Luiza 10/07/2023
Como leiga, achei uma ótima leitura introdutória sobre o conceito de cultura e como ela se manifesta nas mais diversas épocas e civilizações. O livro parte da ótica antropológica para explicar o que é a cultura de forma séria e científica, o que lhe permite enfrentar o senso comum que acredita em visões intuitivas, porém incorretas, como o determinismo biológico ou geográfico. Dentre o que mais gostei de aprender, está a explicação da corrente de pensamento que defende que o humano é predominantemente um ser cultural e sofre mais influência da cultura do que da sua biologia, por temos criado o nosso próprio processo evolutivo por meio de comportamentos aprendidos com outras gerações e não biologicamente determinados. Outra parte das mais interessantes para mim é sobre as teorias da origem da cultura, que podem aceitar um ponto crítico da evolução da espécie como marco inicial de quando a cultura apareceu, mas que hoje já se entende que o desenvolvimento da cultura foi lento, pois a natureza não age por saltos. Com a descoberta de que o Australopiteco Africano já era capaz de adquirir alguns elementos da cultura (como fabricação de objetos e caça) com 1/3 do cérebro do Homo Sapiens, conclui-se que o desenvolvimento cultural se processou junto o desenvolvimento orgânico dos humanos e, assim, a cultura tanto produziu o homem quanto foi produzida por ele. Gostei também quando o autor explica que a cultura pode interferir no plano biológico, como nas doenças psicossomáticas ou até mesmo na cura de doenças reais ou imaginárias através da fé do doente. Por fim, gostei que o livro ensina sobre as mudanças culturais internas e externas, explicando os conceitos de aculturação (fusão de culturas que cria uma nova estrutura) e de difusão cultural (cópia ou transferência de aspectos de uma cultura para outra) e discutindo como mudanças culturais sempre causam conflitos pelo embate das tendências conservadoras com as inovadoras. Eu não gostei muito da parte das teorias modernas sobre cultura, pois achei confusa e difícil de entender pela forma resumida em que foi exposta. O destaque principal para mim é a transcrição, no final do livro, do fantástico texto de Ralph Linton que ilustra de forma irônica a difusão da cultura que construiu o modo de ser do homem nacionalista "100% americano", muito provocativo e didático.