Resenhas - Trânsito

Carla Verçoza 26/05/2022

No segundo livro da trilogia Esboço, temos novamente a escritora Faye. Assim como no primeiro, em Trânsito não há muitas informações sobre a vida a autora. Sabemos que ela mudou de cidade e está se estabelecendo, com isso vamos acompanhando as conversas, os encontros.
Impressiona como um livro em que nada acontece (não há uma história, um assunto) seja tão bom de ler, tão interessante. O foco está sempre no outro, em suas história e visões de mundo.

"a despeito do que desejemos acreditar em relação a nós mesmos, somos apenas o resultado de como os outros nos trataram."

"Ouvi tantas vezes o quanto era bom ver como eu estava me recuperando que comecei a me perguntar se eu representava mais do que um objeto de empatia; se na verdade passara a personificar algum medo ou temor específico das pessoas que me conheciam, algo de que elas prefeririam não ser lembradas."

Maria 16/05/2022

Trânsito
Trânsito é continuação do Esboço e a narrativa segue o mesmo tom, Faye continua pouco entregando de sua vida e muito mostrando da vida das pessoas com as quais interage.
A narrativa segue os encontros e desencontros das relações interpessoais, com seus conflitos, incertezas, fugas, vaidades, mudanças, permanências, obrigações, rotinas etc.
Adorei esse segundo livro assim como o primeiro, achei a leitura envolvente, interessante.

Natalia 12/04/2022

Leve
Retorno à escrita magnética de Rachel Cusk. É um livro sem clímax. Se alguém te perguntar: acontece o que? Você não vai saber responder. É um emaranhado de diálogos interessantíssimos, profundos e reflexivos. Cada personagem acrescenta muito à trama e as histórias de alguns conseguem ser importantes pro leitor, caso ele se identifique, justamente porque elas jamais param na superfície.

Bom demais! Envolver o leitor nesse tipo de escrita é de uma grandeza notável. A leitura tem cara e cheiro de uma manhã chuvosa de domingo, com um docinho do lado, apreciando o quanto é interessante apenas ser humano.

Recomendo!

Leticiametal 06/04/2022

Continuação de esboço, e assim como esboço não parecia ter uma forma, trânsito parece estar em movimento. Gostei até mais.

Liv 08/01/2022

Fascinada em acompanhar a vida dessa personagem e todas as reflexões que acontecem dentro dos diálogos que ela têm.

Marilda 21/10/2021

Fragmentos e opinião
"Seus sentimentos precisavam ser atropelados sem dó; não havia outro modo de construir a história."
"Talvez seja só nas nossas feridas que o futuro consegue se enraizar, (...)"
"Não tinha nenhuma associação com elas, mas essas associações estavam sendo criadas naquele exato instante, enquanto estava sentado ali: ele estava ativa e gradualmente se distanciando da pessoa que havia sido, ao mesmo tempo que se tornava igualmente, aos poucos, uma pessoa nova."
"Como um cão que faz cocô na própria cama, falou, virando-se e olhando pela primeira vez diretamente para mim."
"De certa forma, era bom ser lembrado do anonimato fundamental do processo de escrita, do fato de que cada leitor chegava ao seu livro como um estranho que precisava ser convencido a ficar."
"(...) escrever e ler eram comunicações não físicas, e era quase possível dizer que representavam uma fuga recíproca do corpo em si (...)"
"Sem filhos ou um parceiro, sem uma família de verdade ou um lar, um dia pode durar uma eternidade; uma vida sem essas coisas é uma vida sem história, uma vida na qual não há nada — nenhuma progressão narrativa, nenhum desenvolvimento de enredo, nenhum drama humano imersivo — para aliviar o cruelmente meticuloso passar do tempo."
"Acordava cheia de resoluções, mas os acontecimentos acabavam atropelando-a, e ela terminava o dia mais distante dos próprios objetivos do que havia começado. Nada parecia durar, por mais que ela tentasse." (Olha a Síndrome da Vênus Preguiçosa aí, lá do livro "Sobre os Ossos dos Mortos")
"O fato de Gavin dizer que iria trabalhar por amor, e não por dinheiro, a deixara animada e aliviada quase da mesma forma que as mulheres costumavam ficar animadas e aliviadas com um pedido de casamento. Mas o amor, ela fora levada a compreender, era em última instância intangível: a animação existia apenas dentro da sua cabeça."
"Pelo visto não estava interessada nas atividades de uma esposa de expatriado; em vez disso, passava o tempo todo na praia e lendo romances. A falta de rumo dessa vida, e ao mesmo tempo sua sugestão de liberdade e prazer, era algo que ela não se dera conscientemente ao trabalho de analisar; (...)"
"Eu ando pensando no mal ultimamente, continuei, e começo a me dar conta de que ele não é um produto da vontade, mas sim do seu oposto, da entrega. O mal representa a desistência do esforço, o abandono da autodisciplina diante do desejo."
"Liberdade, falei, é uma casa da qual você vai embora uma vez e para a qual nunca mais pode voltar."

Faluz 08/09/2021

TRÂNSITO - Rachel Cusk
Nesse segundo volume da Trilogia escrita por Rachel Cusk, ela se coloca com uma pessoa em vias de se estabelecer e pensar nessa situação não definitiva que se encontra.
Aqui também, o fluxo de memórias que as pessoas apresentam são discorridas de maneira intensa e ligadas de modo ão transcorrer da vida.
A vida é observar.

Bel 28/08/2021

Do olhar que se lança para o trivial
Gosto muito de como a escrita de Rachel Cusk imprime cenas na memória. Ela narra situações tão banais que, às vezes, durante a leitura, tenho a sensação de que aquilo se apagará tão logo eu feche o livro. Mas, justamente por descrever coisas tão cotidianas e comuns a todas as vidas, com um olhar afiado para as sutilezas, que fecho o livro e percebo que a marca está em mim, como se tivesse assistido à cena de pertinho. Não considero uma leitura fácil e fluida, mas sempre vale a pena no final. Ansiosa por ler o terceiro da trilogia.

Let Carvalho 31/07/2021

Amei muito
A Rachel Cusk sempre consegue me deixar reflexiva com poucas palavras. Continuei lendo a sua famosa trilogia, que começa com Esboço e continua com Trânsito.
Os livros acompanham a vida de uma escritora recém divorciada. Contando sobre o seu cotidiano, os encontros e desencontros com pessoas queridas, desconhecidas e amadas, a história se passa de maneira leve, linda e cheia de reflexões sobre a vida.

Agora estou mega ansiosa para o próximo e último livro.

Luciana 01/06/2021

Achei esse segundo livro melhor que o primeiro, mas não muda muita coisa, ainda é principalmente sobre pessoas contando as suas histórias para a personagem principal, tem histórias boas e outras ruins.

Sarah 19/04/2021

Se em "Esboço", de Rachel Cusk, eu penei para terminar o livro, todo meu esforço foi recompensado na sequência "Trânsito".

"Esboço" tem uma estrutura muito menos convencional do que "Trânsito". Sabemos muito pouco da protagonista, Faye, uma escritora britânica, divorciada, de meia idade.

Em uma viagem para Atenas para ministrar um curso de escrita criativa, quase todas as pessoas que cruzam seu caminho tem sua história relatada.

Pessoalmente, achei essa estrutura muito cansativa. É difícil querer se envolver com tantas minúcias em personagens tão secundários.

Só depois de terminar a leitura me dei conta que esses relatos formam o negativo da imagem da protagonista. Vemos seu esboço, ou seu contorno, como o título original em inglês "Outline", também sugere, e partir disso assumimos sua forma.

Em "Trânsito", por sua vez, esse estilo está muito mais balanceado, o que me fez terminar a obra em poucos dias.Também está presente a descrição detalhada das pessoas com quem a escritora intaraje, mas dessa vez sabemos muito mais de sua vida pessoal. O próprio enredo parece ser mais movimentado.

Nesse cenário, a genialidade da escrita de Cusk realmente consegue se destacar.

site: www.instagram.com.br/literalmentesarah

Joice.Barbosa 04/04/2021

Acho que gostei mais de Trânsito do que de Esboço, mesmo tendo deixado o livro de lado por um tempo.
A história é um pouco mais profunda e é possível ?visualizar? um pouco mais a vida da protagonista

@buenos_livros 27/03/2021

Trânsito - Rachel Cusk ??
?É só quando as suas vontades se exaurem que a maioria das pessoas reconhece as leis do destino.?
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. Trânsito (2017)
. Rachel Cusk ??
. Tradução: Fernanda Abreu
. Romance / 197p.
. @todavialivros
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. O segundo livro da Trilogia de Cusk é do tipo que mais gosto, tem uma narrativa não linear, trata da vida de uma pessoa comum, mas propor reflexões e causa empatia. São muitas as frases que marquei, a maioria com pensamentos que já tive em algum momento colocados em perspectiva. Um livro leve pra ler, mas que coloca algumas pulgas atrás da orelha.
. ??????????

Lívia 22/02/2021

Rachel Cusk
Segundo livro da trilogia esboço. Essa narrativa é mais fluida e profunda do que o primeiro livro. Perfeito!

Camila 13/01/2021

Trânsito segue no mesmo estilo que Esboço, só que agora já sinto uma propriedade maior da narrativa, das personagens e dos diálogos. É como se o livro antecessor realmente fosse um esboço (uau kk.....) e nesse finalmente tivéssemos algo mais encorpado.
A Faye, nossa protagonista em segundo plano, continua misteriosa e apática - inclusive, a apatia da personagem foi algo que me chamou muito mais a atenção agora. Parece que todas as situações ilustradas acabavam mostrando-se caóticas em algum momento: a obra em seu apartamento, os vizinhos de baixo, a chuva no evento literário, o menino no salão de beleza causando um estrago no local, o encontro que foi decorrente de um problema em seu carro, as crianças e as discussões no jantar na casa de seu primo... Enfim. Sempre acontecia algum episódio perturbador que parecia perturbar todo mundo, menos a narradora.
A forma de narrar os diálogos também é um pouco confusa, e embora eu achasse já ter me acostumado a essa altura, ainda me pegava tendo que reler algumas passagens pra realmente compreender quem tinha dito o que.
Apesar - ou por causa de - todo o distanciamento afetivo/emocional da Faye, ela me intriga bastante e fico sempre querendo saber um pouco mais da sua vida, que é contada em doses homeopáticas.
A não romantização da maternidade é um dos meus pontos preferidos em Cusk, o que novamente me lembra a Elena Ferrante. Também a retratação de todos os adultos como crianças em corpos mais velhos me chamou bastante a atenção. Perdi as contas de quantas passagens marquei nesse livro; vontade de reler de tempos em tempos só pra não esquecer.
Ansiosa para o próximo e reiterando novamente que essa trilogia precisa ser adaptada pelo Richard Linklater!!