Patty Ferreira 25/12/2022INTRODUÇÃO
“Além da atração por armas de fogo, do encantamento com o militar e do flerte com a violência física, também existiam a preocupação em usar o Estado para dar forma a uma cultura nacionalista e o sistema educacional como máquina de uniformização do pensamento”
CAPITULO I - A CIDADE ETERNA
Trata do encontro entre Mussolini e Plínio Salgado, e como a “sedução” do Mussolini e sua Roma ganharam mais um seguidor fascista (mais detalhe no cap. III).
Traz também uma breve explicação do interesse de Mussolini ceder o território do Vaticano para a Igreja Católica, mesmo sendo um ateu:
“O que aquilo deu a Mussolini foi liberdade. O resto de Roma era sua para que a reinventasse. E era esse o espírito da exuberância fascista, que Plínio Salgado e seus amigos sentiram no ar. Estava nascendo a Terceira Roma”
O que me faz questionar: A igreja católica, mesmo que indiretamente, contribuiu para a ascensão do fascismo? Os regimes antidemocráticos são campos férteis para as religiões?
CAPITULO II - O OVO DAA SERPENTE
Caso o leitor não tenha interesse na época pré-fascismo na Itália (o caminho para tal) não é necessário ler este capítulo.
Eu fiquei na dúvida se as características seguintes se diz a respeito do Mussolini pai ou do Mussolini filho, o livro não deixa bem claro isso, mais de qualquer forma são dados importantes, e em minha opinião são características do pai:
De esquerda, dedicará a vida as causas socialistas;
Socialista herético
Antidogmatismo - ele próprio construíra sua filosofia pessoal
Vereador de um mandato
Leitor voraz
Anticlerical - não batizou o filho
“O Partido Socialista Italiano não deve permitir que uma visão literal de socialismo destrua o espírito do socialismo”
O Mussolini - filho - foi expulso do PSI por ser contra a guerra que estava se formando na Itália aquele momento (contra Áustria). Mesmo sendo expulso, em seu discurso de despedida afirmou jamais abandonar o socialismo
Com base socialista e de esquerda, o fascismo de Mussolini traz que os interesses de proletários e Capitalistas devem estar submetidos aos interesses da nação.
CAPITULO III - 04 DE OUTUBRO
Faz a conexão da copa do mundo com o sentimento de nacionalismo
Ex.: Estádio do Palerma
“No Brasil não foram os sindicatos que abraçaram o fascismo, mas sim seus patrões”
Neste capítulo conta a trajetória do Plínio Salgado desde a infância e as influências que o levaram ao sistema fascista
“Karl Marx - o liberalismo não seria capaz de entregar sua promessa de liberdade e igualdade dentro do sistema capitalista que impunha a exploração do homem pelo homem. Um sistema que tornara a sociedade perversa”
O autor dá muita volta, fala fala fala e não chega a lugar nenhum. Mesmo com a escrita de fácil acesso não é cativante quanto parecia na introdução.
Mais da metade desse capítulo é discutindo a poesia de Oswald de Andrade
CAPITULO IV - A FORMAÇÃO DE UM LÍDER FASCISTA
Esse capítulo mostra os passos e dificuldades que Plínio Salgado passou até a fundação e consolidação da Ação Integralista Brasileira - AIB - o partido fascista (com uniforme e rituais próprio), com mais de um milhão de seguidores em menos de 03 anos de existência
“Em comum tinha o fato de serem todos muito católicos, intelectualizados e simpáticos ao fascismo”
Esse trecho acima, descreve as pessoas do CAJU (Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais), um grupo de acadêmicos que iriam fazer amizade e simpatizar com Plínio Salgado e suas ideias. O que me chamou atenção a esse trecho, que mais uma vez, faz referência ou liga de alguma forma religião e fascismo.
Então fica martelando na minha cabeça se, talvez, pelos dogmas cultivados pelas igrejas (instituição) os seus membros/seguidores tem mais pré-disposição em aceitar governos/governantes fascistas (ditadores). Um exemplo atual, é a posição dos Evangélicos em relação a figura do Bolsonaro (praticamente uma divindade para eles).
Pode-se atribuir uma parcela de culpa as igrejas (mais uma vez, estou me referindo as instituições) pela presença e manutenção de governos fascistas/ditatoriais?
Tem um vídeo legal, do canal Filosofia Infinita que discute o papel dos evangélicos no governo do Bolsonaro ([https://www.youtube.com/watch?v=6LKUnX3Ax60](https://www.youtube.com/watch?v=6LKUnX3Ax60))
Em relação a rituais de partidos fascistas, praticamente uma religião (olha a palavra aí de novo) como por exemplo a saudação nazista, a AIB também tinha seus próprios rituais e sinais:
“Tendo o sol nascido, o líder local do movimento fazia um discurso, e então, guardando silêncio, todos levantavam seus braços na saudação romana”
CAPITULO V - UM INTEGRALISTA NÃO CORRE, VOA
Nesse capitulo traz importância da popularidade de líderes fascistas, melhor dizendo, a importância da popularidade para qualquer líder político
No livro “Como as Democracias Morrem - já fiz resenha também - também trata de como a manipulação da opinião popular dá espaço para autocratas ascenderem no poder
“Ele narrou com verve os passos de Mussolini, que primeiro foi conquistando o espaço público, passando por cima de comunistas, socialistas ou anarquistas, incendiando sindicatos, e assim ganhou popularidade a ponto de se eleger e se impor no governo”
Trago uma crítica ao seguinte trecho:
“Tampouco foi, para os homens e mulheres da Frente Única Antifascista, um problema. Estavam habituados à margem da lei”
Apesar do autor falar que “habituados à margem da lei” é por conta de sindicatos que vivem em guerras legais, o tom pode suar pejorativo a alguns leitores , corroborando para a narrativa da (extrema) direita, que perpetua até os tempos atuais, de que a esquerda é composta por “cidadãos de mal”.
O trecho abaixo, fiz questão de destaca-lo para os que ainda possui dúvida sobre o Bolsonaro ser um fascista:
“Ele tomou seu lugar à mesa, decorada com bandeiras de todos os estados que haviam mandado delegações e na qual se destacavam as palavras de ordem - DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA”
Outra reflexão que o livro me levou foi porque pessoas instruídas, de classe média tendem a direita e não esquerda. Esse fenômeno podemos observar com a ascensão do Bolsonaro no poder.
A conclusão que cheguei é que as lutas da esquerda são lutas pelo direito social, pelo proletariado e os instruídos e ocupantes da classe média (apesar de não serem capitalista, no sentido de deter capital) sentem que estão um patamar acima da prole e não querem que liguem a eles. Então, é mais fácil ignorar que não são capitalistas, os sinais de abuso e fingir que integram a elite.
“O juramento de fidelidade ao Chefe Nacional, agora um título oficial, se tornou parte básica da cerimônia de aceitação de qualquer integralista”
Essa ideia de líder supremo, antes tinha uma cerimônia completa, hoje, parece só um ato de pessoas lobotomizada (mito! mito! mito!), talvez não haja cerimônia completa, por falta de competência do governo Bolsonaro ou uma tentativa de mascarar que é sim um governo fascista.
Também, não é de agora, que o partido fascista tem ligações com milícia (quem matou Marielle Franco?) características de nepotismo e favoritismo
“A AIB foi então organizada em seis Departamento Nacionais: Organização Política, Doutrina, Propaganda, Cultura Artística, Milícia e Finanças - cujos líderes também seriam de indicação pessoal”
A minha crítica em relação ao nepotismo e favoritismo não fico unicamente com os partidos antidemocráticos, fica com toda a política e politicagem que acontece não só no serviço público, mas muito descaradamente no serviço público.
Todas as discussões apresentadas nesse capítulo pode ser sintetizada no seguinte trecho:
“A caminho de completar cinco anos, a AIB havia se tornado uma máquina midiática. Era profundamente moderna - embora, entre os dois polos radicais, a ela fosse garantida uma liberdade de ação dentro da legalidade que a extrema esquerda nunca teve”
CAPITULO VI - A ÚLTIMA MARCHA
Neste capítulo acompanhamos o desenrolar da convivência entre Getúlio Vargas e AIB, que culminou no Golpe do Getúlio e a Constituição Polaca.
Dica de filme: Olga com Camila Morgado e Caco Ciocler.
Plínio Salgado, para financiar a campanha presidencial fez empréstimos com os Nazistas (intenção de implantar o fascismo nas terras tupiniquins). E empresários sob o medo do comunismo (até hoje, né?!) também financiou a campanha do Plínio.
Outro detalhe que faz referência a política do Bolsonaro: é a desconfiança sobre o sistema eleitoral e implantação de Fake News:
“(…) queria que pusesse no papel um plano hipotético sobre como os comunistas poderiam tomar o poder no Brasil. - Era para nós mimeografarmos e distribuirmos nos meios de capitalistas para ver se eles nos davam algum dinheiro - se lembrou já velho o chefe: esse era o objetivo”
O plano hipotético ficou conhecido como Plano Cohen, anos depois o próprio Plínio Salgado repudiou o plano:
“O plano Cohen é a maior bandalheira, a maior vergonha que se pode imaginar. Aquilo é uma coisa estúpida, nojenta”
Esse capitulo me fez questionar: O golpe do Getúlio, apesar de ter se tornado um ditador, “salvou” o Brasil do Fascismo? O que teria acontecido se o Getúlio não tivesse dado o golpe, ter ocorrido as eleições e ter a AIB ascendido ao poder?
CAPITULO VII - DEPOIS
Esse capítulo analisa como ficou as principais figuras da AIB no decorrer dos anos com o enfraquecimento do poder. Trouxe a análise de uma figura, que, como bacharel em direito, chama muito minha atenção:
“Miguel de Reale:
Tomou parte discreta da conspiração que levou ao golpe de 1964, e serviu de conselheiro a alguns dos presidentes militares”
E nesse capítulo, mais um vez, cruzei com essa mistura (nojenta) de política e religião, fascismo e religião. Será produtos da mesma moeda?
“(…) quando houve a Marcha da Família com Deus pela liberdade, nas semanas anteriores ao golpe de 1964, Plínio esteve entre os oradores. Passou o resto da vida negando que a Ação Integralista Brasileira fosse fascista. Afirmava ter sido um movimento nacionalista católico”
CAPITULO VIII - PLÍNIO E BOLSONARO
“(…) o fascismo encontrou ao menos até o Estado Novo, um espaço de tolerância no governo de Getúlio Vargas. Os comunistas não tiveram algo assim”
Neste capítulo o autor traça paralelo entre a sociedade brasileira da década de 30 com atual sociedade e trás diferentes vertentes sobre o conceito de fascismo, como isso ele deixa para o leitor a reposta para pergunta: Bolsonaro é fascista?
A minha posição quanto a essa pergunta é: Bolsonaro é AUTORITÁRIO, se espelha nas figuras autoritárias fascistas, mas sua execução política é falha, e sua incompetência é a sorte do Brasil!
“(…) e o anticomunismo ainda é presente no discurso do Exército Brasileiro. Um anticomunismo que foi plantado de uma nova ordem radicalmente distinta”
“O Partido dos Trabalhadores (PT) não é uma legenda de extrema-esquerda. Não é comunista ou revolucionário, tampouco é a força mais à esquerda dos grupos políticos representados no Congresso Nacional”