Brenda 05/02/2022
É sempre delicado avaliar a literatura e a leitura poética, ao menos para mim, haja vista que livros de poesias não possuem a linearidade narrativa que romances "garantem". Uma obra inteira não guarda versos e mais versos sobre a mesma coisa, muito menos do mesmo modo. E essa não-permanência é via de mão dupla: ao passo que pode gerar movimento, pode criar aberturas para momentâneas decepções.
Dentre os alguns livros que já pude ler do Drummond, este sem dúvida foi um dos mais complexos, poética e tematicamente falando. A vida, a morte e o cotidiano são já temas comuns, corriqueiros, afinal, o cotidiano é essencialmente isto: o gosto da repetição. Mas aqui pude observar estas temáticas ganharem formas emaranhadas e se entrecuzarem com outras macro e microestruturas da vida humana: regionalismo, universalismo, individualismo, política.
E o resultado desta poética da complexidade é Drummond, que mais uma vez faz jus ao lugar canônico que ocupa, ainda que vez ou outra ele e eu tenhamos me permitido pensar em palavras fora das letras.