Primavera em Tchernóbil

Primavera em Tchernóbil Emmanuel Lepage




Resenhas - Primavera em Tchernóbil


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Paulo 25/06/2023

O acidente da usina nuclear em Chernobyl (vou usar essa escrita porque estou mais acostumado com ela... sei que a HQ usa outra) foi um dos acontecimentos mais marcantes do século XX. Foi um dos vários motivos que levaram ao fim da URSS. A usina construída para ser a mais segura do mundo, produzir uma energia limpa e capaz de mostrar o poder dos soviéticos para o resto do mundo. A mesma usina onde aconteceu um acidente que ceifou vidas no ato do acidente e mais não sei quantas outras depois por exposição à radiação. O local mais próximo à usina se tornou perigoso e as pessoas precisam usar aparelhos de medição diariamente e viver com medo de tudo. Essa é a visão que nós temos do local. Emmanuel Lepage segue até lá com o objetivo de mostrar essa dura realidade, do homem que destruiu o meio ambiente em um cenário pós-apocalíptico. Mas o que ele encontra lá é vida, é natureza, são sorrisos e pessoas vivendo cada dia de uma vez. Em um registro incrível, repleto de cores e formas, Lepage traz para o leitor uma visão única sobre um local que sofreu um dos mais trágicos acidentes causados pelo homem da história.

Se você gosta de quadrinhos ou de arte, compre Primavera em Tchernóbil para ontem. A arte do Lepage é algo de outro mundo. E aqui vale um aviso: Lepage estava passando por um momento difícil na época da produção da HQ porque ele estava com problemas graves nas mãos, o que impedia que ele trabalhasse por muito tempo. Sem mencionar as restrições impostas em Chernobyl aos objetos que eles poderiam portar, o que o limitou a usar carvão, lápis e giz de cera colorida. A gente consegue falar sobre dois ângulos diferentes da arte do Lepage: a que é mais voltada para o preto e branco e as artes coloridas. A que predomina é o preto e branco e ele usa para registrar uma espécie de diário de viagem com os acontecimentos. A maneira como ele emprega perspectiva nas cenas é incrível. Os quadros parecem ganhar vida e movimento para o leitor. Não raros são as splash pages que ele produz com cenas como as das rodovias que eles percorrem ou do cenário circundante. Algumas das cenas reproduzem um ambiente intimidador, parecendo que a morte se revela por toda a parte. Tem um quadro que mostra o esqueleto da usina de Chernobyl com a estrutura que tampa o vazamento que me deixou arrepiado. Ali estava a usina cuja radiação matou milhares de pessoas, e Lepage a representou bem como uma espécie de espectro assustador de uma era passada.

Lepage surpreende também em alguns momentos ao inverter o preto e branco na cena. Como se fosse uma chapa de raios X em que o preto predomina sobre o branco. Os espaços vazios que normalmente são representados pelo branco tem uma inversão com o preto. Também preciso destacar o emprego do cinza que fornece uma terceira cor, mesmo sendo um matiz entre o branco e o preto. Através do cinza, Lepage consegue variar mais nos tons e retículas que ele pode apresentar. Pensem que a HQ é enorme, o que dá um belo destaque para os quadros. Por mais que a quadrinização seja até comum, seguindo quase um modelo franco-belga de apresentação, são as cenas e as cores que chamam a atenção. Nosso foco vai ficar preso em o que Lepage vai trazer para nós na próxima página. Mesmo cenas comuns como um simples jantar, ganham outra perspectiva quando Lepage entrega um sombreamento ou um close no rosto de um personagem. Antes de passar para falar do colorido, preciso mencionar o excelente uso do carvão. Ele fornece um tom melancólico a algumas das páginas. Contudo, a maneira como o carvão preenche a página, sem uma forma definida, funcionando quase como uma névoa para os nossos sentidos, é arrebatadora para o leitor. É como se essas cenas, em específico, nos puxassem de volta para a página.


Só que tem também as cores. E que cores! Elas só começam a aparecer mais pela metade da HQ e elas são a relação de Lepage com o ambiente que o cerca. Ele só começa a usar cores porque sua arte o puxa para representar isso. E até dá para conectar com a história já que ele foi contratado para representar essa Chernobyl devastada, com as pessoas vivendo em situações difíceis. Lepage coloca ironicamente que esperava encontrar um animal de três cabeças e o que ele encontra é vida que encontrou outras formas de existir. Portanto, para Lepage não era mais possível fazer um livro de ilustrações com cenas saídas de um filme de horror. As árvores, os animais, os locais abandonados e retomados pela natureza, as pessoas tocando suas vidas... tudo isso precisava ser representado em cores mais vivas. E elas saltam dos quadros. Se o leitor espera representações cinzentas de um lugar como Chernobyl, ver um verde ou um laranja ou um amarelo claros como o sol é algo até irônico. Tem uma cena de uma região alagada próxima à zona de controle que parece saída de algum filme de ficção científica, mas mesmo assim esbanja aquela sensação de calma e paz.

Não tenho muito o que falar do roteiro porque isso é um diário de viagem. Mas, posso falar de alguns dos temas que mais me tocaram. E um deles é a vontade e o coração de um artista. Lepage foi contratado para ajudar uma ONG a expor ao mundo os problemas do abuso da energia nuclear, principalmente para um país como a França que emprega esse tipo de energia. Só que Lepage não consegue produzir o tipo de material que ele foi contratado para produzir. Se torna um dilema principalmente porque ele teve sua carreira prejudicada por causa dos problemas que atacaram as suas mãos. O dinheiro desse trabalho, que ele precisou esperar algum tempo até conseguir ir até lá, pode fazer falta. É por isso que essa HQ é tão especial: Lepage preferiu sacrificar um ganho certo para desenhar artes que dissessem algo a ele, que dessem luz a uma verdade escondida naquele mundo tão estranho, mas repleto de vida. O que encanta na arte dele é como elas são honestas e verdadeiras. Ok, pode ser que não era isso o que um leitor esperaria ver sobre uma obra a respeito de Chernobyl. Mas, Primavera em Tchernóbil consegue trazer outra faceta desse lugar.

Lepage nos traz também boas informações sociológicas sobre Chernobyl. Como as pessoas precisaram mudar o seu estilo de vida e o quanto elas se tornaram dependentes de um governo que não olha lá com muita atenção para lá. Para quem assistiu a série da HBO sobre os acontecimentos que levaram ao acidente, vai se lembrar das cenas que se passaram em Pripiat, a cidade-modelo construída para ser a glória do socialismo. E ver como a cidade agora são só escombros é impactante. E aí entramos em aspectos mais específicos, como o grupo em que Lepage estava precisava ser aceito pela comunidade onde ele estava, então eles foram obrigados a deixar um pouco da cautela de lado. A ida sem máscara a uma zona de exclusão que é quase como um ritual de aceitação ou de crescimento entre eles. Ou o receio do que se pode comer ou não dentro daquele espaço. Eles estavam em um lugar que se algo caísse no chão em uma área de exclusão, esse objeto estava perdido para sempre. Pegar o objeto seria se expor à radioatividade. O momento quando eles finalmente conseguem se encaixar dentro daquele lugar é incrível. As cenas de conversas, piqueniques, brincadeiras, são de uma beleza singela que toca qualquer leitor.


Essa é uma HQ que vai fazer você refletir sobre motivos bem diferentes do que você imagina em um primeiro momento sobre uma pessoas que visita um local como Chernobyl. Vamos nos pegar pensando sobre qual é o papel social da arte e como um artista precisa seguir os seus instintos. E que nem sempre a criatividade artística vai te entregar aquilo que você espera. E não há o menor problema nisso. Arte é para ser surpreendente, explosiva, conflitante. Tenho certeza que se Lepage tivesse produzido o material que a ONG lhe pediu não estaríamos aqui hoje falando sobre o quanto essa HQ é bela, fascinante e disruptiva. Seria apenas mais um trabalho feito a toque de caixa atendendo a uma demanda. No entanto, o resultado final saiu como uma viagem a um lugar complicado de se entender, mas que em seus cantos escondidos nos revela como a natureza consegue sobreviver e transcender, mesmo quando o homem realiza atos de agressão contra ela. Pensamos também em o quanto a vida precisa ser celebrada mesmo no mais inóspito dos lugares. Primavera em Tchernobil é daquelas HQs que vou guardar no coração.


site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Fabio Eloi 22/09/2023

Reler a deixou ainda melhor!
Com certeza a HQ "Primavera em Tchernóbil" faz parte da categoria de obras necessárias... E agora entrou na minha categoria pessoal das que a releitura é ainda mais impactante que a primeira leitura!

Faz um tempo que estou evitando reler HQs e livros, afinal, tenho uma fila considerável de obras aguardando sua primeira leitura... Mas me bateu uma vontade gigante de ver novamente as artes do francês Emmanuel Lepage, então resolvi reler "degustando" cada página, sua arte e seu texto. Para minha surpresa essa experiência se mostrou bem diferente da primeira leitura, ativando outros sentimentos e sensações, acredito que ainda mais profundas!

Li a primeira vez esta obra no começo de 2021, fiquei muito impressionado com a construção narrativa de Lepage, tanto no seu texto quanto nas suas artes. Apesar de bem impactante na época e de ter ficado algum tempo com esta HQ na cabeça, senti que esta releitura me provocou sentimentos muito mais viscerais... O que me fez pensar a respeito e acredito que tenho a(s) resposta(s).

Criei uma identificação maior com o personagem principal da HQ, que é o próprio Emmanuel Lepage, devido a me sentir agora em um momento diferente da vida. Assim como acredito que alguns sentimentos narrados por Lepage são sensações mais familiares a mim, e acredito que a maioria das pessoas também, olhando com um maior distanciamento os medos e angústias do auge da pandemia. Soma-se a isso o fato de que no início de 2022 a Ucrânia (onde ocorreu o fatídico desastre nuclear de Tchernóbil em 1986) foi invadida pela Rússia, o que acaba deixando certos nomes e locais descritos na HQ mais próximos agora do que em 2021 na minha primeira leitura. De certa forma essa combinação de fatores fez eu me ligar ainda mais não só a Lepage, mas também às pessoas que ele encontrou ainda vivendo lá em Tchernóbil, assim como o final da HQ acaba sendo uma paulada ainda mais forte!

Que bom eu ter decidido reler "Primavera em Tchernóbil"!
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Pol 30/06/2023

Tchernóbil na Primavera
Achei bem interessante essa vertente de HQ que funciona mais pra documentar o assunto do projeto em que os autores estão do que tendo um grande história com reviravoltas e etc? Além dessa opinião pessoal, o que chamou mais minha atenção nesse livro antes de comprar quando eu folheei foi a dinâmica de pintura ao decorrer dele, quase como se no primeiro impacto Chernobyl fosse algo sem vida com muito preto e branco e fosse evoluindo pra uma primavera e cores realmente presentes e fortes por mais seja contraditório pensar nisso dentro até da própria zona de exclusão. Pra quem acha o assunto o mínimo interessante é uma forma boa de ter um pouco mais de ideia de como eram as coisas lá em meados de 2008.
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Mr.Sandman 03/07/2023

Beleza Radiante
No aqui e agora de Tchernóbil, Emmanuel Lepage traça seus relatos por meio da arte de forma sensível e reflexiva. É um gibi introspectivo, político e bastante humano. Cada página é um deleite visual, que tanto espanta quanto encanta. Essa variação, de um estado de choque ao presenciar o caos e o que restou de um contingente humano esquecido, para um estado de vislumbre com o calor humano e a natureza rara dos cenários, faz com que o gibi ganhe uma substância única e muito pertinente dentro do assunto. Emmanuel Lepage aceitou essa aventura para desmistificar seus conceitos prévios sobre tudo que envolve esse campo tema e acabou desmistificando também a nós, por meios de seu texto reflexivo e sua arte documental. É um belo quadrinho que compensa bastante, principalmente no formato europeu, que funciona muito bem para uma melhor imersão na arte e nas cores.
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Zesielson 12/07/2023

Profundamente impactante
Narrativa magistral, mistura épica entre os traços e nossas memórias. O ensejo de cada situação e a maneira que remete ao desastre, nos trás um sentimento novo, desconhecido e curioso.
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Renato Zanotte 18/07/2022

Esperou encontrar morte, encontrou vida.
Deve ser uma sensação muito louca de estar em um lugar assim. Foram em busca de morte e destruição, e encontram vida. Mesmo que seja uma vida recomeçando. Ainda há restrições, ainda há o risco. Mas o medo daqueles que ficaram parece estar terminando. Acostumaram com essa vida, com os lugares, o que fazer e onde ir. Para quem chega agora é tudo muito diferente. Emmanuel esperou encontrar uma paisagem cinza, sem vida, mas encontrou cores e alegria. Mesmo ainda sob muito risco.
Em vários momentos ele questiona como seria possível passar os sentimentos para o papel. E foi. Não tem como o leitor não sentir o que ele sente. Seja no texto ou nas cores.
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Gabriel 10/03/2024

Um documentário ilustrado, que não sei se é inovador ou necessário, dada as dificuldades de se registrar com máquinas fotográficas, bom o que da pra comentar sem entrar em muito "spoiler" que realmente faz diferença, é do o questionamento do próprio autor "O que vim buscar aqui que já não sabia?", não existe muito spoiler pra essa história todo mundo já sabe, porém é interessante ir descobrindo junto com o autor a linha de raciocínio dele, porém não que chegue a ponto de estragar a experiência.

Bom quem não leu, e não quer detalhes isso é um aviso, bom indo direto ao ponto da poesia que se cria mesmo sendo um documentário, é que ele foi retratar a catástrofe e destruição e teve que desenhar a vida, e é a vida mais no puro sentido por que se manifesta nas mais diversas faces, há quem odeie viver ali e não sabe o que Emmanuel foi fazer lá, há quem não arrede o pé de lá, sendo mais específico um personagem irradia a pilantragem e não tem medo de admitir e ainda manda a cereja do bolo "não adianta vir a tchernobyl e não experimentar radiação", bom e outros personagens como as crianças que selam muito bem a história.
Bom é até curtinho, acho que vale ressaltar que é quase cômico dado a situação de desespero do problema que Emmanuel teve com a mão nos preparativos pra viagem, contrariado por parentes, deixou os filhos, e já da meio a entender que o livro era um compromisso de negócio, e ele simplesmente não consegue desenhar, claro que ele sempre teve opção de não fazer, mas a situação foi de se não tiver jeito, vai sem jeito mesmo, me lembrou uma cena de Cristine do Stephen King em que o personagem principal falava ao telefone sobre ter que enfrentar o carro assassino e ele confirmando que vai dar um jeito, enquanto ele olha de lado suas as bengalas encostadas na parede, bom acho que alguém pode ter achado absurdo a comparação, mas talvez uma alma que lembre da história veja o absurdo que ambos protagonistas, no caso Emannuel de carne e osso em 2008, estava se metendo a fazer, tirando o fato que era uma empreitada praticamente ilegal pelo que eu saiba, um último adendo a quem leu isso aqui, não vá achando que é um documentário pra saber da história de Tchernobyl, ele não faz um resumo de como aconteceu a catástrofe, tem muita informação que o valha, porém eu resumiria que o título seria algo como "Tchernobyl e depois...?"
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Ogro 22/12/2021

Resiliência
Lepage se mostra em um dilema ao perceber retratar uma Chernobyl com vida, que segue apesar do desastre. História que conta as pessoas e o ambiente/natureza persistindo.
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Malle 20/12/2021

Vai para Tchernóbyl? Leve vodka!
Um quadrinho cujo roteiro e ilustrações foram feitos por Emmanuel Lepage, "Primavera em Tchernóbyl" busca relatar as consequências do desastre nuclear ocorrido em 1986 da Usina V. I. Lenin, localizada na cidade de Pripyat, há 20km da cidade de Tchernóbyl. Testemunhando na forma de um telespectador, Lepage tinha apenas 19 anos quando ouviu pela primeira vez as notícias a respeito do acidente que impactou direta e indiretamente o mundo inteiro.

20 anos depois, Lepage, agora parte de uma organização de artistas ativistas, é enviado junto com alguns colegas para documentar e ilustrar um quadrinho cujo objetivo é entregar uma mensagem antinuclear e descrever as consequências do uso e eventual negligência de energia nuclear. Ele já questiona sua efetividade para o projeto: não é um militante de nenhuma causa, está sofrendo de paralisia em um dos braços e teme o que a radiação poderá fazer com sua saúde. Contudo, nada poderia prepará-lo para o que realmente encontra.

Uma HQ linda não somente pelo traço, que é uma tremenda obra de arte, mas também pelo relato íntimo e realista de Lepage. Apesar de inicialmente ir ao local por motivações mais "políticas", elas rapidamente são substituídas por imagens do cotidiano das diversas famílias perpetuamente impactadas pelo ocorrido e como, no final do dia, todos permanecem esperançosos e continuam a viver suas vidas da melhor maneira possível.

Emmanuel esperava encontrar destruição e dor; encontra somente densas florestas vivas e pessoas cuja amabilidade é sem limites, que não se permitem desistir em face de todas as suas perdas. Em meio a tantos relatos parciais em relação a Tchernóbyl vindos de todos os lados, foi refrescante ler algo relativo ao desastre que não tivesse uma mensagem tradicionalmente política (para o choque do próprio autor). A HQ busca colocar no palco as pessoas, e não governos.

A edição é da Geektopia, de capa dura e volume único. Um tremendo trambolho (menor do que Blacksad, maior do que sua HQ comum) mas faz sentido, pois os quadros são grandes e a impressão de ótima qualidade. Recomendo para quem gosta de ler relatos documentais em primeira pessoa com aquele toque artístico e emocional.
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Djeison.Hoerlle 20/12/2021

Quadrinho o qual eu já namorava há um bom tempo, um pouco pelo tema, um pouco pela quantidade significativa de bons reviews que recebi do material.

O único ponto aqui é que, ao que parece, tais reviews foram assertivos demais, o que acabou prejudicando a minha experiência. Não que eu esperasse grandes plot twists ou viradas, até porque é ingenuidade esperar isso de um álbum europeu. Tudo que eu queria eram recordatórios marcantes e poéticos sobrepondo a arte de Lepage Emmanuel, e por mais que a obra entregue isso, acho que acabou tornando-se um pouco cansativo com o passar das páginas.

Isso porque bem, desde o começo sabemos que o grande intuito da narrativa é surpreender o leitor da mesma forma que o autor se surpreendeu ao dar de cara com uma Tchernobyl viva e colorida, mas se pararmos para analisar, esse é um suspense narrativo que se sustenta bem por talvez umas 20 páginas, no máximo. O autor, no entanto, explora essa quebra de expectativa em mais de 160, sem aprofundar-se muito nos demais personagens, tampouco em si mesmo, e somente em suas impressões, que parecem ir tornando-se repetitivas e pouco inspiradas.

Mas esta impressão pode ter se dado apenas por eu estar com meus estoques de dopamina afetados devido à sessão de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (que inclusive ganhará uma resenha no Filmow). Não sei, mas fica a dúvida.
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Pequod.3 27/04/2024

Publicada em 2012, a obra aborda a visita do próprio autor à zona de exclusão de Chernobyl, onde ele passou duas semanas em 2008.

A obra é uma meditação visual sobre a natureza, a tragédia e a resiliência humana. Lepage explora as paisagens abandonadas e a vida selvagem que retornou à região após o desastre nuclear de 1986, conseguindo retratar a beleza da natureza em contraste com a devastação causada pela radiação, enquanto também compartilha as histórias das pessoas que continuam a viver nas áreas afetadas.

Aqui temos uma obra peculiar que oferece uma visão pessoal e artística do impacto do desastre nuclear de 1986.

A narrativa se desenrola através das experiências do próprio Lepage, que visita a região e testemunha em primeira mão a interação entre a natureza exuberante e a presença persistente da radiação. Através de suas ilustrações habilmente elaboradas, Lepage captura a beleza trágica das paisagens abandonadas e a ressurgência surpreendente da vida selvagem na área.

O livro não apenas documenta as paisagens físicas, mas também compartilha as histórias das pessoas que continuam a viver nas proximidades de Chernobyl. Essas narrativas humanas adicionam uma dimensão emocional poderosa à obra, destacando a resiliência e a determinação daqueles que enfrentam desafios incompreensíveis.

Trazendo uma reflexão profunda sobre os efeitos duradouros do desastre nuclear e as complexidades da relação entre o ser humano e o meio ambiente. Lepage aborda questões ambientais, sociais e políticas de forma sutil, mas impactante, convidando o leitor a refletir sobre as consequências de nossas ações.

Também temos aqui um retrato de uma realidade que não existe mais, essa Chernobyl de 2008 que ''renasceu'' após o desastre nuclear, novamente foi modificada por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia iniciada em 2022, sendo uma fonte para sabermos como foi esse período.

Uma obra maravilhosa ue combina uma narrativa visualmente deslumbrante com uma mensagem poderosa sobre a natureza humana e a fragilidade do mundo que habitamos.
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Bernardo (@vida.colecionador) 22/09/2021

Primavera em Tchernóbil
Em abril de 2008, mais de vinte anos após o desastre, um grupo de ativistas e artistas voltam a Tchernóbil para documentar a vida dos sobreviventes que vivem nas terras contaminadas. Uma dessas pessoas é Emmanuel Lepage, autor desse quadrinho, responsável por representar as paisagens brutais que por lá encontrasse.

Antes de embarcar, além do medo que pairava no ar, Lepage tinha outro problema. Havia algum tempo que ele estava sofrendo com dores nas mãos, algo que o impedia de realizar o seu trabalho com plenitude. Isso quase o levou a desistir do projeto, porém como o próprio autor afirmou, dessa vez ele quis sentir o mundo na pele.

Certamente, as primeiras imagens que nos veem à mente quando pensamos em Tchernóbil, são lugares dignos de filmes de terror, afinal, geralmente é assim que nos é retratado. E é justamente essa quebra de expectativa que faz Primavera em Tchernóbil ser tão interessante.

Legape também chega ao local com a expectativa de encontrar cenários apocalípticos, e isso pode ser percebido através da paleta de cores utilizada inicialmente, porém conforme ele vai descobrindo o lugar, as pessoas e as suas vidas, as cores vão se abrindo, ampliando as suas escolhas e tornando os desenhos cada vez mais claros e alegres. Aqui cabe uma observação, que arte incrível! O autor trabalha muito bem a representação dos ambientes, nos presenteando com verdadeiras obras de arte.

Também é interessante a maneira que o autor trabalha com os personagens na sua narrativa. Ele vai introduzindo sem pressa, tentando primeiro entendê-los para depois representá-los. Conhecemos um liquidador, nome dado aos funcionários que foram os primeiros encarregados de apagar o incêndio do reator, usando as próprias mãos para jogar grafite no prédio em chamas. Conhecemos um saqueador, que vive arriscando-se na zona de exclusão, para recuperar materiais que possa vender. Também conhecemos a sua mulher, uma moradora de vida simples e tranquila, entre outros.

O lugar ainda não está livre da radiação, e o autor faz questão de demostrar isso na história também. É frequente a preocupação dele e das pessoas que viajaram com ele, com medo de tocar nas coisas, medo de comer algo contaminado, medo de ir a algum lugar que possa estar muito contaminado.

Para os que não se recordam, um breve resumo sobre o acidente: em 26 de abril de 1986, o núcleo de um dos reatores da usina nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia derreteu, dando origem ao maior desastre nuclear da história. Uma nuvem carregada de radiação viajou por milhares de quilômetros contaminando mais de cinco milhões de pessoas.

Quebrando as expectativas que se possa ter em relação a Tchernóbil, Lepage nos mostra vida, nos mostra uma comunidade que pulsa, que festeja e que mesmo após tudo o que aconteceu, ainda sorri.

A edição brasileira foi publicada pelo selo Geektopia do Grupo Novo Século, em um formato grande (33 x 23 cm), capa dura, com 168 páginas, papel couché e um excelente acabamento.

Confira a resenha no site:
https://vidadecolecionador.com.br/resenhas/primavera-em-tchernobil/


site: vidadecolecionador.com.br
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zartjr 14/02/2021

Vi muita gente falando sobre essa graphic novel ano passado e na?o pude deixa?-la passar. Ainda bem! Primavera em Tcherno?bil e? de uma beleza e sensibilidade u?nicas, mostrando um grupo de artistas indo explorar a zona ao redor da usina de Tcherno?bil, na Ucra?nia, focando em Emmanuel, nosso personagem principal, um quadrinista. A visa?o que o autor nos passa da regia?o desolada e? muito humana, mostrando a vida das pessoas que, por motivos diversos, ainda precisam viver naquelas cidades contaminadas pela radiac?a?o. Realmente e? um trabalho de qualidade.
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Thiago 24/10/2020

Uma obra de arte
Belo relato de uma expedição de artistas à zona proibida de Chernobyl. Ilustrações de tirar o fôlego e uma narrativa poética num local marcado pela tragédia.
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Gabriel 13/08/2020

No dia 26 de abril de 1986, a 1 hora e 23 minutos no horário local, o tempo parava para sempre na cidade ucraniana de Pripyat e nos seus arredores. A explosão do reator número 4 da usina nuclear de Tchernóbil gerou a remoção de cerca de trezentas e cinquenta mil pessoas da zona contaminada e a morte de 4 mil pessoas segundo a OMS, além de ter contribuído para o fim da URSS. Mas essa é a história que todos conhecem.
O que Primavera em Tchernóbil, do quadrinista francês Emmanuel Lepage, faz é trazer à tona uma outra narrativa: dessa vez, sai de cena o acidente, os números frios e as consequências sociopolíticas, e toma lugar uma história sobre como, mesmo no cenário mais improvável, a vida não pode ser parada nem contida. Ela segue, se adapta, sobrevive e vive.( Continua no link "

site: https://bolsanerd.home.blog/2020/08/12/primavera-em-tchernobil/
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