As meninas

As meninas Lygia Fagundes Telles




Resenhas - As Meninas


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Bianca 20/07/2015

Descobertas e recobertas
A história de As Meninas se passa na década de 70, época da Ditadura Militar no Brasil, período em que as restrições são inúmeras e a sensação de vigília é constante. Conhecemos três garotas distintas que moram no Pensionato Nossa Senhora de Fátima: a Lia, ou flamante Lião, revolucionária e amante da liberdade, a Lorena, prática e apaixonada, e a Ana Clara, ou Ana Turva, traumatizada e cheia de planos.

As razões de terem ido para o Pensionato são diferentes, e essas diferenças vão se mostrando cada vez mais ao longo do livro. A narração é um pouco confusa, pois se mistura o ponto de vista da personagem com a narração em terceira pessoa. Há poucos capítulos, porém são longos, cheios de lembranças da infância e outros momentos marcantes que resultaram na personalidade de cada uma das personagens. Apesar de a história possuir um trio protagonista, outras personagens, como os familiares das garotas e as freiras, também possuem tramas dramáticas que não são muito exploradas, talvez por conta do contexto, pois foi em uma época onde tudo se tratava de desconfiança.

As Meninas é um livro que perturba que confunde que ilude que emociona. Um livro que dói por ser tão honesto. Por mais que as personagens pareçam ser decididas e donas do próprio destino, nós vemos adiante que nem sempre temos controle de tudo. É preciso saber lidar com os imprevistos e se proteger para o futuro incerto.
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Tauan 23/09/2015

Pensa num livro confuso doido. Agora multiplica e adiciona o talento de Lygia Fagundes Telles e charme de uma obra transgressora.
A história se passa num pensionato de freiras paulistano onde três jovens universitárias começam sua vida adulta de maneiras bem diversas. A burguesa Lorena, filha de família quatrocentona (tradicional), nutre fantasias artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas se mantém virgem. A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso.
O romance oferece, de um lado, uma vista das vivências de três pessoas em busca de si mesmas; de outro, uma amostra dos problemas cruciais que agitaram a juventude durante um dos períodos mais conturbados da história do Brasil, a Ditadura Militar, que Lygia Fagundes Telles teve a ousadia e a coragem de denunciar.
O livro segue sem uma seqüência cronológica clara, não se percebe o tempo que decorre entre seu início e seu fim. Tudo acontece através da memória e da mistura com algumas ações no presente. E mais, o foco narrativo é alternado, hora em primeira, hora em terceira pessoa.
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@raizaxavier 25/10/2015

Envolvente
Depois que você se habitua com a escrita, o livro torna-se completamente envolvente! Não o abandonem!
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à¸^â¢ï»â¢^ภ03/01/2016

"Nós te amamos muito, Aninha. Deus te guarde."
O livro As Meninas da Lygia Fagundes, conta de maneira meio poética a historia de Ana Clara, Lorena e Lia. Que podem ser caracterizadas de forma breve como uma drogada, uma virgem e uma militante. As três são amigas e cada uma possui personalidades brilhantes e completamente distintas uma da outra, algo comum entre elas é o fato de viverem na mesma época: Ditadura Militar.

Apesar de não ser o foco do livro, é fascinante a coragem que a Lygia teve de abordar um assunto extremamente proibido para época. Chegando até a escrever sobre a tortura que os militares praticavam no período.É também citado vários outros assuntos tabus, por exemplo: aborto, papel da mulher, drogas, sexualidade e sexo. Um dos meus trechos favoritos é dito pela Lorena.

“(...) Quero te dizer que nós as criaturas humanas, vivemos muito (ou deixamos de viver) em função das imaginações geradas pelo nosso medo. Imaginamos consequências, censuras, sofrimentos que talvez não venham nunca e assim fugimos ao que é mais vital, mais profundo, mais vivo. (...)”

No começo, fiquei um pouco confusa com a escrita, pois o livro é narrado em primeira e terceira pessoa e vive mudando de ponto de vista de acordo com os personagens. Mas, quando acostumei com a escrita da Lygia, que é única, achei cativante a coisa toda. Visto que, dá para perceber quem estar narrando, já que a escrita leva a personalidade das garotas, a que sempre ficava mais nítida para mim era a de Ana.

É um livro muito bom e recomendo. Como não poderia? Uma historia envolvente, um pouco lenta, cheia de idéias, pensamentos e reflexiva sobre três jovens garotas, tendo como contexto e sendo escrito nesse contexto da ditadura militar aqui no Brasil.

De fato que recomendo, mas recomendo também que leia sem pressa e com tranquilidade.
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Andrea 08/02/2016

Quem são essas meninas?
Vencedor do Prêmio Jabuti de 1974, As Meninas, publicado em 1973, narra a trajetória das amigas Lorena, Lia e Ana Clara durante o ápice da ditadura militar brasileira e da revolta dos estudantes.

"A gente vê na rua todo mundo tão triste, por que as pessoas estão tristes? Ahn?" [...] [p 52.]

A história começa com a apresentação dos pensamentos de Lorena, uma moça rica, estudante de direito que está completamente apaixonada por um médico casado e muitos anos mais velho do que ela, algo que a torna motivo de piada entre as amigas. É preciso ressaltar que esse romance tem vários focos narrativos, transitando entre os discursos direto e indireto livres, com troca de narradores em primeira e terceira pessoa, algo que nos dá um panorama muito mais complexo e grandioso acerca dos conflitos internos e problemas externos das jovens, mas, para um leitor desavisado, pode transformar a leitura em um grande desafio e deixá-la até um pouco confusa.

"milhares de coisas estão subtendidas. Nas entrelinhas. O lado omisso." [...] [p 75]

A narrativa tem como tempo cronológico dois dias das vidas dessas moças, no entanto, o tempo psicológico é enorme e nos faz viajar da infância até meses antes dos fatos ocorridos no agora.
Além da perspectiva de Lorena, temos também as de Lia, uma estudante de ciências sociais, engajada nas revoltas estudantis que está em grande aflição por não ter certeza sobre seu futuro e sobre a segurança de seu namorado Miguel, ou o destino político do país e Ana Clara, jovem atormentada por uma infância de abusos sexuais que tem como único objetivo de vida tornar-se uma mulher rica, a todo momento, ela reitera esse ideal dizendo "No ano que vem..." quando, acredita, estará casada com o noivo "escamoso".

"Não gosto de ninguém. Todos uns bons sacanas que não perdem a chance de mijar na cabeça da gente. Agora quem vai mijar sou eu!" [...] [p 209]

Falando assim, talvez você não compreenda a dimensão que os pensamentos dessas garotas tomam ao longo da narrativa, elas estão vivendo tempos de revolução, de ditadura, de descobertas, principalmente de libertação da sexualidade, tendo que lidar com tudo isso sem contar completamente umas com as outras, pois essas meninas, apesar de amigas, são muito diferentes!
O romance também apresenta, a todo momento, uma saraivada de críticas sobre o comportamento da sociedade da época, além de conjecturas sobre o futuro da mesma. A personagem Lia nos traz várias reflexões verossímeis sobre o sistema vigente, e Lorena nos mostra como o burguês típico lida com tudo isso. Quando Ana Clara entra em cena, a narração fica extremamente confusa e quase sem nexo, visto que nesses dois dias a moça esteve drogada e bêbada.

"Houve um tempo (longe, não?) em que estudávamos juntas. Lião e eu. Ana Clara não estava assim tão ambulatória-delirante, coitadinha." [...[ [p 227]

As meninas nos proporciona um mergulho pelos pensamentos de três personagens, aparentemente, arquétipos, mas que nos mostram que a mente humana vai muito além do prescrito e que a busca pela felicidade pode nos levar a caminhos completamente desconhecidos e surpreendentes...

site: http://olhoscastanhostambemtemoseufascinio.blogspot.com.br/
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Júlia 20/10/2011

escrita impressionante
Lygia conta a história de três meninas de forma que é impossível não se identificar com um ponto em cada uma delas. Impossível não rever nossos conceitos e preconceitos, não olhar a época ditatorial do país, não imaginar como tudo aconteceu. É a isso que a narrativa sutil de Lygia nos leva, a pensar em cada uma das meninas que, apesar de amigas, pouco têm em comum. Lia, ou Lião, como é várias vezes chamada por Lorena, vive pensando em revolução e ideais socialistas. Já Lorena, me pareceu tão criativa quanto fútil em sua mania incessante de limpeza com tudo. A terceira das meninas é Ana Carla, viciada em drogas e com lembranças tão fortes que quando são citadas chegaram a me comover. Impossível não desejar um pouco da força de Lia, inteligência de Lorena e não se instigar com a história de Ana Carla para chegar ao fim do livro. Não achei a leitura rápida, pois a cada página tinha de prestar atenção e dar importância a detalhes da narrativa delas sobre si próprias e a relação afetuosa mas também crítica entre as três. A que mais me agradou das três foi a Lia, mas isso pouco importa diante do talento que se deve possuir para criar tão distintas e fortes personalidades, tão belas e impactuantes histórias. Uma boa leitura, mas, acima disso, uma história digna de sua escritora.
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Carla 27/02/2016

Maravilhoso!
Resolvi fazer uma brincadeira lendo o prêmio Jabuti do ano do meu nascimento e terminei por fazer uma grata descoberta. O livro possui uma escrita lírica, poética, sensível digna de Lygia Fagundes Teles. A narrativa conta a vida, as desilusões, a solidão, a amizade, os amores e desamores, enfim o cotidiano de três “meninas” muito diferentes entre si, mas que são amigas, que moram em um pensionato e cursam a faculdade. Aborda ainda assuntos, como a posição da mulher, a dependência química e a militância política, os quais muito me questionei como Lygia teve coragem de mencioná-los e debatê-los em uma época tão conturbada como foi o nosso país em meados da década de 1970, pós golpe de 1964 e imposição do AI-5 em 1968. O desfecho dessa história foi surpreendente em minha opinião, a forma como os resultados de todos os questionamentos foi exposto, deixando muito a se pensar.
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Ariane 07/08/2013

As meninas
O livro possui uma narrativa totalmente diferente do que eu tinha visto. Você lê dez parágrafos em primeira pessoa, e no outro seguinte você conhece a visão do narrador, sem falar que há uma troca entre os narradores personagens. Simplesmente adorei.

As Meninas da história são três garotas, com uma forte amizade, que moram em um pensionato de freiras na época da ditadura. Lorena, totalmente mimada, tem tudo o que não quer e nem precisa, mas com um coração enorme. Justamente por sua grande riqueza e mordomias passa a ajudar suas duas amigas com o famoso oriehnid entre as garotas. Ana Clara é linda, tem um grande objetivo de se casar com um homem rico, por isso passa a ter vários noivos, e pelo pouco juízo que tem acaba se envolvendo com as drogas. Lia, busca a liberdade. Fugindo da polícia, Lia é apaixonada por um cara preso, vive dando discursos e lição de moral em suas amigas em todas as questões.

As personagens principais desse livro são especialmente muito diferentes, mas possuem grande ligação entre elas, mesmo que poucas vezes é narrado um encontro entre essas. Além das amigas, cada uma das meninas conta com a amizade das freiras, apesar das diferenças e escutarem por um ouvido e sair pelo o outro, o apego é muito forte.

Me identifiquei muito com a Lia, por ter uma personalidade muito forte e ser totalmente decidida no que ela acredita. Lorena é a mais fofa de todas, cuida muito bem de suas amigas, lava suas roupas, ajuda com dinheiro, dá bons conselhos. Já Ana Clara foi a personagem mais forte. Sempre tendo alucinações, narrava o difícil passado que teve morando com a mãe, essa que teve vários namorados.

A forma com que foi escrito esse livro é surpreendente. O jeito como cada uma narra seus pensamentos, e suas idéias é encantador, alem de mostrar uma inocência da juventude em certas coisas.

Eu não esperava um final como aquele, de verdade. Longe de tudo que imaginei e queria para cada uma, mas ao mesmo tempo, não achei melhor jeito de terminar um livro como aquele, daquele jeito.

Se eu pudesse escolher um livro pra dar a minha filha quando ela completasse quinze anos, seria esse. Não sei explicar muito bem o motivo. Eu senti muito com as histórias desse livro em todos os sentidos. Essas meninas me tocaram de verdade, por mais bobas e doidas que pareçam ser ás vezes, me emocionei muito. Talvez seja só comigo que aconteceu, ou talvez esteja relacionado ao meu momento de vida, só sei que AMEI e super recomendo!

site: http://entrecontosefadas.wordpress.com/2013/06/08/as-meninas-lygia-fagundes-telles/
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Maria Faria 24/04/2016

Aquele Abraço
Desde que foi indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em fevereiro deste ano, Lygia voltou a aparecer com frequência nos canais de literatura no Youtube e ao assistir duas resenhas de As Meninas fiquei encorajada a lê-lo. A mais recente publicação deste livro está esgotada em livrarias e editora, restando apenas recorrer ao empréstimo de livros na Biblioteca Municipal de minha cidade.
Lygia Fagundes Teles publicou As Meninas em 1973, ano em que o Brasil estava sob o governo de Médici, no auge do regime militar, época conhecida historicamente como Anos de Chumbo. A autora criou três personagens com presença marcante e histórias muito diferentes. Durante toda a leitura é possível observar que o foco era apenas Lia, Lorena e Ana Clara, os demais personagens sempre surgiam para complementar suas histórias ou fazendo parte do drama vivido pelas meninas. As três personagens moram num pensionato de freiras e dividem ali suas angústias, medos e histórias de vida.
Lia trancou a faculdade de Ciências Sociais na USP para se dedicar à luta contra a ditadura e desigualdades sociais. É filha de um alemão e uma baiana e vez ou outra seus pais aparecem em suas lembranças ou falas de saudade e carinho. Seu namorado Miguel é preso político e conseguirá a liberdade, momento em que Lia irá para outro país encontrá-lo. Durante toda a história Lia está concentrada em sua luta pelos ideais, parte do tempo se esforçando na luta contra o sistema político e no final se organizando para viajar para Argélia e reencontrar Miguel. Em alguns momentos Lorena comenta sobre um livro que Lia estava escrevendo e acabou descartando. Os pequenos trechos revelados do suposto livro lembra bastante o próprio livro As Meninas e, no final, Lia resolveu rasgar seus escritos pela crítica de Lorena e o desinteresse de Miguel. Fiquei com a sensação de que os escritos de Lia faziam referência aos escritos de Lygia, como se fosse uma autocrítica.
Ana Clara não conseguiu concluir o curso de Psicologia e se droga com frequência na companhia de seu namorado Max. Ela teve uma infância difícil permeada por abusos sexuais e pobreza. Grande parte do tempo usa drogas e delira constantemente com as dificuldades de seu passado. O uso abusivo de entorpecentes lhe rendeu o apelido de Ana Turva. Sonha em se casar com um homem rico para largar as drogas, retomar seu curso de Psicologia e levar uma vida normal. Em seus delírios está sempre preocupada em não se atrasar para o encontro com seu noivo rico, o que não fica bem esclarecido se é uma verdade ou apenas parte das ideias fantasiosas da personagem.
Lorena é estudante de Direito, pertence a família rica, é romântica e adora poesia. Está sempre ouvindo música e tem mania de organização. Seu quarto é o porto seguro onde as demais meninas pedem ajuda financeira, trocam ideias, contam suas vivências, falam sutilmente sobre sexo, virgindade e outros assuntos que são tabus até hoje. Lorena possui um trauma de infância e está sempre lembrando do acontecimento que ocasionou este trauma. No decorrer da leitura vamos descobrir que ela presenciou um irmão matar o outro por acidente. Sua mãe é rica e casada com um homem que aparenta querer apenas sua fortuna, está mais preocupada com sua própria vida do que verdadeiramente com a filha. Diferente das outras duas meninas, ela pode ter tudo o que o dinheiro consegue comprar, mas vive a sonhar com o amor de um homem casado e pai de vários filhos, que não lhe corresponde e nunca retorna suas ligações. Lorena é virgem e sonha com o momento em que poderá ter este homem a seu lado. Vez ou outra é cortejada por algum colega e se sente atraída, mas não tem coragem de ir adiante por estar sempre à espera de seu amado M.N.
A autora consegue através dos fluxos de pensamentos de Ana, Lorena e Lia abordar de forma sutil assuntos que muitos autores não conseguem desenvolver nos dias atuais, por exemplo, há uma parte do livro que ela utiliza uma lembrança de Lorena tocando piano para falar de masturbação. Algumas atitudes de Lia demonstram, já naquela época, a liberdade de agir da mulher sem preconceitos. É inovadora também a forma de escrever, o que é citado em muitas resenhas como um ponto de dificuldade, mas que durante minha leitura foi tranquilo de absorver. Lygia utiliza as três personagens como narradoras e um quarto narrador que pode ser a própria autora. Dentro do mesmo parágrafo é possível ler um relato em primeira pessoa e logo em seguida em terceira. Depois do primeiro capítulo o leitor acostuma com esta troca de pontos de vista e forma de narrar.
As narrativas de Ana Clara foram as mais penosas, não só pelo conteúdo narrado, mas pela minha dificuldade de identificação com a personagem. Sempre que Ana entrava na história minha leitura se tornava lenta e posso afirmar que este foi um dos motivos pelos quais não gostei muito do livro apesar de considerá-lo uma obra genial. A personagem usa drogas de forma abusiva e seus pensamentos são sempre confusos e permeados por fantasias e delírios. Já os fluxos de pensamentos de Lorena são os mais organizados e agradáveis de ler. As narrações de Lia são agradáveis também, mas são nelas que está a contribuição que a autora deu contra a ditadura. Os fluxos de pensamentos de Lia estão intimamente ligados à luta que jovens daquela época empreenderam contra a ditadura, mas aqui também a autora foi sutil, visto que publicou o livro em pleno regime militar.
O final não guarda acontecimentos surpreendentes se observarmos o comportamento de cada personagem no decorrer do livro, apenas um acontecimento envolvendo Ana Clara que deixará Lia e Lorena em apuros.
Antes de ler o livro pesquisei o período da ditadura, especificamente o período que supostamente se passa a narrativa (1969), pois antes de ler um clássico é essencial que nos ambientemos com seu momento. Sem isto o aproveitamento literário estará comprometido. Ao ler o desfecho da personagem Ana e principalmente sobre os preparativos para a partida de Lia para outro país, lembrei da parte de minha pesquisa que relatava a partida de Gilberto Gil para o exílio em Londres. O ano de 1969 terminou ao som da música Aquele Abraço composta pelo cantor em homenagem à sua partida, deixando seu recado para o país, a ditadura e tudo de ruim que havia naquele momento do país.
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço
A Bahia já me deu régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu aquele abraço!
Pra você que me esqueceu aquele abraço!
Alô, Rio de Janeiro aquele abraço!
Todo o povo brasileiro aquele abraço!
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@garotadeleituras 02/05/2016

Literatura de qualidade que transpõe o tempo!

Esse é um livro sobre três amigas, retratado na época da ditadura militar brasileira, e que, segundo afirmam, tem a cronologia de dois dias; particularmente, acho um tempo ínfimo para tanta coisa ocorreu em um espaço tão curto, mas... Temos aqui três jovens no ano de 1969 (isso é determinado pela citação do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick que resultou na liberação de quinze presos políticos brasileiros), na cidade de São Paulo e alunas da USP; residem no pensionato católico Nossa Senhora de Fátima. Cada menina tem uma personalidade e problemas personalizados, representando aspectos sociais da época.

Ana Clara Conceição é dependente química ou a drogada, apelidada de Ana turva ou Ana deprimida ou deprimente, Lia de Melo Schultz era a guerreira envolvida com política, que lutava contra a ditadura; Lorena Vaz Leme, uma das principais narradoras do livro, a que tem uma maior exposição durante toda a narrativa, é a intelectual do grupo, representando a classe média/alta ou a parcela menos participante dos acontecimentos do país durante a ditadura; ela prefere direcionar sua atenção para outras coisas, que podem até ser fúteis diante da calamidade, mas que servem de conforto e apoio para elas mesmo.
O livro é narrado de forma peculiar; temos as três meninas, personagens centrais da trama, contando seus pontos de vista (narração é feita na primeira pessoa), mas que se alternam entre si de forma brusca, por exemplo, dentro do mesmo parágrafo temos a narração sem ponto final particular de cada uma, cabendo ao leitor a percepção para acompanhar essas mudanças. E claro, temos a Lygia Fagundes Telles que dá consistência à estória com sua maestria. É um fluxo de pensamento frenético que exige atenção e envolvimento do leitor. Todos os pensamentos são expostos, sem filtro, sejam eles bobos ou filosóficos.

A Lorena é a amiga central do triângulo. De certa forma, serve de porto seguro para as amigas, seu quarto serve como refúgio e supre as necessidades econômicas das amigas. É a virgem, a certinha das três. É apaixonada por um médico casado, pai de cinco filhos. É uma paixão meio platônica, que passa o livro inteiro esperando um telefonema que nunca acontece. Tem um problema familiar citado durante a narrativa inteira, mas num certo momento da estória, planta a dúvida na cabeça do leitor...
Ana Turva é aquela menina linda, porém teve uma infância problemática e tem mania de grandeza, é a mais liberal das amigas; tem um noivo que ninguém nunca viu e é amante de um traficante, o Max. Resumindo, é uma pessoa fragilizada.
A Lia, também chamada carinhosamente de Lião, reflete um pensamento mais coerente quando comparado às amigas. É aquela pessoa que planeja antes de realizar. Tem um namorado que supostamente é envolvido com o sequestro do embaixador e estão planejando ir para a Argélia, com a esperança de novas realizações.
O livro também trás o depoimento de um torturado durante a ditadura (emocionante, diga-se de passagem). É um livro que tem a premissa sobre a amizade três jovens e seus relacionamentos, mas que pontua outros assuntos do cotidiano, como política, sexo e drogas, além reflexões pessoais de cada uma. É uma narrativa que cresce conforme a página vira.

Lygia Fagundes Telles é um dos maiores nomes da literatura nacional e seu livro as meninas figura em inúmeras listas de indicações de obras clássicas que devem ser lidas. Pretendo ler mais Lygia durante minha pacata vida de leitora. Super-recomendo aos que curtem clássicos. Se sentir dificuldade durante a leitura, procure material de apoio, mas não deixe de ler. Pretendo relê-lo em breve. Um livro mais que recomendado!!!
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Rogéria 13/05/2016

Brilhante
Livro: "As Meninas", Lygia Fagundes Telles

"São as ovelhas pretas as mais amadas."

"Quero a verdade, M.N., meu amado, escuta, entenda isso, quero a verdade. E você sugere reticências. Omissões."

"Para que eu seja assim inteira (essencial e essência) é preciso que não esteja em outro lugar senão em mim."

"Se eu sou, não estou porque para que eu seja é preciso que eu não esteja."

~*~*~*~*~*~*~

Há tempos queria ler algo da Lygia Fagundes Telles, e quando o livro "As Meninas" surgiu aleatoriamente na minha frente, decidi que seria a hora. Não me decepcionei, e agora compreendo porque Lygia é uma das autoras brasileiras mais respeitáveis. Seu estilo literário é único e riquíssimo, e esse livro merece pelo menos mais uma releitura para ser melhor absorvido.

A narrativa se passa em meados dos anos 70, auge da ditadura e repressão, e narra alguns dias na vida de três amigas que moram juntas em um pensionato católico. Acompanhamos o ponto de vista de Lorena, Lião e Ana Clara ("Ana Turva"), seus amores, suas dores, traumas, desilusões, escolhas e crenças, além de assuntos pesados como a posição da mulher na sociedade, a religião, sexualidade, militância política, tortura, drogas, estupro e vários dramas existenciais. Um livro forte, denso, com personagens cheias de camadas, complexas e profundamente humanas.

Recomendo a leitura, mas não é para qualquer leitor. Há que se ter empatia e perseverança, pq o fluxo de idéias e pensamentos é muito intenso, por vezes caótico, mas isso é parte da riqueza da narrativa, é necessário para "entrar" nos personagens e Lygia conduz isso com maestria. Realmente excelente!
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Fábio S. Affonso 01/06/2013

Resenha - As Meninas
Três protagonistas totalmente e prodígio de mundos diferentes. Para mim, Lia é o equilíbrio entre Lorena e Ana Clara.
Aquela luta contra a ditadura e as mazelas do governo e vive um romance com Miguel, um revolucionário, sempre metido em confusões que por fim acaba sendo exilado.
Já Lorena faz o papel da burguesa, cercada de mimos e um relacionamento oscilante com a sua "mãezinha", mais sempre sonhando com o final feliz ao lado de MN MN MN...; a quem nunca a beijou.
E por fim, a tri-louca Ana Clara, a mais bela, é viciada em drogas e, apesar de noiva, tem um relacionamento com um traficante.
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Karin 01/06/2012

As Meninas
Escrito pela Ligia Fagundes Telles, As Meninas é um clássico contemporâneo da Literatura Brasileira. Lançado em 1973 e ganhador do Prêmio Jabuti de 1974, o livro conta a história de 3 jovens universitárias que vivem em um pensionato de freiras progressistas na região central de São Paulo. As garotas são amigas e, em alguns momentos, até mesmo muito cúmplices.
Lorena Vaz Leme é aluna de Direito, culta e aristocrática. Sua familia descendente de Bandeirantes, vai à derrocada após a morte acidental do irmão. Apaixonada por um homem mais velho é a mais passiva das três. Virgem, vive esperando o suposto momento que M. N. irá largar a família para ficar com ela.
Lia de Melo Shultz, mais chamada como Lião, é filha de baiana com pai alemão. Saí da Bahia e vai para “cidade grande” estudar Ciências Sociais. Engajada políticamente, acaba se envolvendo com um grupo militante de esquerda. Lia se apresenta como uma tipíca militante: não gosta muito de banho, não cuida da aparencia e se veste mal.
Ana Clara Conceição é mais fraca de temperamento. Com a infância sofrida e carente, vivida com a mãe prostituída e mal trata pelos sucessivos parceiros, Ana Clara desconhece o pai. Com a ilusão de ficar rica se casando com um noivo rico, ela passa boa parte do enredo drogada no seu quarto divagando sobre a vida, juntamente com o namorado traficante Max.
A história se passa no final dos anos 60 mostrando os momentos mais acirrados do regime militar, com muitas perseguições, prisões e torturas de militantes políticos; greves universitárias e agitações sociais que marcaram o período. Ela mostra exatamente os problemas dessas meninas e das pessoas que estão ao redor delas, fazendo uma reflexão do que esses jovens passaram e pensaram focando nas situações enfrentadas por eles nesse momento tão complicado da história. Com um final um tanto quanto previsível, o livro apresenta os conflitos dessas 3 meninas solitárias
Com uma narrativa escrita ora em primeira pessoa ora em discurso indireto livre, confesso que fiquei muito perdida nos diálogos. Claro que era intencional e fazia que analisássemos o temperamento e as reflexões das personagens. Mas acho que esse foi um dos problemas para eu gostar da história.
O livro é cansativo e chato. Demorei muito para lê-lo. Sem ação, eu juro que achava uma penitência o ato de ler a história. Tinha momentos que não entendia nada e não sabia de quem ou que personagem estava em foco naquele momento da leitura. Parecia que lia uma história sem propósito por que não havia uma trama formada. Foi a primeira vez que me senti obrigada a ler um livro.
A história não é ruim, mas acho que faltou um pouco de ação, um enredo que prendesse o leitor. Indico o livro até porque apresenta um panorama sobre a situação dos jovens durante os anos mais complicados da história recente de nosso país e como era a posição deles diante daquilo tudo. Mas deixo um aviso que é uma dica: não leia “As Meninas” com prazo determinado. Leia com calma e tranquilidade. Sem pressa, sem compromisso.
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Nat 01/07/2012

Três amigas, tendo como ponto em comum a solidão, vivendo na época dos governos militares. Enquanto Lia briga com o regime, Ana Clara está metida com drogas e Lorena, a mais rica, vive ajudando as amigas com o dinheiro do papai. As três meninas compartilham um pensionato de freiras, que não cansam de se surpreenderem com o estilo de vida das três. Lia, Ana Clara e Lorena são personagens conflitantes, o que se demonstra através de suas reflexões interiores constantes. A isso, soma-se a miséria cultural da época.

O livro de Lygia Fagundes Telles proporciona uma leitura fácil e a linguagem é leve. A história não é vulgar, apesar de complexa. O mais legal é que é fácil se identificar com qualquer uma das três meninas, mesmo a época que se vive seja outra. Além de ser fácil se identificar com a luta pela liberdade, luta esta que todos travam uma vez na vida. Um belo livro, uma história para pensar.

site: http://ofantasticomundodaleitura.blogspot.com.br/2012/07/as-meninas-de-lygia-fagundes-telles-dl.html
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Giselle.Zart 17/02/2014

Lygia me conquistou para sempre com 'As meninas'.
As histórias cruzadas de três jovens, os conflitos dessa fase de adolescência x fase adulta, os amores e a vida de cada uma, nos mostram como pano de fundo a solidão e a época da ditadura militar e ao mesmo tempo se mostra muito atual.
Ana Clara, Lia e Lorena, três personalidades diferentes, cada uma com sua delicadeza e encantamento, sonham, idealizam, personificam a juventude. Estes conflitos filosofam com a linguagem particular de Lygia, que consegue de maneira genial criar vários mundos totalmente diferentes e detalhados.

"O espírito daquela época conturbada e de vertiginosas transformações, sobretudo comportamentais."
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