O duplo

O duplo Fiódor Dostoiévski




Resenhas - O Duplo


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Carlos R. A. Amorim 26/04/2020

Bem confuso e arrastado
A premissa interessante, e o início do livro é até promissor, porém, conforme a estória se desenvolve... ela não avança.
O protagonista é confuso, e a sua perturbando mental se reflete em sua fala, com frases desconexas e reiterado uso de vocativos.
Quando o narrador fala os acontecimentos são compreensíveis, mas quando Goliádkin, o protagonista, se expressa, não sabemos se é dia ou se é noite, se ele está dentro ou fora de casa, ou se está triste ou alegre, porque ele continuamente destila um emaranhado de palavras soltas e frases sem sentido.
Sei que, provavelmente, o autor escreveu dessa forma com o intuito de melhor representar o transtorno psicológico do protagonista, entretanto, longe de abrilhantar a obra, apenas fez com que esta se tornasse maçante.
De tão enfadonho esse livro curto acaba parecendo longo e interminável.
Glauber 12/05/2020minha estante
Estava procurando um do Dostoievski para ler.
A premissa desse é interessante, como você diz. Mas pelo visto não foi legal.
Não consegui emplacar ainda em nenhum desse autor. Tentei "Crime e Castigo" e "O idiota", mas ainda não rolou.

Qual você me recomendaria?




Alex 07/05/2022

O eu contra mim.
Durante alguns meses me atormentei sobre a questão da duplicidade na mente humana, li uns livros sobre e filmes tbm, clube da luta, esse Duplo do Dosto, o homem duplicado do saramago, Willian wilson do E.A. Poe. Acho q todo mundo ja se sentiu assombrado por uma versão melhor de si mesma, nem q seja quando pensamos: " eu poderia ser melhor", ou então somos assombrados por aquele que nós somos verdadeiramente. Essa duplicidade está em tudo q nos cerca, e serve para olharmos a nós mesmo e nos aceitarmos como somos, não querer ser melhor doq os outros, e sim melhores doq fomos ontem, no final o mundo é cruel e bom, lindo e horrível, somos ruins e bons. Quando aceitarmos toda essa contextura de ódio e amor no amor, olharemos pro céu e veremos com todo coração que até Deus carrega seu duplo.
Jessi 12/05/2022minha estante
Quero muito ler esse!!




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camila 23/03/2018minha estante
Oi Gláucia, ainda estou na dúvida se o Goliadkin segundo existia ou não. Eu fico confusa pois a leitura da entender que outros viam o duplo. O que você acha ?
Abraços.




anna 25/06/2022

De qualidade mas um pouco entediante
Após o sucesso de Gente Pobre, O Duplo (1946) , segundo livro publicado por Dostoievski, não teve boa aceitação da crítica e do público. Enquanto Gente Pobre tratava de questões sociais, em o Duplo a valorização é dada ao existencialismo, e sendo mais específica, a um existencialismo patológico. Isso porque o personagem principal, Golyadkin, é portador do que hoje conhecemos por esquizofrenia. O livro se passa no processo de enlouquecimento dele, desde os primórdios sintomáticos (hoje intitulado como ?trema da esquizofrenia?, um estado de mal estar inespecífico, sensação de que algo ruim vai acontecer, medo, etc), até a crise psicótica em si. Apesar de esquizofrenia necessitar de 6 meses de sintomas para firmar diagnóstico, a temporalidade do livro é incerta. Não sabemos se é passado em 1 dia, semanas ou meses.

A explicação para o título do livro, ?O duplo?, faz parte da Síndrome de falsa identificação delirante. Tal síndrome subdivide-se quatro:
Fregoli, capgras, intermetamorfose e duplo subjetivo. Duplo subjetivo é o vivenciado pelo personagem: enxerga em outra pessoa sua imagem, com mesmo nome e características físicas, mas com personalidade distinta, como um impostor.
Não existe alguém que descreva a alma humana como Dostoievski, ficando claro também nesse livro. O autor tinha uma predileção para temas existenciais e psicopatológicos, descrevendo de forma exata fenômenos mentais.
Contudo, entendo boa parte da crítica a história. É um livro maçante em muitas partes, chega a ser entediante. E além disso é confuso, visto que o protagonista tem sintoma clássico da esquizofrenia: discurso desconexo/ ilógico. Ficando confuso pra quem lê.

A título de curiosidade, outras alterações psicopatológicas presentes: delírios persecutórios, agitação, alterações somáticas, ecolalia, desorganização comportamental, dentre outras.

Um livro que vale a pena para os estudiosos ou entusiastas da saúde mental.
MaywormIsa 26/06/2022minha estante
Que pena que é maçante, eu tive a mesma sensação em crime e castigo, apesar de essa questão da patologia me chamar atenção.




Carlos 20/03/2018

Como ya lo dije anteriormente, este libro se asemeja mucho a una montaña rusa, en ocasiones va arriba a un nivel tal que te mantiene en vilo, de una manera que no puedes dejar de leer porque mantiene tu atención totalmente centrada en el desarrollo de la historia, para luego bajar y contar con pasajes verdaderamente soporíferos que funcionan (al menos en mi caso) como un perfecto sedante cuando ataca la falta de sueño; para luego volver a subir y bajar otra vez y así sucesivamente.

De los que llevo leídos de Dostoyevski este es el que menos me ha gustado, no porque lo considere malo, sino porque el hecho relatado en el primer párrafo no me permitió avanzar con la lectura al ritmo que hubiese querido, lo cual me ha cabreado en cierta medida.

El protagonista es un punto aparte. Con un carácter de lo más peculiar y una forma de hablar en extremo adicta a los circunloquios Iákov Petrovich Goliadkin ciertamente es, hasta el momento, el protagonista de Dostoyevski con el que menos he simpatizado, por ejemplo, no tiene el mismo peso narrativo que Raskolnikov (de Crimen y castigo), ni la sensibilidad profunda de Makar Alekséievich Devushkin y Varvara Alekséievna Dobrosiolova (protagonistas de Pobres gentes). La construcción del personaje lo dotó de un comportamiento que, en mi país, podría ser calificado como denso o pesado, amén de ser sumamente indeciso cuando debe resolver algo e inconstante en las decisiones que toma (un ejemplo de ello se observa hacia el final de la versión de 1866 y en diversos otros pasajes de la obra cuando ya tomada una decisión, emprende la acción contraria autojustificándose con argumentos sumamente enclenques), estas contradicciones (aparte del gusto por los circunloquios) no me permitieron empatizar con el personaje, tanto que si pudiera meterme en el libro, le hubiera propinado una buenas cachetadas.

El Goliadkin menor no corre mejor suerte, no puedo admirar a un personaje cuyo único objetivo radica en hacer la vida imposible a alguien que ningún daño le ha hecho y que incluso le ha tenido por huésped en su propia casa. Todo cuando vemos de parte de Goliadkin menor son burlas, desprecios y humillaciones al Goliadkin original, quien, a pesar de lo dicho en el párrafo anterior, no se merecía pasar por tales situaciones, puesto que nada ha hecho al otro o, al menos, Dostoyevski no nos relata si es que algo ha ocurrido entre ambos antes. Goliadkin menor me resultó francamente insoportable. Pocos personajes me han merecido tan poca empatía como los dos Goliadkin, creo que el último personaje protagonista que me ocasionó lo mismo fue Ifemelu, protagonista de Americanah, excelente novela que leí el año pasado.

No me deja un buen sabor de boca ponerle tres estrellas a un libro de Dostoyevski, pero no me ha resultado tan grata esta lectura y la calificación tiene mucha relación con el proceso de la lectura. Dicho esto, de ninguna manera considero que la obra merezca las descalificaciones que debió soportar al momento de su aparición. Lo bueno es que luego Dostoyevski se ha redimido con sus obras posteriores para ser un inmortal en la historia de la literatura universal.
Dhayana 28/03/2018minha estante
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Geraldobneto 15/02/2019

Poderia ser, mas...
O segundo livro de Dostoievski é pra mim um dos clássicos exemplos de obras que poderiam ter sido perfeitas, maravilhosas, atemporais, mas não foi dessa vez :( O livro tem bons momentos e muitos méritos, é um livro experimental, definitivamente, mas como obra em si, como narrativa, não me convenceu...
Mas vou ressaltar novamente como Dostoievski escreve bem, meu Deus! E como ele constrói personagens como ninguém
Luh 20/02/2020minha estante
É isso. A gente acha interessante mas não chega a gostar da obra.




Toni 07/02/2012

Ambiguidade e desintegração
Mikhail Bakhtin identifica as raízes do romance dostoievskiano na tradição sério-cômica do diálogo socrático, da sátira menipeia e do romance de aventuras. Esses gêneros se diferenciam dos gêneros estritamente sérios – como a epopéia e a tragédia – na medida em que, ao contrário da seriedade retórica unilateral, da racionalidade, da univocidade e do dogmatismo destes, aqueles apresentam uma “alegre relatividade”, “dotada de uma poderosa força vivificante e transformadora e de uma vitalidade indestrutível” (BAKHTIN, 2010, p.122). A dualidade, a natureza profundamente dialógica e a relatividade na busca da verdade, dados geralmente no limiar entre a vida e a morte, a loucura e a sanidade, levam as personagens de Dostoiévski, à maneira das personagens dos gêneros sério-cômicos, a se libertarem das determinações histórico-biográficas, comuns aos gêneros sérios, e se tornarem homens de ideias, na acepção mais profunda do termo.

É no limiar entre loucura e sanidade que são narradas as malogradas aventuras do amanuense Yákov Pietróvitch Golyádkin, protagonista de O Duplo. Levada ao prelo no início de 1846, logo após seu aclamado romance de estreia, Gente pobre, trata-se de uma novela sobre o desdobramento da personalidade e o contraste entre as ambições de um conselheiro titular e a impossibilidade de ascensão social na corrupta hierarquia burocrática petersburguense. Contrariando a seriedade do tema, todavia, a novela possui uma composição essencialmente carnavalizada, construída como estilização parodística em dois níveis diferentes, um externo e outro interno à obra: o primeiro diz respeito ao diálogo do texto de Dostoiévski com o estilo elevado de Almas mortas e das narrativas breves de Gógol, como O nariz e Diário de um louco; internamente, a paródia é estabelecida na relação entre o protagonista e o narrador, quando a expressão deste último parece se identificar com a consciência de Golyádkin, para em seguida manter-se a distância com o intuito de parodiar o mesmo Goliádkin de quem parecia compadecer-se.

A oscilação entre paródia e simpatia determina o tom tragicômico da novela, engendrando a ambiguidade característica das obras iniciais de Dostoiévski, nas quais, segundo Frank, “um personagem é apresentado simultaneamente como oprimido pela sociedade e condenável e desprezível do ponto de vista moral” (FRANK, 1999, p.393). Nesta novela, Golyádkin é carente de convívio social e se esforça por ascender socialmente sem, contudo, entregar-se às exigências de “fazer rapapés” e “embelezar o estilo” que a sociedade almejada por ele demanda. Nas palavras de Bakhtin, “a novela conta como Golyádkin queria passar sem a consciência do outro, sem ser reconhecido pelo outro, queria evitar o outro e afirmar a si mesmo, e conta no que isso deu.” (BAKHTIN, 2010, p.247). A discrepância entre a consciência que tem de si mesmo e as ações que desempenha no mundo real, incompatíveis com as relações burocráticas, leva Golyádkin à mania de perseguição que culminará com o aparecimento do duplo – idêntico ao primeiro, mas seu contraponto social: seguro, autossuficiente e zombeteiro – que surge para provocar o protagonista e ser bem sucedido nos espaços onde Golyádkin fracassara.

A alta concentração de ambiguidade e desintegração em O Duplo impediu que a recepção da novela em 1846 correspondesse às expectativas de Dostoiévski. Frente a um público que procurava obras bem acabadas e com uma mensagem claramente definida, as atrapalhadas aventuras do senhor Golyádkin só poderiam malograr. É interessante notar que aqueles mesmos elementos que garantiram sua repulsa quando de seu lançamento são, para a modernidade, fatores determinantes à sua apreciação, que se baseia no grau de ambiguidade e irredutibilidade da obra. Até hoje O Duplo permanece uma leitura perturbadora, que nos faz lembrar a assertiva de James Wood acerca do escritor russo: “nada na literatura (...) prepara o leitor para os personagens de Dostoiévski” (WOOD, 2011, p.140).
Toni 08/09/2012minha estante
Olá Daniel, concordo com você em todos os detalhes de seu comentário. O Goliádkin é mesmo uma versão patologicamente piorada do Makar. Nos estudos que li sobre a obra do Dostoiévski marca-se bastante essa "repetição" (que não é bem repetição mas vá-lá) de "tipos" emprestados a outros autores e de obras anteriores dele. O próprio Gente Pobre (que também admiro muito; quis fazer uma resenha mas a época não deixou) tem muito do personagem Akaki d'O capote, de Gógol (referenciado no romance numa passagem que considero brilhante!).

Tive que ler bastante Dostoiévski devido a uma disciplina optativa do mestrado e, coincidentemente, li esse artigo que você citou para escrever meu trabalho final da disciplina que tinha tudo a ver com o que é dito ali. Dei a minha análise o título "'Ah se eu fosse poeta!': A carnavalização na descrição do baile de Clara Olsufievna em 'O Duplo'". Trata do capítulo IV que considero dos mais brilhantes dentro da obra de Dostoievski. Alguns trechos desta resenha foram tirados de lá. Se algum dia eu publicá-la, passo-te o link acto contínuo.

Enfim! Valeu pelo comentário, é excelente ter com quem discutir por aqui. =}




Ariela 09/05/2020

Narrativa única e complexa
"O Duplo" não é um livro rápido ou fácil de ler. Por a narrativa ser pelo ponto de vista do personagem principal (que tem um pensamento muito confuso), ela é complexa, a sequência de eventos nem sempre clara e você se questiona o tempo todo se o que está acontecendo é realmente real. Mas é justamente nessa confusão e nesses questionamentos que você consegue se inserir no pensamento do protagonista e viver suas agonias junto com ele.
O livro me surpreendeu muito, foi além do esperado. Ele gera diferentes reflexões e especulações sobre o piscológico do protagonista. Essa incerteza do que está realmente acontecendo trás uma sensação única na leitura e, por isso, vale muito a pena!
Cris.Guimaraes 09/05/2020minha estante
Dostoievski não é fácil mesmo!




Diego Rodrigues 08/10/2021

A primeira expedição de Dostoiévski às cavernas da mente humana
Após abandonar a carreira militar para se dedicar a literatura, Dostoiévski viu seu romance de estreia, "Gente Pobre", cair nas graças da crítica. Publicado um pouco mais tarde naquele mesmo ano de 1846, "O Duplo" teve uma recepção bem diferente de seu antecessor. Incompreendida, a obra foi tida como uma grande decepção por aqueles que viam em Dostoiévski a possiblidade de um novo Gógol. Olhando em retrospecto, é possível entender o estranhamento que o romance causou. "O Duplo" marca o primeiro mergulho de Dostoiévski no psiquismo humano, elemento que se tornaria recorrente em seus escritos e que seria explorado mais a fundo em obras como "Crime e Castigo", "O Idiota" e "Os Irmãos Karamázov". Não que a psique humana não tivesse sido explorada na literatura russa até então, autores como Pushkin e Gógol já haviam tratado do tema, mas não da forma como Dostoiévski o fez. Mais que um simples curioso, Dostoiévski realmente buscava conhecimento sobre o campo da psicologia, talvez pelo fato de sofrer de epilepsia (há controvérsias quanto a isso). O fato é que o psiquismo era muito mais que simples interesse para Dostoiévski e "O Duplo" foi a sua primeira expedição às cavernas da mente humana.

Aqui nós vamos acompanhar o drama do pequeno funcionário público que almeja aceitação na alta sociedade. Golyádkin é diagnosticado com solidão e o médico lhe prescreve: convívio social e "não ser inimigo da garrafa." Mas o protagonista se vê emaranhado por uma teia de amarras morais e sociais, perdido em um labirinto burocrático sem fim numa Petersburgo cinzenta. Após um episódio traumático que desencadeia numa crise, Golyádkin se vê face a face com seu duplo. Seria sonho? Loucura? Uma peça pregada pelos colegas de trabalho? Golyádkin então passa a conviver com seu duplo, o que rende até alguns momentos de humor, mas aos poucos o recém chegado vai se revelando um verdadeiro tormento para o original.

Construídos com maestria, os diálogos roubam a cena em "O Duplo". Não só as conversas entre Golyádkin e seu duplo são excepcionais, como também as conversas que o protagonista tem com seu médico, seus colegas de trabalho e seus superiores, e até mesmo seus longos monólogos, tudo parece um intrincado jogo de xadrez psicológico no qual Dostoiévski vai movendo as peças até chegar ao xeque-mate: um trágico desfecho propenso a mergulhar o leitor em um estado de melancolia.

Mas seria essa uma leitura complexa? Não! Apesar de todo o labirinto psicológico envolvido, "O Duplo" é um romance extremamente fluido (talvez o Dostoiévski mais fluido que já li). Com pouco mais de duzentas páginas e de rápida leitura, acredito que esta seja a porta de entrada ideal para aqueles que pretendem embarcar na obra dostoievskiana. Sem contar que a identificação com o protagonista acontece de forma muito natural, afinal, quem nunca de sentiu deslocado no meio social em algum momento? Sabe aquela sensação de não se encaixar? Quantos de nós somos duplos sem perceber? Quantas vezes criamos uma outra versão de nós mesmos para cumprir as conveniências sociais e acabamos nos perdendo dentro dela, presos em nossos próprios papéis? Questões como essas surgirão ao longo da narrativa. Se prepare pra ser incomodado, essa não é uma leitura agradável.

Quanto a edição da 34, falar sobre é chover no molhado, né? Com tradução e posfácio de Paulo Bezerra e ilustrações do expressionista austríaco Alfred Kubin (que dialogam muito bem com a obra), a edição entrega tudo para que o leitor tenha a melhor e mais completa experiência de leitura. Aquele cuidado especial que todo romance dostoievskiano merece.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 09/10/2021minha estante
Show de resenha! Preciso ler esse livro! ?




Raissa 31/10/2023

Terminei na força do ódio
Primeiro livro do Dostoiévski que não me agradou, faz parte! A história tinha tudo pra dar certo, os temas psicológicos, loucura, devaneios, me lembrou vagamente algumas partes de O Médico e o Monstro, mas simplesmente não rolou pra mim. O protagonista é super chato e, pra representar o estado mental dele, suas falar são propositadamente escritas de forma repetitiva, ou seja, na metade do livro já dá um cansaço de continuar. Mesmo assim eu não vou deixar de indicar, isso foi apenas a minha experiência de leitura e sei que algumas pessoas amaram a história.
Mireille 31/10/2023minha estante
?




Lais544 01/12/2020

Dostoiévski trabalha com personagens miseráveis, humilhados, pobres, com poucas perspectivas de uma vida melhor. Golyádkin é um personagem que, talvez, poderia ascender na vida, não fosse sua loucura e mediocridade como pessoa. Seu duplo nada mais é do que uma projeção do que ele gostaria de ser: desenvolto, bonito, falante, persuasivo. E é justamente esse desejo de ser diferente ? retratado pelo seu duplo ? que o leva para mais fundo nesse poço e o afoga em paranóias.
Manoel Rodrigo 10/12/2020minha estante
Sua resenha .e
Sua resenha despertou em mim a vontade de ler esse livro, apesar de já ter ouvido falar dele.




Paulinho 31/05/2013

"A única pessoa no seu caminho é você mesma." Cisne Negro
O Outro

O Duplo, título original; Dvoinik, do consagrado escrito Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski, foi publicado em 1846. Eu fiquei sabendo desta obra após assisti o bônus do DVD Cisne Negro, chamado A Metamorfose do Cisne Negro, onde Darren Aronofsky, diz ter tido a idéia do filme em O Duplo e após ter assistido a uma apresentação de O Lago dos Cisnes ele decidiu trabalhar com essa temática. Uma boa obra sempre puxa outra, amei tanto esse filme, que decidir ler o livro que o inspirou e não podia estar mais satisfeito. O Duplo é um trabalho de excelente escrita. Centrado principalmente nos diálogos, Dostoiévski cria uma atmosfera dúbia e angustiante. São nos diálogos que estão muitas pistas sobre a real condição do nosso herói, nas narrativas de seus encontros com O Duplo e no comportamento de alguns personagens como o criado Pietruchka.

O livro narra a desventura do senhor Golyádkin, que devido a um benfeitor consegue um emprego, e isso o induz a pensar que ele foi convidado a um jantar da aristocracia russa. O seu nome já expressa sua condição:

O sobrenome Golyádkin deriva de golyadá, que significa pobre, indigente, mendigo, miserável etc.

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo IV. Página 53.]

Golyádkin é um homem introspectivo, que não consegue expressar-se com fluidez, é tímido e solitário como fica claro nesses trechos:

[...] seu tratamento deve consistir na mudança de hábitos... Bem, em divertimento; fazer visitas a amigos e conhecidos e ao mesmo tempo não ser inimigo da garrafa; conviver em grupos divertidos.

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo II. Página 21.]

- Estou dizendo que me desculpe, Crestian Ivánovitch, porque, pelo que me parece, não sou mestre em falar bonito.

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo II. Página 23.]

A novela que narra a saga do senhor Golyádkin é constituída de treze capítulos e tem ilustrações fantásticas de Alfred Kubin. O livro é fácil de ler e é interessante, o estimulo é perceber as dicas que o autor nos dá durante todo o livro. O inicio de Cisne Negro é bem parecido com o do livro, ou seja, começa com um despertar, isso é importante, pois não temos nenhuma informação anterior do senhor Golyádkin a não ser as sugeridas em diálogos, fica claro, portanto que embora o narrador seja em terceira pessoa, a história é contada do ponto de vista de Golyádkin, assim como no filme Cisne Negro os movimentos de câmera sugerem que o ponto de vista é o de Nina.

Aliás, ficou uns dois minutos deitado em sua cama, imóvel, como alguém que ainda não sabe direito se acordou ou continua dormindo, se tudo o que está acontecendo a seu redor é de fato real ou uma continuação dos seus desordenados devaneios.

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo I. Página 09.]

Golyádkin não gosta da alta sociedade russa, não aceita participar suas falsidades e hipocrisias e por isso está só, mas deseja inserir-se nela devido a sua paixão Clara Olsúfievna.

- Eu Crestian Ivánovitch continuou o senhor Golyádkin no mesmo tom anterior, um pouco irritado e preocupado com a extrema insistência de Crestian Ivánovitch -, eu, Crestian Ivánovitch, gosto da tranquilidade e não do burburinho da alta sociedade.

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo II. Página 23.]

"- Senhores, até hoje não me conheceram. Dar explicações aqui e agora não seria de todo oportuno. Vou lhes dizer apenas uma coisa breve, de passagem. Há pessoas, senhores, que não gostam de rodeios e que só usam máscaras nos bailes de máscara. Há pessoas para quem o objetivo imediato do homem não está em sua habilidade para fazer rapapés. Também há pessoas, senhores, que não dizem que são felizes e levam uma vida plena, mas, por exemplo, usam calças que lhes caem bem. Há, por fim, pessoas que não gostam de andar por aí saltitando e saracoteando à toa, procurando cair nas graças de alguém, bajulando e principalmente, senhores, metendo o nariz onde não são chamadas... Senhores, eu disse quase tudo; agora permitam que me retire..."

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo III. Página 38.]

Ele sugere também que há um lado seu desconhecido:

- Os senhores todos me conhecem, mas até agora só conheceram um lado meu. Neste caso não cabe censurar ninguém, e confesso que eu mesmo tenho uma parte da culpa.

[ O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo III. Página 37.]

Todos esses trechos servem para expor que a solidão é o maior mal de um ser humano. Tanto no filme Cisne Nego quanto no livro os protagonistas parecem viver dentro de si, sem sair, sem se divertir e sem amigos outro ponto interessante é a ideia de perseguição:

- Eu tenho inimigos, Crestian Ivánovitch, tenho inimigos; tenho inimigos cruéis, que juraram me arruinar...

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo II. Página 26.]

E para percebermos como o estado de Golyádkin é grave o trecho que faz referência a remédios:

-Vou continuar tomando os medicamentos como o senhor diz, Crestian Ivánovitch, vou continuar tomando-os e também comprando-os na mesma farmácia... Hoje em dia, Crestian Ivánovitch, até ser farmacêutico já é uma coisa importante...

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo II. Página 28.]

Montado esse o quadro psicológico do personagem começa-se a narrativa das conturbações do nosso herói, quando Golyádkin ver seu Duplo é bem parecido com a ideia de Cisne Negro, um homem passa por ele e ele percebe que o transeunte é igual a ele.

Súbito ele parou como se estivesse plantado, como se um raio o tivesse atingido, virou-se rápido para trás, seguindo o transeunte que acabava de ultrapassá-lo voltou-se de um jeito como se algo o tivesse puxado por trás, como se o vento o tivesse feito girar como um cata-vento.

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo V. Página 68-69.]

Não irei estender demais esta análise, queria apenas traçar alguns paralelos entre o filme, Cisne Negro e a novela O Duplo. Por isso ressalto aqui outra semelhança importante, os espelhos.
À porta, que até então ele tomara por um espelho, como outrora já lhe acontecera, apareceu sabe-se quem: ele, o conhecido bem íntimo e amigo do senhor Golyádkin.

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo XII. Página 208-209.]

O Duplo é uma verdadeira viagem a o inconsciente humano, aos seus desdobramentos, a sua importância. Um livro para se ler, ver, olhar e reparar como diria José Saramago. A obra que com certeza influenciou muitas outras tais como: a duplicidade de Golum de O Senhor dos Anéis, as histórias de irmãos gêmeos, clones, e tantos outros personagens nos quais a ambiguidade e a duplicidade são fundamentais.

A sanidade humana depende da companhia de outras sanidades.

Procura um homem bom, meu amigo. Hoje em dia um homem bom é coisa rara, meu querido; ele toma um trago contigo, te dá de comer, de beber, minha cara e boa alma... Porque às vezes percebes que até através do ouro lágrimas escorrem, meu amigo... [...].

[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo XIII. Página 221.]

E lembrem-se:



Porque, como diz o ditado, guarda-te do homem que não fala e do cão que não ladra.


[O Duplo. Fiódor Dostoiévski. 256 páginas - Editora 34. Capítulo VI. Página 91.]
Adriano Barreto 24/07/2017minha estante
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Paulo 19/12/2022

O Duas Caras
Golyádkin, retratado como "nosso herói", acaba sendo, de fato, um herói.
Dentro de tanta provação, manteve sua determinação de pensamento, mesmo na loucura. Qualquer outro já teria sucumbido as artimanhas da sociedade e dos outros personagens e teria entregado as pontas. Mas não ele, se manteve firme mesmo sendo enviado à casa de loucos.
Ao meu ver, a cópia dele não se trata de uma projeção de quem ele almejava ser, mas sim de um estilo que era aceito na sociedade e que se ele não mostrasse essa outra face da moeda, não seria permitido nessa sociedade de loucos. Viver nessas amarras da sociedade é loucura e os que fazem parte desse circo, são todos loucos também.
O incrível é que essa face do absurdo é bem recebida, o que nos mostra que temos que dançar conforme nos é imposto. Temos que ser esse excesso para as pessoas gostarem de nós e não nos acharem estranhos.
Só mostrando um outro você para não ser devorado, ou esquecido, nesse caso, numa casa de loucos.
Não obstante, mesmo tendo mantido a sua determinação de pensamento, Golyádkin segundo enterra o Golyádkin primeiro para ser possível viver nesse grã-finismo, e poder ser somente esse alienado normatizado. Prendendo, em um canto bem esquecido de sua mente, seu verdadeiro eu.
Roberto 19/12/2022minha estante
Achei interessante seu ponto de vista, principalmente pelo fato da maioria dos leitores não gostarem da história por acharem o Golyadkin um personagem "chato e medíocre ", mostrando que não entenderam muito bem a história ou leram de joelhos




Felipe 05/10/2012

"Assim é a coisa!"
Durante a narração de O Duplo, Dostoiévski constantemente chama o seu protagonista de herói: O nosso herói, O herói dessa história. Tudo isso não passa de um efeito satírico, pois ao longo do romance enfrentamos uma completa desestruturação do conceito clássico de herói dentro de uma narrativa. O que temos é um personagem hediondo assombrado por uma monstruosidade: o seu próprio duplo. Aqui Dostoiévski antecipa em alguns anos aquilo que ficou conhecido como uma narrativa kafkiana: um enredo fantástico encharcado até a tampa de realismo. Não temos uma discussão pormenorizada sobre o duplo e os personagens trabalham em prol dessa naturalização do inaudito, pois ninguém reflete sobre ou fica perplexo com o duplo que vaga por todos os cantos enquanto o nosso herói duplicado cai em um estado de catatonia diante desse evento horrendo.

Dostoiévski, além de criar uma das histórias mais nefastas, nos brinda com uma aula de elegância. Como construir uma história fantástica sem cair em questionamentos insípidos diante do próprio evento narrado? Eis uma receita simples: tirar o evento da categoria surreal e lança-lo, de forma veloz, no campo das coisas possíveis, criando assim um efeito singular, dos mais atrozes.

Fugindo de uma patologização medíocre, correndo longe de um cientificismo barato sobre o cérebro humano, o que existe aqui é a arte, arte como sonda, arte que penetra os meandros humanos para investigar não a doença individual, mas a doença coletiva de uma sociedade extremamente perversa, movimentada por engrenagens sombrias que levam um indivíduo a loucura em caso de não adaptação a esses ideais obscuros de convivência.

Uma obra-prima!
Tuzin 07/07/2014minha estante
um outro pensamento para a constante utilização do termo "herói" seria assumi-la literalmente. ora, um homem nas condições da personagem principal que, mesmo assim, mantém sempre uma fagulha de esperança consigo é digníssimo de tal caracterização, sem ironias. ainda há o ponto de vista mitológico, como se o recorrente uso das expressões fosse um alerta para o fim trágico que, no fundo, nosso herói já estaria destinado a cumprir (e, por diversas vezes na narrativa, externou tal pressentimento).




Aguinaldo 12/10/2011

o duplo
São numerosas na literatura aparições de personagens que se duplicam, personagens que encontram e passam a ser assombrados por um sósia, um outro eu, um "Doppelgänger". Claro, não se trata apenas um fenômeno restrito à literatura. Também no folclore, nas mitologias (como por exemplo a germânica e a escandinava), ou na cultura popular de muitos países é recorrente a idéia de um espírito que antecipa notícias funestas ou personifica a morte. Fiódor Dostoiévski, logo em seu segundo livro, "O duplo", trata desse tema curioso. O resultado é um poderoso romance psicológico, onde acompanhamos o processo de dissociação mental do funcionário público Yakov Petrovich Golyadkin. Dostoiévski descreve como operam transtornos mentais, esquizofrenias, paranóias e alucinações. Seu personagem principal, Golyadkin, nos é apresentado no início do romance preparando-se para ir a um jantar de gala, uma recepção, oferecida em homenagem a filha de seu antigo preceptor. Logo ao sair se aborrece ao encontrar um colega de trabalho que aparentemente também irá a mesma recepção. Indignado ele resolve consultar seu médico. Esse médico insiste na necessidade de Golyadkin diversificar sua vida social, entreter-se com regularidade e continuar tomando seus medicamentos como já havia sido prescrito. Acompanhamos como Golyadkin se desloca até a recepção e é inicialmente barrado, mal chega às escadarias, mas consegue, após muito esperar em uma porta lateral, misturar-se com os convidados. Ato contínuo ele tenta se aproximar da filha de seu preceptor e dançar com ela, mas é expulso do local. O que se segue é uma vertigem, uma sucessão de capítulos densos e movimentados, que sufocam o leitor. Podemos entender que a partir desse ponto lê-se as fantasias de um sujeito enlouquecido, preso em algum sanatório, divagando sobre sua condição. Ou podemos continuar a leitura linearmente e acompanhar como a esquizofrenia progressivamente se manifesta, na forma de um duplo de Golyadkin. Esse sujeito é idêntico a ele (na verdade é ele mesmo, claro), mas é um sujeito que opera maravilhosamente bem as regras e a etiqueta das relações sociais. Como se estivesse comprometido com sua destruição, seu olvido, o duplo assume todas as suas funções, se apropia de todas suas relações pessoais e profissionais, mostrando-se eficiente, solícito, prestativo, até divertido. Alcança por fim a intimidade de toda a hierarquia ao qual está subordinado. O final do livro obviamente é terrível, assustador. Mas eu já escrevi demais. Leitura indispensável, muito inspiradora. Poucas coisas substituem o verdadeiro prazer que os textos clássicos, de um autor forte, podem proporcionar. O livro inclui ilustrações (desenhos) intensas, expressionistas, produzidas ainda no início do século passado por Alfred Kubin. Há um pequeno ensaio de Samuel Titan Jr. descrevendo o contexto histórico dessas ilustrações, feitas especificamente para "O duplo" e estabelecendo com o texto do livro uma associação realmente poderosa. Por fim encontramos um posfácio muito bom, escrito por Paulo Bezerra, o tradutor do livro afinal de contas, que ilumina as passagens mais estranhas e obscuras. Haverá mais cousas de Dostoiévski aqui nesse ano. [início 14/09/2011 - fim 29/09/2011]
"O duplo", Fiódor Dostoiévski, tradução de Paulo Bezerra, desenhos de Alfred Kubin, São Paulo: editora 34, 1a. edição (2011), brochura 14x21 cm, 255 págs. ISBN: 978-85-7326-472-2 [edição original: Dvoinik (Двойник. Петербургская поэма) «Отечественные записки» São Petersburgo (Russia) (1846)]
Pedro 03/11/2011minha estante
Caro Aguinaldo,

gostei de sua resenha! Pena não ter conseguido aproveitar tanto assim o romance. Mas achei ótima sua leitura.
abraço,
Pedro




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