joaoggur 20/10/2023
As put@s estão tristes; os velhos, melancólicos.
Creio que antes de lê-lo precisa saber que este fora o último livro de Gabriel Garcia Márquez; escrevera perto dos oitenta anos. O niilismo da velhice é encarnado no enigmático personagem principal. Não sabendo nem seu nome, e acho difícil qualquer leitor com ele se afeiçoar; em seu nonagenário, quisera uma jovem virgem para deleitar-se após um longo período de paralisação dos trabalhos libidinais. O pretexto, sem dúvida, é abominável; o leitor apenas se assusta quando, diante da mocinha, uma fugaz paixão crescera em seu coração, acovardando qualquer carnalidade perante aquele corpo.
A reflexão, creio eu, está no fato da universalidade do amor. Ou, talvez, na infinibilidade, se me permitem o neologismo. Há certa amargura no protagonista, uma amargura impossível de não ser sentida, - a idade torna a angústia inevitável. Porém, diante do amor, sua existência tornara-se muito mais leve, e suas preocupações e questões existenciais relacionadas a ideia da morte de extinguiram; bastou amar para tornar-se jovem de novo.
Creio que valha a leitura. Uma boa introdução ao autor.