Márcia 31/07/2022
Ensinamentos que estão escritos
Quando comprei Maktub, seguindo o plano de ler toda a obra de Paulo Coelho, pensei tratar-se de outra coisa: imaginei algo que desenvolvesse a semente que ele lançou no ?Alquimista?: _está escrito_, ?tinha que acontecer?_. De certa forma, até é possível estabelecer certa relação, mas não na forma de prosa, como imaginei. Esse Maktub aqui compõe-se de textos publicados pelo autor na _Folha de S. Paulo_ entre 10 de junho de 1993 e 11 de junho de 1994, em uma coluna da Ilustrada. Paulo informa que grande parte do livro ?é composta de ensinamentos de meu mestre, no decorrer de onze anos de convivência. Outros textos são relatos de amigos, ou pessoas com quem cruzei uma vez ? mas que me deixaram uma mensagem inesquecível?.
Para se ter uma ideia do estilo dos textos, deixo aqui um deles que muito me impactou (p. 54):
O pianista Arthur Rubinstein atrasou-se para o almoço num importante restaurante de Nova York. Seus amigos começaram a ficar preocupados ? mas Rubinstein finalmente apareceu, ao lado de uma loura espetacular, com um terço de sua idade.
Conhecido por seu pão-durismo, nesta tarde ele pediu os pratos mais caros, os vinhos mais raros e sofisticados. No final, pagou a conta com um sorriso nos lábios.
? Sei que vocês devem estar estranhando ? disse Rubinstein ? , mas hoje fui ao advogado fazer meu testamento. Dei uma boa quantia para minha filha, para meus parentes, fiz generosas doações para obras de caridade. De repente, me dei conta de que eu não estava incluído no meu testamento: era tudo dos outros!
?A partir daí, resolvi me tratar com mais generosidade.?
NO PÓS-PANDEMIA, TODO O MEU ESFORÇO TEM SIDO NO SENTIDO DE ME INCLUIR NO MEU PRÓPRIO TESTAMENTO.