Carous 10/12/2017A descoberta de um livro que dá sonoEu tentei pelos anos em que ele ficou mofando na minha estante, pela pequena ansiedade que tinha de lê-lo, mas depois de ficar dois meses empacada com este livro sem conseguir cumprir sequer a meta que estabeleci de ler um capítulo POR SEMANA, decidi que não vou mais empurrar com a barriga uma leitura que me desagrada. Ainda mais depois de ler dois livros maravilhosos que mal conseguia largar e ver que não sou obrigada a engolir livros que escolhi ler por prazer.
Tem tanto problema aqui que nem sei por onde começar...
Quando folheei o livro, fiquei chocada com a fonte pequena e a quantidade de páginas. Pensei que talvez a editora original poderia ter editado algumas linhas para tornar o livro mais fino e, consequentemente, aumentar a fonte sem que o leitor tivesse que carregar um atlas por aí. Mas, me dei conta enquanto lia que a fonte e o tamanho do livro eram o menor dos problemas de A descoberta das bruxas. E diferente de muita gente que vi que xingou a Rocco pelo "trabalho porco" os culpados são na verdade a Deborah Harkness por ter se estendido tanto na escrita e sua editora que não falou: "Miga, vamos cortar umas 200 páginas aí". Até porque ERA necessário que se cortasse muita informação do livro já que não levava a lugar nenhum. Duas páginas descrevendo a aula de ioga que Diana e Matthew participaram? Parágrafos e parágrafos detalhando a rotina - entediante - da Diana como tomar chá, remar - constava quantas braçadas ela dava, o sentido do vento, e vááárias outros trechos desnecessários -? Para que isso? Eu tive a impressão de que Deborah fez o Ron de Parks and Recreation e pensou "Eu vou escrever todas as palavras que eu conheço neste livro" e o editor DEIXOU O LIVRO SER PUBLICADO ASSIM.
Sem contar que A descoberta das bruxas é o primeiro livro fictício que Harkness escreve. Nota-se que o conhecimento vasto dela na alquimia, nos esportes mais finos como remo, na culinária. Mas esses não são os ingredientes para criar um livro de fantasia gostoso de se ler. E o vocabulário técnico demais? Escreve que o coração bateu para caramba e todo mundo entende, filha!
Bom, então, com isso nas mãos, a Rocco não poderia ter feito muita coisa. Na verdade, fico feliz que tenha diminuído a fonte para que o livro tivesse apenas 640 páginas e não mil que provavelmente alcançaria se a fonte fosse maior. E ainda bem pelo discernimento de socar as palavras na página inteira para não aumentar o livro. Porque A descoberta das bruxas PESA, menina!!
Eu me apaixonei por Diana e Matthew imediatamente e só tinha lido a sinopse. Eu já shippava o casal e fangirlava. Aí iniciei a leitura. Deborah também não fez um trabalho muito bom com seus protagonistas. Diana é uma bruxa poderosíssima pois descende de duas linhagens bruxas muito poderosa. Mas ela tem orgulho de dizer aos quatro cantos que não precisa de magia para viver. Não usa magia para nada como as demais criaturas bruxas, vampiras e demoníacas. Por favor, ela é MUITO MELHOR QUE ISSO. Que ego, hein, Diana? E, assim, ela não "usa" a magia. Exceto quanto a máquina de lavar quebra e ela "não pode" esperar o técnico vir para consertá-la como os humanos (criaturas ainda mais inferiores para os seres poderosos). E quando ela PRECISA pegar um livro que está na prateleira mais alta e a escada não está acessível. E quando... e também numa situação que... Diana, você não renegou sua origem, você é apenas hipócrita mesmo. E apesar de arrotar que é inteligente ( dom herdado SIM pelo seu sangue bruxo) e seu sucesso acadêmico (idem), quando Matthew entra em jogo, ela vira uma donzela em perigo. Mais insossa que a Branca de Neve. Mais desprotegida que um recém-nascido. Tudo é o fodão do Matthew. Só ele é poderoso, só ele é capaz de protegê-la, só nele ela pode confiar, apesar de... Bom, Diana mal conhece Matthew e já determina que ele é um vampiro legal que quer ajudá-la a recuperar o tal manuscrito - que é pontapé do livro, mas demoooooooooora para a história se desenvolver nesse sentido -. Os demônios? Todos malvados. As bruxas? Tudo traíras. Os outros vampiros? Uns sanguessugas miseráveis, mas o Matthew... o Matthew é um santo. Apesar de esconder muitas informações de Diana. De ter entrado no apartamento dela enquanto ela dormia e remexer tudo. E das atividades que faz escondido. E de estar tão interessado no manuscrito quanto às demais criaturas. Me perguntava por que Diana confiava tanto nele e a resposta é óbvia: vou chamar de boa lábia e sensualidade típica das demais criaturas da espécie, mas a verdade é que Matthew tem a beleza padrão e, OLHA QUE COINCIDÊNCIA, a "mesma" idade de Diana. Sim, foi isso que Deborah nos vendeu. Como não shippar uma bruxa com fogo no rabo encantada por um vampiro bonitão, gostosão descrito como poderoso, inteligente, sábio, dono da porra toda - nunca chegamos a ver todo esse poder em ação porque ele delega aos seus assistentes serem guarda-costas da Diana - que age como o segurança dela? Me poupe, estou velha demais para esse trope clichê.
Boatos que lá pelas últimas 100 páginas e espalhadas pelas outras 540 a história anda, mas se um livro tem 640 fucking páginas USE as 640 FUCKING páginas para contar sua história ao invés de entediar o leitor com personagens pouco carismáticos e um enredo que não desenvolve.
Eu não tenho medo de falar: o livro é ruim e não perca seu tempo nem dinheiro com ele. Aqui no Skoob ele está bem avaliado, mas graças a Deus no Goodreads a verdade vem à tona. Abandonei e não sinto dor nenhuma na consciência.
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