Raphael 06/01/2021“Tripulação de esqueletos” de Stephen King. Sou um grande admirador do trabalho do Stephen King. Consumi bastante de sua obra na adolescência e começo da vida adulta. Depois, passei a ler outras coisas e dei uma afastada de seus livros. É sempre bom, contudo, revisitar este velho amigo.
Embora seja um grande escritor, S.K. também possui um defeito bastante comentado entre seus leitores e que sempre me incomodou: é prolixo demais. Nem seus livros de contos – o caso aqui – escapam do exagero de palavras. Tripulação de esqueletos possui mais de seiscentas páginas. Diferentes de outros mestres do gênero – Poe, Lovecraft – Stephen King precisa de muito texto para construir suas narrativas.
Aqui, nesta jornada de seiscentas páginas, me cansei em alguns momentos, mas também, confesso, me diverti na maioria deles. “Tripulação de esqueletos” possui 22 contos. Os destaques, que me vieram à memória após o término da leitura são os seguintes: “O Macaco”, “O atalho da Sra. Todd”, “Paranoico: um canto”, “A Balsa”, “O Processador de palavra dos deuses” e “O sobrevivente”. Daqui, também, saiu uma grande história, “O nevoeiro”, que virou um excelente filme nas mãos de Frank Darabont. O final do longa-metragem, ressalta-se, foi modificado com relação ao conto e recebeu elogios do próprio S.K. Ademais, “A balsa” foi também para as telas e pode ser encontrado na coletânea “Creepshow”. Assisti “a balsa” quando criança e foi uma das coisas mais aterrorizantes que já me aconteceu. Revi, depois de adulto, e continua sendo um filme assustador.
No mais, “Sra Todd” também merece menção, sendo uma história esquisita (no bom sentido da palavra) que me deixou bastante reflexivo. “O sobrevivente”, por fim, conta a história de um náufrago que passa pela terrível experiência de ter que comer o próprio corpo para sobreviver. Seria isso possível? Até que ponto? No posfácio, o autor conta, de forma engraçada, que consultou um médico para elaborar a narrativa. Esse médico, amigo seu, já havia sido consultado antes sobre a possibilidade de uma pessoa engolir um gato inteiro. Enfim, mais uma excelente obra para os fãs do gênero horror. Stephen King é um autor que dispensa apresentações. Após refletir sobre mais esta leitura do grande mestre prolixo, acho que estou preferindo o Stephen King contista ao romancista.