spoiler visualizarIzabella 26/07/2012
Arrebatador!
A história de "Questões do coração" começa no aniversário de casamento de Tessa e Nick, esse porém, ele tem um compromisso no meio do jantar e é obrigado a sair as pressas. Tessa acabou de largar o emprego e agora cuida das tarefas do lar e dos dois filhos, uma menininha rebelde de 4 anos e um filhinho de 2 . Está procurando uma boa escola para filha, e por mais que tente não ligar para os atrasos cada vez mais constantes do marido, não consegue, sente que cada vez mais ele se distancia do casamento, do convívio do lar e das obrigações de pai. Tenta não ligar muito para as suposições da mãe - que foi traída várias vezes pelo marido até resolver se divorciar, mas às vezes os pensamentos ruins são mais fortes. Ela está deprimida, sente que não consegue tomar conta dos filhos, do lar, do casamento e de si mesma.
Já Valerie é uma jovem advogada que conquistou tudo com muito esforço, não tem amigas e suas companhias se resumem a seu irmão gêmeo, o filho Charlie e a mãe com quem não tem o melhor relacionamento do mundo. Sua vida vira de cabeça para baixo quando um acidente na casa de um coleguinha fere o filho e é neste ponto que a vida dela e de Tessa se entrelaçam através de Nick, o médico de Charlie.
"Às vezes, coisas ruins simplesmente acontecem, mesmo com as melhores pessoas do mundo" - pág 91
Charlie é um menininho doce que nunca conheceu o pai e sempre sofreu por isso, logo fica amigo de Nick e a proximidade com ele acaba aproximando também Valerie do médico. Estou tentando não soltar muito spoiler, o que acaba sendo difícil e quase inevitável ao fazer uma resenha deste livro, visto o quanto ele é intenso.
"Ela assistia aos dois juntos quando sentiu uma pontada de tristeza aguda, desejando que Charlie tivesse um pai. Havia tempos ela aceitava sua situação, mas, em momentos como este, ela ainda achava inacreditável que o pai de Charlie não soubesse absolutamente nada sobre seu filho, sobre seu amor por música clássica, star wars, baleias azuis ou legos. Sobre a maneira engraçada como corre, com um braço estendido na lateral de seu corpo, ou sobre as linhas enrugadas e alegres que se formam ao redor de seus olhos quando sorri, a única criança com pés de galinha que ela conhece" - pág 94.
Muitas vezes nos colocamos no papel de cada personagem e querem saber? Eu realmente não sei o que faria se vivesse o que cada um deles vive nesse livro. "Questões do coração" nos choca, nos arrebata, nos faz sermos transportados para cada página, como se estivéssemos ali do lado, vendo tudo acontecer, querendo fazer alguma coisa, acordar alguém, bater noutrem.
Creio - não, tenho certeza - que a proposta de "Questões do coração" é demonstrar que as pessoas por mais certas que sejam, por mais altruístas que tenham o coração, erram, que muitas vezes é doloroso demais perdoarmos, porém, em algumas situação é certo o certo a se fazer, que é preciso tomarmos cuidado para quem "doamos" o nosso coração, e que é necessário curar algumas feridas, embora tenhamos sempre a certeza que as cicatrizes sempre permanecerão, para nos lembrar da dor. Afinal, perdoar é uma coisa, confiar é outra diferente e entre as duas existem as lembranças para que não esqueçamos das coisas que nos fazem crescer, amadurecer e mudar.
"A felicidade é a melhor vingança, sabia? É só ser feliz. É uma escolha" - pág 344.
Quando li a sinopse de "Questões do coração" me empolguei muito, nem sei o porquê, mas eu queria muito lê-lo. Confesso que em muitas cenas quis bater em alguém, soltar um "acorda", "faz alguma coisa", mas como um todo gostei muito do livro e da escrita da Emily Giffin, que fez algo muito legal neste livro, o dividiu em capítulos que são intercalados entre as duas personagens principais da história, Tessa (narrado em 1ª pessoa) e Valerie (narrado em 3ª pessoa). Já estou me descabelando para ler os outros livros dessa autora, porque há personagens que aparecem neste livro que têm suas próprias histórias contadas em outros já publicados no Brasil.