Marcos 14/03/2019Olá, galera! Hoje, vamos de mais uma resenha dupla do Marcos, em azul, e do Tiago, em laranja.
Eu já li alguns livros do King. Comecei minhas leituras de suas obras por Sob a redoma, que devorei em pouco tempo. A partir de então, tenho, sempre que posso, lido algum livro dele. A forma como o autor desenvolve seu enredo e personagens foi o que mais me chamou a atenção em Sob a redoma e fez tudo funcionar para mim. Afinal, eu poderia levar um tiro no pé com um livro daquele tamanho quando sempre recomendam começar a ler o autor por O iluminado.
Algumas obras raras e antigas do autor estão sendo relançadas. É o caso de A Zona Morta.
Johnny Smith é um jovem professor de literatura da escola de sua cidade, no interior do Maine. Ele está tentando começar a namorar Sarah, também professora. Ambos vão a um festival que está acontecendo na cidade, com parque de diversões e barracas de comidas típicas. Em uma dessas, um jogo de roleta chama a atenção de John, que resolve atender ao pedido do vendedor e tenta apostar a sorte naquele jogo. Na primeira rodada ele logo fatura o prêmio e resolve tentar de novo. Na segunda, idem. Quando na terceira ele consegue novamente muito dinheiro, Sarah e os demais começam a achar estranho aquele acontecimento e John consegue quebrar a banca inteiramente. Porém, sua noite não acabaria ali. Após deixar Sarah em casa, ele apanha um táxi para a sua residência. Durante o trajeto, um trágico acidente acontece matando o motorista e deixando nosso protagonista em coma profundo pelos próximos quatro anos.
Quando criança, Johnny já havia sofrido um acidente mais grave, porém, omitiu isso de toda a sua família. Numa pista de patinação, ele caiu e bateu com a parte frontal da cabeça no gelo, mesma região que ele machucou agora. Depois de acordar de tanto tempo em coma, Johnny percebe que há algo diferente em sua percepção do mundo: ao tocar uma pessoa, ele consegue ver o que acontecerá em seu futuro. Um dom que pode ser usado tanto para o bem quanto para o mal e Johhny sentirá na pele o peso e a responsabilidade disso.
King trabalha com poucos personagens neste livro. Cada um traz alguma importância em algum momento da história, mesmo aqueles que acabamos conhecendo sobre suas vidas para em poucas páginas morrerem. No começo, a gente não sabe muito bem o que pensar sobre alguns. Por exemplo, quando a mãe de John descobre que o filho sofreu o acidente de carro a narrativa nos traz um certo ar cômico devido sua reação. Um pouco mais tarde, vamos descobrir que a reação dela provém de outras razões.
A Zona Morta é um livro escrito no final da década de 70 tendo sua história se passando no mesmo período. Em virtude disso, todo o cenário, o comportamento dos personagens e também boa parte da narrativa sofre influência dessa época. Minha leitura do livro oscilou à medida que o avançava. No início, a viciante narrativa do King se faz presente e me manteve ávido pela história o tempo todo. Porém, do meio em diante o ritmo decai muito e só vem ser retomado nas últimas 100 páginas. King se estende bastante em diversas partes que poderiam ser facilmente enxugadas ou somente citadas brevemente no enredo.
O livro tinha tudo para ser uma história do caramba. Enquanto o lia, ficava imaginando como teria sido se alguém o tivesse estruturado para ser um romance policial. A meu ver, houve uma tentativa do autor de levar por esse caminho, mas falha. O começo chama a atenção como deve ser, mas o período de coma do John é longo, as coisas que acontecem após seu despertar são narradas em páginas e mais páginas e quando o livro tinha tudo para se encerrar muito bem temos mais cem páginas para ler. Por mim, a história poderia ser bem enxuta, mas ser prolixo é uma característica do autor.
No mais, A Zona Morta foi uma leitura boa, que traz momentos que prendem o leitor e outras que o deixam entediado. Acredito que não seja a melhor porta de entrada dos livros do King, uma vez que o autor demonstra mais do seu potencial em outras obras já publicadas.