As meninas

As meninas Lygia Fagundes Telles




Resenhas - As Meninas


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Renato Medeiros 25/09/2010

Dedicação e densidade, além da valorização da palavra

Em seu mais popular e premiado romance, publicado em 1973, Lygia Fagundes Telles faz experimentações com a linguagem, inovando em sua escrita e apresentando um texto ligado ao fluxo do pensamento de três jovens distintas. Além disso, critica com sutileza a falta da liberdade provocada pela ditadura brasileira.

A autora explora o particular, o íntimo de três universitárias que moram em uma pensão de freiras. As três procuram meios para se libertar numa época em que o país sofria o ponto máximo da repressão militar e da censura. Mesmo com toda essa imposição, cada uma, a seu modo, faz planos para o futuro e tanta garanti-lo. Lia está sempre discursando sobre seus ideais socialistas, até nas horas de descontração. Ana Clara é dependente de drogas e planeja se casar com um velho rico. Lorena é estudante de Direito e, aparentemente, a mais fútil das três, sempre preocupada com a limpeza e a estética de tudo e todos.

A narração é alternada entre Lia, Lorena, Ana Clara e uma quarta voz. Cada narrador conta a história abordando o seu ponto de vista, o que dá uma maior articulação aos acontecimentos. As conexões estabelecidas entre o interior, consciente e inconsciente, das personagens e o leitor são intensas, fazendo com que ele acompanhe o pensamento das protagonistas no exato momento em que ocorrem, dando mais realidade à teia de situações que é construída, aceitando as constantes quebras e mudanças repentinas de idéias, além da fuga da exatidão, do concreto.

Lygia mostra-se, mais uma vez, uma escritora de meio, onde o passado praticamente não é revelado e a perspectiva do futuro é incerta. Durante o desenrolar da trama, apenas alguns fatos são lembrados, geralmente as recordações mais importantes, algumas que até causaram traumas que podem explicar determinadas atitudes tomadas no presente. Assim, a autora atiça a criatividade do leitor, fazendo com que ele dê o desfecho da história.

Exímia contista, Lygia Fagundes Telles parece dividir os doze capítulos de As Meninas em contos interligados. E mesmo escrevendo de forma singular, não perdeu a sua personalidade característica para criar personagens, cenas e assuntos polêmicos, envolvendo o leitor em mistérios e surpresas, dando-lhes a oportunidade de reflexão sobre o que foi lido.
Ananda Sampaio 14/09/2015minha estante
Olá Renato! Gostei da sua perspectiva. Depois de ler um dos livros de conto da Lygia estou lendo "As meninas" e me espanto com a capacidade da escrita dela.




Elza 11/01/2018

Impressões de leitura
Lygia Fagundes Telles, como sempre, me proporcionou mais uma leitura marcante. AS MENINAS, título simples, leve, aparentemente sem grandes pretensões. Entretanto, o romance expõe assuntos muito relevantes; a complexidade do universo feminino ambientado num período crítico da história brasileira; jovens mulheres tentando achar seu lugar em meio a cobranças e contradições. A princípio, a forma narrativa pode parecer um tanto confusa, mas conforme a leitura vai progredindo, o texto nos envolve tanto que, sem nos darmos conta, estamos mergulhados no íntimo das personagens. Um dos elementos que me cativaram neste livro foi a humanidade das meninas. Nem boas, nem más, apenas humanas. Lindo! Poucas obras me chamam para a releitura. Esta é uma que certamente vou querer revisitar, pois sinto que ainda tenho muito a descobrir em suas entrelinhas.
Hiago Inácio 22/01/2018minha estante
Esse pode ser lido dez vezes é nessas dez vezes verá algo que ainda não viu! Amo de paixão!




Julia Maciel 05/03/2023

Alguns livros não se findam
Tenho que admitir que, no começo da leitura, não estava muito engajada com a história, de maneira que demorei para estabelecer um vínculo com as personagens. Porém, estabelecida essa ligação, é impossível se afastar dessas personagens, que parecem estar em um movimento frenético, embora não saiam do mesmo lugar de uma maneira interna.

Eu acredito que o grande valor da literatura é o que fica após a leitura, e, inegavelmente, desse livro ficará muita coisa. Será impossível não lembrar de Lore, Lião ou até mesmo da irritante Ana Clara, pois elas estão em nós ou nas pessoas ao nosso redor que gostamos. É maravilhoso o que Lygia faz com o desenvolvimento dessas personagens, com o mundo e consigo mesmas. Além disso, o final possui um simbolismo que ainda estou tentando digerir, e com certeza, ainda irei pensar muito sobre ele.

Recomendo fortemente a leitura. É uma das grandes obras da literatura brasileira.
pampamcviana 06/03/2023minha estante
Comecei hoje. Após sua resenha, estou mais empolgada ainda para adentrar o mundo dessas 3!




Selma 20/04/2022

Difícil, mas surpreendente
Clarice foi magnífica ao escrever "As meninas", pois ela conseguiu fazer um entrelaçamento de vozes, que faz com que o leitor se sinta dentro da mente das personagens, compreendendo as angústias, desejos, medos e os pensamentos mais pessoais de cada uma delas e, a partir daí, conhecer suas características psicológicas: Lia - a revolucionária, Lorena - a nerd virgem com mania de limpeza e Ana Clara - a problemática, viciada em drogas.
Confesso que não é uma história tão fácil de ler, que exige um leitor mais experiente, mas é fenomenal e traz um desfecho bem surpreendente.
cpreviatti 20/04/2022minha estante
Ainda bem q o dia sobre a conversa do livro está chegando, rsrs




Elizama 12/04/2024

"Para que eu seja assim inteira (essencial e essência) é preciso que eu não esteja em outro lugar senão em mim"

Esse livro foi uma recomendação de uma pessoa queridissima e que, com certeza, superestimou a minha inteligência em algum momento.
Lygia Fagundes Telles conta, em um livro cheio de floreios e trocas de narrador, a história de 3 meninas completamente diferentes na época da ditadura militar brasileira. Confesso que passei 2 meses nesse livro tentando entender algo, e falhei. Muito difícil para identificar quem era o narrador (Lygia mudava entre as 3 e entre nenhuma quase todas as páginas), não entendi qual era a história, não entendi o o final, não entendi o que queria contar, em resumo eu não entendi nada.
Alê | @alexandrejjr 14/04/2024minha estante
Gostei da sinceridade do teu texto. ?




Luiza 06/04/2017

Não fui bem de Lygia
Tem certos autores que são considerados obrigatórios para quem gosta de leituras e metas. A Lygia é um deles. Só que não tive uma boa primeira impressão.

Peguei As Meninas num clube de livro e quis desistir várias vezes. Não cheguei a desistir, mas o que eu dormi... Dificultou bastante criar um ritmo de leitura.

As personagens são bem chatas. Uma pior que a outra. São três garotas bem diferentes, inteligentes, cada uma com sua bagagem, mas nenhuma capaz de gerar empatia por tempo suficiente. Ah! Teoricamente elas são amigas, mas há uma relação muito forte de interesse e falsidade entre elas.

Lorena é a menina rica. É a única que se percebe um sentimento mais verdadeiro de amizade com as demais, que parecem só querer explorá-la. A chatice da personagem é: ela tem uma paixão irritante e quase doentia por um cara casado, e passa o livro inteiro esperando um telefonema, que nunca recebe, falando que o ama e que vai morrer de amor.

Ana Clara é a mais bela das três. Teve uma infância cercada de traumas e abusos, o que a fez se tornar uma pessoa problemática, drogada e, se entendi bem, alpinista social.

Lia é a mais interessante. Envolvida com os rebeldes, luta contra o Regime Militar. Tem a mente mais aberta e defende várias bandeiras atuais, como a da liberdade sexual. Mas, mesmo sendo a personagem mais legal, também tem alguns capítulos monótonos.

O livro tem quatro narradores: as três meninas e um observador. Só que os narradores mudam de uma hora para outra, sem aviso prévio. Causa uma certa confusão à princípio, mas é fácil de se "localizar".

O grande problema, PRA MIM, é que a história não conta uma história. Muito se fala, mas pouco se conta; não se vai a lugar algum.

Entendo que a obra foi importante para o período por abordar temas como drogas, liberdade sexual, homossexualidade, aborto, luta contra o governo, etc, em pleno regime militar, mas ele só faz isso mesmo, aborda, fala, conversa. Não há um desenvolvimento.

Como disse, li num clube de livro e, aparentemente, apenas eu saí frustrada com "As Meninas". Não vou ter a audácia de dizer que um livro premiado é ruim - longe de mim. Mas ele é tão chato quanto suas meninas.
Camila 03/06/2017minha estante
Concordo.




Menina.Jasmim 13/07/2020

Ótima leitura
Lorena, Ana Clara e Lia, três jovens universitárias que moram em um pensionato de freiras em São Paulo, durante a ditadura militar. Mesmo sendo amigas, as três possuem características muito distintas: Lorena vem de uma família rica, mas é deixada de lado pela mãe. Apaixonada por um homem mais velho e casado, ela vai levando sua vida de sonhos enquanto ajuda as amigas de forma financeira; Ana Clara é a mais bonita delas, noiva de um homem rico. Não teve uma vida fácil e é viciada em drogas, mesmo que as amigas tentem fazê-la se curar; Lia é filha de uma baiana com um ex-nazista. Trancou a universidade e agora participa de um grupo de esquerda contra o regime.

O narrador oscila entre um em primeira pessoa, na voz das meninas, e um em terceira pessoa, que surge sorrateiramente pelos parágrafos. Para quem ler o livro desavisado, As Meninas pode parecer um pouco confuso. Cada narradora tem seu estilo e estas vozes se mesclam mesmo dentro de cada capítulo, precisando o leitor ficar atento para entender quem está falando o quê.

À primeira vista, é uma história simples e cotidiana, mas foi escrita durante a ditadura e esta serve de pano de fundo para nossas personagens. Para algumas, a ditadura é mais real, para outras, é apenas um acontecimento longe de sua realidade. Cada uma das protagonistas foi construída de forma a mostra universos diferentes, mas ao mesmo tempo tão próximos. Não apenas entre elas, mas do próprio leitor. Elas sofrem, têm seus desejo e angústias. Cada uma enfrentando sua própria batalha, seguindo as subidas e descidas de suas vidas juvenis “normais”.

A amizade das três também é algo que sobe e desce. É difícil acreditar que elas se gostem de verdade, mesmo que haja momentos que o leitor se pegue pensando que apenas uma amiga verdadeira agiria daquela forma. Muito eu senti que elas se relacionavam apenas por conveniência, por precisarem uma da outra de alguma forma, seja por dinheiro, seja para matar a solidão.

Foi uma ótima leitura. A Lygia tem um estilo único de narrar suas histórias, suas personagens são bastante humanas, o leitor é levado a sentir junto com a confusão das três, junto com as emoções das três. O final é inquietante, mas como todo o restante da obra. Com certeza vale a leitura.

site: https://www.instagram.com/ultimasfolhasdooutono/
Bookstan 13/07/2020minha estante
Espero gostar do livro




Laura 27/08/2020

As Meninas
por muitas páginas lidas, fiquei me questionando: "como gostar da literatura brasileira com um livro desse?!" o pensamento não mudou. nas últimas páginas, finalmente, aconteceu algo que deixasse a leitura agradável. há gosto pra tudo nessa Terra.
ElisaCazorla 15/11/2020minha estante
E por que uma nota acima da média? Três de cinco estrelas não corresponde à frustração que você demonstrou no comentário. Se detestou tanto, por que sua nota indica satisfação acima da média?




wesley.moreiradeandrade 11/01/2017

Uma das correntes da crítica literária é a análise formal do texto, livre das informações do contexto histórico e de outras correntes do pensamento humano, influenciada pelo formalismo russo e o new criticism. Ao se fazer a leitura de As meninas, de Lygia Fagundes Telles, um dos principais problemas é não colocá-lo em perspectiva com o momento em que foi lançado: os anos de chumbo da ditadura militar brasileira.
Lorena, Ana Clara e Lia, um trio de protagonistas tão díspares cujas vozes, pensamentos e conversas são amalgamados na prosa de Lygia, num uso acertado do discurso indireto livre das narradoras autodiegéticas, num inconstante fluxo de consciência. A primeira, uma estudante de Direito, às voltas com um romance fracassado com um homem mais velho (chamado por ela pelas iniciais M.N.) e casado, ela vive encerrada no pensionato onde está hospedada e dedicada aos estudos cercada de seus discos e livros e da recordação da morte do irmão mais novo. A segunda, uma modelo viciada em heroína dividida entre um relacionamento amoroso junkie com um traficante e um casamento com um homem rico (além das memórias de sua infância sofrida e repleta de abusos). A terceira, uma estudante que veio da Bahia e largou a faculdade para dedicar-se à guerrilha revolucionária.
É por esta última personagem que o livro traz à cena literária os espinhos da ditadura militar e também a utópica luta dos grupos revolucionários de esquerda, nesse caso As meninas cutuca um vespeiro em tempos cheios de censura e conservadorismo, além de esmiuçar de maneira aberta e inédita a alma feminina.
Lygia alterna os pontos de vistas, põe em seu texto as expectativas e frustrações destas três garotas que representam a classe média da época e a juventude de seu tempo e disseca as inquietações e medos de personagens que, apesar de enfrentarem os ardores da vida adulta, com tudo o que elas têm de direito (sexo, drogas, ideologias, famílias disfuncionais, etc.), ainda não deixaram de serem as meninas do título quanto às esperanças e ilusões que nutrem.
As meninas foi publicado em 1973 e quando alguns especialistas classificam de corajosa a atitude de Lygia Fagundes Telles em escrever semelhante obra num período tão conturbado esquecem que a escritora é uma artista que sempre preferiu o risco ao invés de recorrer à soluções mais simplórias em sua literatura. A coragem já estava intrínseca na escrita dela e é evidente nas linhas deste belíssimo romance.


site: https://escritoswesleymoreira.blogspot.com.br/2017/01/na-estante-68-as-meninas-lygia-fagundes.html
Mari Cazorla 01/02/2017minha estante
Olá, Wesley. Pode me ajudar? Li o livro, amei, mas estou procurando detalhes que parecem que me escaparam. Por exemplo: a especificação de "heroína" usada por Ana Clara, e a informação de que Max, além de drogado como Ana, seria "traficante". Sei que talvez seja desnecessário me apegar a detalhes, mas não tem jeito, quero voltar ao texto para encontrar essas informações que tenho lido nas resenhas! Obrigada, abraço. Ótima resenha.




Janara 25/01/2010

Uma delícia!!! Quando o li no Ensino Fundamental, perdido entre os livros acorrentados na diretoria, me apaixonei. Quando entrei na Universidade e encontrei Dores, uma professora que fez a tese de mestrado sobre esse livro, e falou dele com tanta paixão, com tantas visões novas, foi amor intenso. A narrativa dinâmica e nada clássica, as garotas com perfis incríveis, discrepantes e ao mesmo tempo complementares... tudo conspira para um sucesso literário.
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Silvana 15/01/2010

Quando li este livro pela primeira vez, fiquei intrigada com a forma como é narrada a história, assim, quando tive que fazer a minha TCC, na Faculdade, escolhi este livro e o tema a estrutura da narrativa. Aprendi a amar este livro. É claro, depois de ter lido umas dez vezes.
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Gláucia 08/08/2011

As Meninas - Lygia Fagundes Telles
Ana Clara, Lia e Lorena vivem num internato de freiras. São completamente diferentes e é impressionante como a autora conseguiu individualizá-las tão bem. O Brasil vive seus anos de chumbo e cada uma absorve do ambiente em transformação suas impressões, suas vivências.
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à¸^â¢ï»â¢^ภ03/01/2016

"Nós te amamos muito, Aninha. Deus te guarde."
O livro As Meninas da Lygia Fagundes, conta de maneira meio poética a historia de Ana Clara, Lorena e Lia. Que podem ser caracterizadas de forma breve como uma drogada, uma virgem e uma militante. As três são amigas e cada uma possui personalidades brilhantes e completamente distintas uma da outra, algo comum entre elas é o fato de viverem na mesma época: Ditadura Militar.

Apesar de não ser o foco do livro, é fascinante a coragem que a Lygia teve de abordar um assunto extremamente proibido para época. Chegando até a escrever sobre a tortura que os militares praticavam no período.É também citado vários outros assuntos tabus, por exemplo: aborto, papel da mulher, drogas, sexualidade e sexo. Um dos meus trechos favoritos é dito pela Lorena.

“(...) Quero te dizer que nós as criaturas humanas, vivemos muito (ou deixamos de viver) em função das imaginações geradas pelo nosso medo. Imaginamos consequências, censuras, sofrimentos que talvez não venham nunca e assim fugimos ao que é mais vital, mais profundo, mais vivo. (...)”

No começo, fiquei um pouco confusa com a escrita, pois o livro é narrado em primeira e terceira pessoa e vive mudando de ponto de vista de acordo com os personagens. Mas, quando acostumei com a escrita da Lygia, que é única, achei cativante a coisa toda. Visto que, dá para perceber quem estar narrando, já que a escrita leva a personalidade das garotas, a que sempre ficava mais nítida para mim era a de Ana.

É um livro muito bom e recomendo. Como não poderia? Uma historia envolvente, um pouco lenta, cheia de idéias, pensamentos e reflexiva sobre três jovens garotas, tendo como contexto e sendo escrito nesse contexto da ditadura militar aqui no Brasil.

De fato que recomendo, mas recomendo também que leia sem pressa e com tranquilidade.
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suellem 15/02/2016

As meninas
O livro se passa em um pensionato de freiras, onde conta a história de 3 jovens que por algum motivo não moram com a família. Lorena é estudante de direito de uma família rica. Fica o tempo todo esperando o seu amor platônico ligar, um médico casado e com filhos. Ela tem a auto estima baixa e tem mil pensamentos do porquê ele não ligar : será que ele me acha muito feia? Será que é porque eu ainda sou virgem?. Todo seu relato no livro envolve a sua auto estima e a espera da ligação de M. N. A trama gira em torno dela que por ser a colega rica e a mais estavel, acaba por servir de ajuda econômica e eventualmente referência psicológica para as outras. Ana Clara é uma menina muito bonita que se apaixona por um traficante e acaba se envolvendo no mundo das drogas. Noiva de um outro, diz que sua vida vai mudar que no ano seguinte tudo se ajeita, que vai estudar com o dinheiro do noivo rico e vai ajudar o amante por quem é apaixonada. Acha que sua beleza pode conquistar tudo o que ela quer. Teve uma infância bastante sofrida, cheia de lamúrias e abusos sexuais. Constantemente vive drogada o que faz a escrita ser bastante confusa, pois mistura alucinação com realidade. Lia é filha de baiano e de alemão ex nazista, passa seus dias afastada da faculdade de ciências sociais como militante a esquerda. Fica bastante abalada quando seu noivo é preso.Lia é daquelas que acha que a política vai mudar o mundo, que vem antes de tudo. É até irônico o fato dela morar com freiras.
Conhecendo essas três diferentes meninas temos uma história bastante turbulenta de altos e baixos, bastante descritiva onde 70% do livro é narrado pensamentos e alucinações. Ao mesmo tempo que o livro é envolvente é desgastante, a escrita é bem pesada e confusa. Um livro onde fala sobre religião, política, uso de drogas, estupro, e tortura. Um livro bastante falado por conter um relato altamente descritivo de uma tortura militar, relato que choca os leitores até mesmo no dia de hoje. Imagino na época em que o livro foi lançado.

" Mas por que as pessoas não se libertam e deixam as outras livres? Um preconceito tão odiento quanto o racial ou religioso. A gente tem que amar o próximo como ele é e não como gostaríamos que ele fosse. "

A história do livro é de fato muito importante por envolver tantos preconceitos, e "crimes" que ainda vemos nos dias de hoje. Mas não é aquele livro que você pega para ler em um dia. Por relatar muito mais o pensamento das meninas do que atos em si, isso acaba tornando a leitura um pouco complexa demais. Fazendo por vezes você ter que voltar para tentar adivinhar de quem é aquele pensamento. E no caso de Ana descobrir se é real ou ilusão. Um final triste; porém com a sensação que faltou mais.
A única personagem que me desenvolveu algum sentimento foi Ana, um sentimento de pena, foi aterrorizante estar nos pensamentos de uma pessoa tão sofrida, tão drogada e lunática por viver sempre com efeito das drogas.
"Estou com nojo de sexo! O nojo dura pouco. O corpo começa a ficar tristinho e então reage com uma energia. Que energia! Basta um convite mais especial que nem precisa ser de homem, uma amiga do gênero estimulante e já levanta a cabeça e sai correndo na ponta dos cascos!.
Lorena me dá vontade de entrar no livro e dar na cara dela, que pessoa sem amor próprio, esperando uma ligação que nunca chega e romantizando o que não existe. Chega a ser chata.
" Passo a vida colhendo espinhos e semeando flores. Choro por beijar aquele que não me conhece mais. "
- Mas ele não gosta mais dela, querida. Acabou o amor, acabou tudo. Só se pertencem nos papéis.
Lia parecia homem, por vezes achei que ela se revelaria homossexual e se apaixonaria por uma das amigas ( o que não aconteceu ).
" Abriu o portão com gesto desabrido, heroico, gesto de quem assume não o seu caminho, prosaico demais, imagine, mas o próprio destino ".
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Carla 27/02/2016

Maravilhoso!
Resolvi fazer uma brincadeira lendo o prêmio Jabuti do ano do meu nascimento e terminei por fazer uma grata descoberta. O livro possui uma escrita lírica, poética, sensível digna de Lygia Fagundes Teles. A narrativa conta a vida, as desilusões, a solidão, a amizade, os amores e desamores, enfim o cotidiano de três “meninas” muito diferentes entre si, mas que são amigas, que moram em um pensionato e cursam a faculdade. Aborda ainda assuntos, como a posição da mulher, a dependência química e a militância política, os quais muito me questionei como Lygia teve coragem de mencioná-los e debatê-los em uma época tão conturbada como foi o nosso país em meados da década de 1970, pós golpe de 1964 e imposição do AI-5 em 1968. O desfecho dessa história foi surpreendente em minha opinião, a forma como os resultados de todos os questionamentos foi exposto, deixando muito a se pensar.
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