Vitória 29/01/2022
Mais um cristal do Ken Follett
Esse é o terceiro livro do Ken Follett que leio. E, agora, já posso dizer que não espero mais decepções literárias da parte desse homem, porque foi um livro melhor do que o outro. Os três (pilares da terra, mundo sem fim, e agora esse) me passaram sentimentos muito semelhantes, fazendo com que eles se tornassem uma espécie de "confort books" pra mim.
Os personagens do Ken, como sempre, são extremamente bem construídos. Acho incrível como ele sabe exatamente em qual momento focar em cada um deles, e alternar os pontos de vista de uma forma que a história não fique cansativa em momento algum, mesmo o livro tendo 900 e tantas páginas. Os romances, mais uma vez, são um espetáculo à parte. Walter e Maud ganharam meu coração de cara e, mesmo os casais que não tiveram tanto destaque, conseguiram me encantar.
Aqui, pela primeira vez, notei algumas diferenças nos personagens em relação aos outros livros que li do Ken. Depois de ter lido três livros dele, deu pra perceber que ele tem uma espécie de "fórmula" (e não estou dizendo isso no sentido negativo, porque, mesmo que ele tenha fórmula, eu continuo amando esses livros), no sentido de conseguir perceber que tal personagem desse livro meio que tem o mesmo papel de tal personagem em outro livro (percebi muito isso em relação à Maud e à Caris, de mundo sem fim). Mas, como já disse, senti falta do personagem completamente odioso que eu rezava a cada página pra que morresse de forma bem dolorosa nesse livro. Tudo bem que alguns personagens aqui tomam decisões péssimas, e eu queria das bofetada na cara de vários deles, mas nenhum despertou apenas o meu ódio. Isso ajudou pra que os personagens se tornassem ainda mais reais pra mim. Afinal, quem não faz umas merdas de vez em quando, não é mesmo?
O plano de fundo histórico é muito bem explorado. Cheguei a pensar que o autor ia deixar o lado político da guerra um pouco de lado, mas estava errada. Ele explora tudo, e nos mínimos detalhes. E, por incrível que pareça, isso não se torna cansativo em momento algum. O Ken sabe explicar política como ninguém. Mesmo tendo estudado a primeira guerra há, pelo menos, uns 6 anos, ele conseguiu deixar tudo muito claro pra mim. Mesmo com a parte ficcional, foi uma aula e tanto de história.
O único ponto que posso destacar como negativo aqui é o final. Não sei se é pelo fato desse ser o primeiro livro de uma trilogia, mas achei o final um tanto quanto aberto. Nos outros livros que li dele, o final era extremamente bem amarradinho, mostrando como todos os personagens tinham ficado. Aqui isso até que aconteceu, mas só em parte, alguns personagens (como o Grigori) foram deixados de lado, não sei se pelo fato de serem explorados nos próximos volumes. O que me deixou com um pé atrás foi o fato do segundo volume se passar durante a segunda guerra mundial, ou seja, uns bons anos na frente desse aqui. Ainda não li sequer a sinopse do segundo livro, então não sei se devo esperar o retorno de alguns dos personagens, ou quem sabe dos filhos deles. De qualquer forma, é um livro incrível.