spoiler visualizarnanda :) 14/07/2023
Ela disse, ele disse: o único onde dois pontos de vista funciona
“— Você vai tomar cuidado? — perguntei.
— Vou, Rosa, pode ficar tranquila.
— Tranquila eu só vou ficar depois de tudo acabar, viu?
— Sério? E se eu ficar com muitos hematomas? Você vai cuidar de mim?”
Comprei esse livro a um tempo, acho que quando o filme estava para sair, no sebo, e li na época. Acabei colocando em uma pilha de livros que pretendia devolver, mas, numa manhã onde meu celular estava descarregado, resolvi pegar de novo. Menos de 200 páginas, letra e margem grande, algo bem rápido. Nem planejava fazer uma resenha desse livro, mas, como toda leitura é válida, resolvi considerar essa.
Não é inovador e revolucionário. É uma história bem simples, com personagens simples, e uma escrita simples. Não existem grandes conflitos, nem grandes resoluções, nada de mais. É uma sólida nota R.
Porém, a medida que fui lendo, comecei a me importar com os personagens, com os seus problemas, e creio que adaptei a minha mentalidade para ver os problemas do ponto de vista deles -afinal, eles só tem catorze anos, e eu sou muito madura com os meus grandes dezesseis. Talita Rebouças força o leitor a entender a visão de seus personagens, e, independente de que é a coisa mais ridícula do mundo, como o quase-beijo do Léo e da Rosa, por ser algo grande para os personagens, se torna algo grande para o leitor.
Eu gostei demais da história dos dois, do jeitinho deles de enxergar o mundo, e de como os fatos se seguiram. Geralmente, odeio pontos de vistas distintos, mas aqui, funciona muito bem, parece que você é um fantasminha espiando na cabeça da Rosa e do Léo. Faz com que nos importemos com ambos os personagens, vejamos seus contrastes, e deixa a história mais engraçada.
Acho que esse foi um ponto muito importante para eu gostar dessa narrativa: ela é divertida. Ela entretém, te deixa presa na história o suficiente para continuar a história sem perceber que as páginas estão passando e o fim está chegando. Os dramas são bobinhos, e você se importa com eles, e, quando menos se vê, acabou o livro.
Os personagens principais, Rosa e Léo, são muito cativantes, assim como os outros personagens, apesar desses serem pouco desenvolvidos. Eles te prendem, são gostosos de ouvir, e ler seus pensamentos é engraçado. Suas ações fazem sentido, considerando que eles tem catorze anos, e as suas reações as coisas é um barato. Rosa é uma querida, e o Léo também -apesar de ser meio tonto-, mas nada supera a Ludlinda!
Gostei bastante da relação entre eles, Léo e Rosa, que, apesar dos obstáculos no caminho, me fez rir e sentir o coração quentinho. Gosto como eles não são necessariamente opostos, e se esforçam para se entender, e como nasce aos poucos, sem intenção. Parece um amor adolescente, que talvez acabe daqui a alguns meses, ou dure para o resto da vida. Antes de serem amantes, são amigos, e acho que esse é um fator importantíssimo.
Admito, a escrita, a princípio, é meio estranha, e dá até um pouquinho de vergonha. Talita, nenhum adolescente fala desse jeito! Ou, pelo menos, eu não falo assim -espero. Apesar do uso excessivo de gírias, é uma leitura muito gostosa e rápida, que, novamente, te prende sem você nem perceber. Gosto demais, e percebo que é um estilo bem clássico Talita Rebouças.
De novo, não é um livro excepcional. Não entrega muito além do que promete, e não promete muito. Mesmo assim, foi uma leitura rápida e divertida, que me entreteve, e me fez feliz. Prefiro muito mais livros assim, simples mas relacionáveis, do que livros complexos, cheios de camadas onde nenhuma consegue se conectar com o leitor.