Morgana Brunner 09/10/2017
O Continente - Erico Verissimo
Oiii gente, tudo bem?
Hoje trago a resenha de um dos livros que estava na minha lista dos livros não lidos da minha estante. Esse no qual trago aqui li ele a uns 2 anos atrás e com o tempo fui sentindo saudades de cada personagem, pois mexem comigo de uma maneira incrível.
Não resisti e tive que ler novamente, ainda mais que é uma obra do Erico Verissimo, tenho uma paixão pela sua escrita e possuo uma quantidade notável de livros de sua autoria na minha estante.
O Continente foi um livro que comprei na obrigação, vamos se dizer, estava terminando meu ensino médio e minha professora pediu que fizéssemos um seminário da obra. Tive que correr e comprar, porque as edições da biblioteca tinham terminado e aqui onde eu moro a obra custava R$50,00 um valor bem caro, porém era novo. Com isso, fui ao sebo da cidade ao lado e encontrei-o por R$15,00 praticamente novo, nas fotos abaixo vocês verão como está a edição. Fiquei bem feliz com isso e desde então se tornou um dos meus favoritos.
Todos naquele sobrado estavam com medo do que aconteceu e o que iria acontecer diante dos fatos que estavam a sua frente, nem sempre tudo fora do jeito que queriam. A guerra havia chegado e trazendo uma tremenda revolução entre as pessoas. Eram sobrenomes renomados que estavam fazendo parte disso, e quem se negasse sofreria o que menos se esperava.
Licurgo era um homem sério, podemos dizer até mesmo sem tal sentimentalismo. Afinal, naquela época a guerra era o que homem queria, não se importaria de perder a mulher. O que não podia mesmo era perder a guerra, a revolução, a luta. Queria ver sangue e participar, mesmo que isso lhe custasse tudo que tinha de valor. Homem que perdia a terra na guerra não tinha respeito nenhum.
"O essencial é não esquecer nunca a existência do inferno, para melhor sentir as delícias do céu." Pág. 51
Onde a fome começara a tomar conta de cada um, era perigoso sair para buscar água no posso e ser bombardeado e morrer fuzilado, pois a cada canto havia alguém a cuidar do sobrado. Estavam a espreita, um passo em falso era morte na certa. Com isso, o sofrimento, a fome, a sede foram aumentando bruscamente, mas ninguém tinha coragem a se atrever a sair, e quem saísse sabia o seu fim.
A cada nova decisão de Licurgo o pessoal ficava preocupado com o que podia acontecer, aliás, todos estavam a perigo do tiroteio atravessar as madeiras simples e fracas do sobrado. Todos corriam risco de vida: Maria Valéria, Alice, Licurgo, as crianças e principalmente Dona Bibiana.
"Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando." Pág. 102
O livro é dividido em algumas partes: Sobrado, Ana Terra e Um Certo Capitão Rodrigo. Então como de costume irei falar um pouco de cada um para que entendam e quem sabe isso desperte o interesse de cada um.
Ana Terra
Vamos continuar e falar agora sobre a parte da Ana Terra, que pode ser lido como livro independente.
Ana Terra era uma menina de aço, crescera em um lugar distante da cidade, escondida da população, principalmente de homens. Seu pai Maneco Terra, não queria de jeito nenhum que filha ficasse mal falada na cidade grande, Rio Pardo. Além disso, o homem odiava tudo que podia lhe trazer alegria naquele lugar, músicas principalmente.
Henriqueta mãe de Ana Terra tinha um coração abençoado, puro e de bom agrado. Não entendia como o marido podia ser assim, então costumava aguentar as coisas quieta, mesmo com lágrimas nos olhos a escorrer pela face cansada continuava a obedecer às ordens.
"Chamava-se Ana Terra. Tinha herdado do pai o gênio de mula." Pág. 162
Além disso, Ana tinha outros irmãos cada qual obedeciam seu pai também, então a menina não tinha para onde fugir. Se contentava com o simples cantarolar das suas cantigas enquanto lavava as roupas da família e podia se banhar sempre que quisesse no rio, isso pelo menos a alegrava.
Com o tempo passando, a vida rotineira era seguida, Ana continuava com a tristeza em seu peito na esperança que isso um dia mudaria...mas, uma coisa grave e inesperada aconteceu, quem sabe seria o destino armando pra lhe trazer felicidade ou simplesmente para lhe piorar a vida.
"Noite de vento, noite dos mortos..." Pág. 189
Um homem foi encontrado e situações estranhas começam a acontecer naquele lugar silencioso. Ana começara a sentir o verdadeiro significado de querer conhecer a novidade, e principalmente descobrir o que este homem também escondida que a deixava perturbava de uma maneira estranha e gostosa de se sentir.
Tudo mudara desde a entrada desse estranho chamado Pedro. Ana Terra, não se continha e queria o afastamento e descobrir o que porque sentia tais emoções. Todos naquela casa estavam desconfiados do pobre rapaz, que até então não fizera nada para prejudicar.
Um Certo Capitão Rodrigo
Rodrigo Cambará era um homem alegre, esbanjador dos lugares que entrava e até sincero demais. Gostava de uma guerra, queria suar e morrer nisso, sua vida inteira passou a correr atrás de guerras. Muitas vezes se apaixonava por alguns mulheres das regiões que frequentava, as colocava em sua garupa no cavalo e continuava a seguir sua rotina, na maioria das vezes as largava no meio do caminho, por ter enjoado.
O homem resolvera se meter lá pelos lados de Santa Fé, uma cidade pequena e cansada de tanta guerra, queriam paz e que todos se dessem bem. Aliás todas as moças eram de família direita, nasceram para casar.
"Quem anda cego de amor não sabe se é noite ou se é dia." Pág. 262
Mas, não sossegava de nenhuma maneira, chegou fazendo um escândalo e então começaram a olhar para ele com outros olhos, sabiam que ia dar encrenca e o povo não ia aceitar alguém desordeiro dessa maneira. Juvenal fora o único que se metera a falar com Rodrigo, e até que então se deram bem.
Rodrigo de certo modo gostara de todas as mulheres que vi, queria tê-las e usá-las até então enjoar e trocar. Mas, algo inesperado aconteceu e lhe fizera mudar de opinião desde que vi aquela moça chamada: Bibiana.
"A guerra também é uma loucura. Tudo é uma loucura. Mas eu fico." Pág. 354
Essa sim tinha um jeito duro de se lidar, nenhum homem conseguia conquistar seu coração, era muito bonita e possuía alguns pretendentes, mas nenhum homem a conquistaria, todos eram iguais. Bibiana era mulher de amar apenas uma vez na vida, e este homem estava demorando para aparecer.
O capitão quando viu a menina se sentiu encantado e começou a imaginar como seria todas as ocasiões que poderiam realizar juntos, só tivera a sorte de ver seu tornozelo e desde então se apaixonou.
A maioria dos habitantes de Santa Fé não gostavam do homem, queriam que ele fosse embora, custe o que custasse. Mas, nem tudo era assim. Rodrigo queria sossego, mas ao mesmo tempo queria guerra, como sempre dizia, não morrerei numa cama, homem que é homem morre na guerra. Era isso seu sonho, não nascera para ser homem quieto de ficar em casa.
Com o tempo, novos momentos voltaram acontecer entre ele e Bibiana. Situações graves estavam previstas, novas guerras, novas mortes. Era isso que lhe faltava, mas em muitos momentos seu coração negava isso, apenas queria descansar no colo de Bibiana e ali criar sua família.
Bom gente, é um livro maravilhoso de se realizar a leitura, quem sabe eu não tenha me expressado ou dito palavras muito certas, pois qualquer coisa dita poderia entregar de fato a história.
O Continente é a abertura de uma trilogia que relata sobre as guerras, entre castelhanos e povos, é o momento de saber como sofriam tanto. A obra é tida com a continuação de O retrato e O Arquipelago. Percorrendo então um século e meio do Brasil, contando todos os detalhes e tristeza que enfrentavam. É nessa obra que encontramos a formação da família Terra Cambará.
É uma história que trata e relata sobre a fundação do povoado de Santa Fé, em 1985. Trazendo com isso personagens que nos fascinam e nos encantam.
A escrita de Erico Verissimo é incrível, fácil e compreensível. Porém, o autor é bastante detalhista, então para ler tem que ter bastante atenção, pois qualquer parte perdida, mudara completamente o entendimento da obra.
site: http://segredosliterarios-oficial.blogspot.com.br/2017/10/o-continente-erico-verissimo.html