada de Getúlio Vargas.
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O continente I começa em 1895, durante a Revolução Federalista, quando a família Terra Cambará está sitiada n'O Sobrado.
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Assim, intercalando entre esse "presente" e o passado, o autor nos apresenta as origens da família, com muita informação sobre a formação no estado do Rio Grande do Sul (na época, conhecido por Rio Grande de São Pedro).
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Primeiro, conhecemos Pedro Missioneiro, filho de uma índia com um bandeirante, que foi criado em uma das missões jesuíticas, e que mais tarde teve um filho com Ana Terra. Aliás, tenho nem palavras para descrever essa mulher. Minha personagem preferida desse primeiro livro, uma verdadeira representação da figura feminina no Rio Grande no Sul no final do século XVIII.
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Os acontecimentos narrados em "Um certo capitão Rodrigo" - maior parte do livro - se passam na época da Revolução Farroupilha. Nele, temos a história de Bibiana Terra, neta de Ana Terra, e Rodrigo Cambará, um sujeito que está de passagem mas acaba fincando raízes na vila de Santa Fé.
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A mistura entre ficção e realidade é fantástica. Verissimo fez um trabalho incrível nos contando a história do nosso Estado e como todas essas guerras tiveram impactos e provocaram mudanças na família Terra Cambará, representando as inúmeras famílias que realmente passaram por essas situações.
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É impossível não admirar Ana Terra ou não querer ser amiga de Bibiana Terra ou não amar (e odiar) o Capitão Rodrigo Cambará...