Evy 04/05/2022Uma viagem maravilhosa!"
Eu também não entendi o que aconteceu, mas uma coisa que aprendi é que você não tem que entender as coisas para elas existirem".
Antes de ser publicado pela primeira vez em 1962, o livro infanto-juvenil Uma Dobra no Tempo foi rejeitado mais de 30 vezes pelas editoras e Madeleine L'Engle, uma escritora muito à frente de seu tempo, quase desistiu de ser escritora. Ainda bem que não o fez. Após a publicação, o livro encantou os leitores e críticos e recebeu 4 prêmios importantes: Medalha Newbery, Prêmio Sequoyah Book, Prêmio Lewis Carroll Shelf e 2º lugar no Prêmio Hans Christian Andersen.
Essa adaptação para os quadrinhos, reimaginada e ricamente ilustrada por Hope Larson, traz a história de Madeleine numa edição lindíssima da Darkside (novidade!) e nos mostra o porquê de suas histórias terem atravessado o tempo e as gerações e ser até hoje considerada um clássico! Uma Dobra no tempo conta a história de uma família diferente: um casal de cientistas e seus filhos peculiares e com inteligência acima da média e aborda temas importantes como o bullying e o ódio semeado pelas diferenças.
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Somos felizes porque somos todos iguais. Diferenças geram problemas. Você sabe disso, não sabe, cara irmã?""
O pai cientista, o físico Dr. Murry, está desaparecido há 2 anos em uma missão no espaço e numa noite de tempestade, a família recebe a visita super esquisita da Sra. Quequeé. Charles, o filho mais novo e "peculiar", parece conhecê-la e convence a irmã Meg e seu mais novo amigo, Calvin a visitá-la em sua casa, onde conhecem também a Sra. Quem e a Sra. Qual. Juntos, eles partirão para uma jornada em busca de qualquer indício do paradeiro do pai, mas acabam mesmo é descobrindo algo maior: o universo está sendo atacado por uma força perigosa que suga a luz dos planetas e das estrelas, chamada Escuridão.
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Terrivel. É terrível. Ver aquilo faz eu me sentir como se nunca mais fosse ser feliz".
De forma sutil e muito bem trabalhada, a autora nos leva para um mundo de fantasia mas cheio de reflexões sobre o ser humano. E foi nisso que o livro me ganhou. É sim, uma história bem diferente, cheia de viagens, mas entre uma loucura e outra (que eu nem gosto de classificar dessa forma, afinal as histórias trazem essa abertura e é a gente, muito ligado ao que é normal e real que reluta em mergulhar no desconhecido e vivenciar novas experiências que podem até parecer malucas, mas sempre tem algo a nos ensinar), há sempre uma reflexão importante.
Inclusive, em um determinado ponto, a autora nos mostra um mundo onde todas as pessoas são iguais e deixa uma mensagem essencial sobre a importância de ser único. A autora é simplesmente genial na narrativa, traz uma história cheia de camadas e nuances e apesar de ser classificada como infanto-juvenil, é para todas as idades e pode trazer interpretações e percepções diferentes dependendo do momento de leitura.
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Eu não entendi o que ela disse, mas acho que era pra eu não me odiar por ser apenas eu, nem por ser do jeito que sou".
A graphic novel além de belíssima, traz uma experiência de leitura ainda mais fantástica com as ilustrações compondo as descrições e diálogos do texto. Uma história que deveria estar próxima de todas as crianças e adolescentes tanto para incentivar a leitura, como para sentirem-se acolhidos em contato com temas tão atuais e cotidianos. E também dos adultos para trazer reflexões importantes, além do encantamento que a rotina do dia a dia muitas vezes tira dos nossos olhares.
Me apaixonei pela história e pela autora. Super recomendo a leitura!!