Joshua 19/08/2012
Sheldon arrebenta!
Nunca havia lido alguma obra do autor, está é minha primeira experiência com sua escrita, e uma coisa que posso dizer: me surpreendi!
A história narra sobre a vida de Grace Brookstein, uma socialite mais querida - e rica - dos Estados Unidos, casada com o bilionário, gênio de finanças e administrador do fundo de hedge Quorum. Mergulhada em um mundo de riqueza, a inocente Grace não tem noção do que é ser pobre, do que é miséria. Para ela, aquela vida é que existia. Aquilo era normal. Até que, em uma viagem de férias a uma ilha, seu esposo sai sozinho para velejar e nunca volta mais. Ele é tido como morto e Grace tem que suportar a dor de perder uma pessoa a quem verdadeiramente amava... tentando trilhar sua vida após esse fato, de uma noite para o dia, as pessoas começam a parar de falar com Grace, e toda a riqueza que possuía lhe é tirada. Na verdade, o dinheiro que estava contido no hedge do Quorum, o dinheiro de praticamente de todos os Estados Unidos, simplesmente sumiu. E a suspeita do maior roubo já acontecido é Grace Brookstein. Tentando se provar inocente, Grace fará de tudo para isso, e tentará limpar o nome do seu falecido esposo e esclarecer tudo.
Já havia um tempo que eu estava ansioso para ler este livro, até que tive a oportunidade de lê-lo. Confesso que comi o livro em questão de três dias. EU NÃO CONSEGUIA PARAR DE LER! A escrita de Sheldon* é fantástica. Não perde o ritmo e te faz querer ler mais, saber mais, descobrir o que vai acontecer nos próximos capítulos! O intricado mistério criado pelo autor que envolve seus personagens é convincente, e o desenrolar do conteúdo do livro é satisfatório. Há muito conteúdo neste livro, com uma narração calma mas que você percebe que te conquista e te prende.
Os personagens para mim são bem caracterizados, principalmente Grace. Ela é bastante inocente, cresceu em berço de ouro, e para ela, riqueza é natural. Ela não cobiça o dinheiro, ela não adora ser rica, para ela, dinheiro é um detalhe da vida. É claro que muitos vão achar que é muito fácil dizer que dinheiro é apenas um detalhe na vida quando se tem dinheiro, mas o que eu quero dizer é que Grace não tinha uma noção do que é miséria. Era como se fosse outro mundo. Pobreza era apenas uma lenda. Mas quando Grace perde toda aquela fortuna, ela nem se importa, o que lhe importa mesmo era limpar o seu nome e do seu falecido esposo. Depois de tudo isso - o que não posso dizer, se não é spoiler - que Grace passou, percebo que ela é uma mulher de fibra! Uma guerreira posso dizer assim. Chega a ser algo que não pode ser definido o choque ao Grace perceber a realidade que os Estados Unidos estava passando: a crise econômica. Na verdade, a crise econômica já havia explodido no país - no mundo até - mas sabe como é o ser humano, precisavam colocar a culpa em alguém. Como a Quorum foi a última empresa econômica a falir, e do nada, todo o dinheiro suado investido nela pelos trabalhadores americanos a sumir, Grace, como única sócia da empresa, foi a culpada!
Outro personagen é John Merrivale. Gago, tímido, fraco, um personagem que aparentemente é um nada, mas que no livro tem um papel fundamental para o desenrolar de toda a história. Não gostei do personagem. Na verdade, ele é bem caracterizado, mas para mim ele não tinha personalidade, como posso dizer, uma voz ativa. Ele era sócio na Quorum e braço direito de Lenny Brookstein, o administrador da empresa. Antes do dinheiro todo sumir, John não ficou mais sendo sócio da empresa, e sim Grace.
Vou citar também o policial Mitch Connors. Não posso falar do papel que ele desempenha no livro, porque vai ser um spoiler danado, mas digo que gostei bastante dele. A simplicidade que ele possui como policial investigador é notável, e o modo dele trabalhar é brilhante, apesar de ter sido pouco explorado - digo isso porque ele aparece apenas na Parte 2 do livro. No começo não dava nada por ele, mas logo ele me surpreendeu!
Uma coisa que destaco no livro de Sidney é que ele opera assim: se um personagem entra em cena no livro, ele cria um passado para esta tal pessoa e tudo mais. Cria, digamos, um histórico para ela, tudo o que ela já passou, resumindo em poucas páginas. Acho que isso familiariza o leitor com os personagens e deixa mais realista o enredo do livro.
Sobre a capa, achei bem legal o lance da taça de vidro se quebrando. Traduzo a imagem da capa assim: a taça representa a riqueza, dinheiro, tudo relacionado a isso, e a sua queda e estilhaçamento tem a ver com a história do livro: Grace vendo tudo o que possuía se esvair por completo... nada mais a perder, já que não tem mais nada. Pelo menos entendi a capa assim, e acho que a mensagem foi transmitida legal.
E sobre o final da história... acho que deixou a desejar! Sinceramente, o livro estava indo tão bem, mas quando estava chegando perto do desfecho tão aguardado, parece que Grace tomou certas decisões que leitores como eu não apreciaram. Pra quem leu, acho que achou isso também. Grace me deu raiva no desfecho, e a decisão dela em relação ao Mitch Connors?!? Por que Grace, por quê?!?
Não posso dizer que foi decepcionante o livro. Se eu tivesse que dar uma nota de 0 a 5 para este livro, daria 4,5. O enredo é muito bem cuidado, mas o final podia ser um pouco diferente, apesar de eu parcialmente apoiar a protagonista no final. Enfim, eu gostei muito do livro, devorei ele vorazmente, e fiquei com vontade de conhecer mais sobre a escrita do autor. Sinto que não falei sobre tudo, mas vou tentar resumir neste parágrafo minhas últimas observações: ao ler o livro, percebi que até o seu melhor amigo pode te decepcionar, te trair... mas isso você só vai saber nos piores momentos de sua vida. Grace é um exemplo disso.
Mais que recomendada a leitura, é obrigatória!
*Na verdade, Sidney Sheldon não escreveu esse livro, e sim, Tilly Bagshawe, que pelo que li, adquiriu os direitos de escrever sob o nome do consagrado autor. Por sua escrita e narração ser semelhante a do falecido autor, é quase como se você estivesse lendo um livro mesmo de Sheldon! - outra explicação é que Sidney começou a escrever, e depois Tilly conclui. Não consiga achar nenhuma informação oficial.