suellem 15/02/2016As meninasO livro se passa em um pensionato de freiras, onde conta a história de 3 jovens que por algum motivo não moram com a família. Lorena é estudante de direito de uma família rica. Fica o tempo todo esperando o seu amor platônico ligar, um médico casado e com filhos. Ela tem a auto estima baixa e tem mil pensamentos do porquê ele não ligar : será que ele me acha muito feia? Será que é porque eu ainda sou virgem?. Todo seu relato no livro envolve a sua auto estima e a espera da ligação de M. N. A trama gira em torno dela que por ser a colega rica e a mais estavel, acaba por servir de ajuda econômica e eventualmente referência psicológica para as outras. Ana Clara é uma menina muito bonita que se apaixona por um traficante e acaba se envolvendo no mundo das drogas. Noiva de um outro, diz que sua vida vai mudar que no ano seguinte tudo se ajeita, que vai estudar com o dinheiro do noivo rico e vai ajudar o amante por quem é apaixonada. Acha que sua beleza pode conquistar tudo o que ela quer. Teve uma infância bastante sofrida, cheia de lamúrias e abusos sexuais. Constantemente vive drogada o que faz a escrita ser bastante confusa, pois mistura alucinação com realidade. Lia é filha de baiano e de alemão ex nazista, passa seus dias afastada da faculdade de ciências sociais como militante a esquerda. Fica bastante abalada quando seu noivo é preso.Lia é daquelas que acha que a política vai mudar o mundo, que vem antes de tudo. É até irônico o fato dela morar com freiras.
Conhecendo essas três diferentes meninas temos uma história bastante turbulenta de altos e baixos, bastante descritiva onde 70% do livro é narrado pensamentos e alucinações. Ao mesmo tempo que o livro é envolvente é desgastante, a escrita é bem pesada e confusa. Um livro onde fala sobre religião, política, uso de drogas, estupro, e tortura. Um livro bastante falado por conter um relato altamente descritivo de uma tortura militar, relato que choca os leitores até mesmo no dia de hoje. Imagino na época em que o livro foi lançado.
" Mas por que as pessoas não se libertam e deixam as outras livres? Um preconceito tão odiento quanto o racial ou religioso. A gente tem que amar o próximo como ele é e não como gostaríamos que ele fosse. "
A história do livro é de fato muito importante por envolver tantos preconceitos, e "crimes" que ainda vemos nos dias de hoje. Mas não é aquele livro que você pega para ler em um dia. Por relatar muito mais o pensamento das meninas do que atos em si, isso acaba tornando a leitura um pouco complexa demais. Fazendo por vezes você ter que voltar para tentar adivinhar de quem é aquele pensamento. E no caso de Ana descobrir se é real ou ilusão. Um final triste; porém com a sensação que faltou mais.
A única personagem que me desenvolveu algum sentimento foi Ana, um sentimento de pena, foi aterrorizante estar nos pensamentos de uma pessoa tão sofrida, tão drogada e lunática por viver sempre com efeito das drogas.
"Estou com nojo de sexo! O nojo dura pouco. O corpo começa a ficar tristinho e então reage com uma energia. Que energia! Basta um convite mais especial que nem precisa ser de homem, uma amiga do gênero estimulante e já levanta a cabeça e sai correndo na ponta dos cascos!.
Lorena me dá vontade de entrar no livro e dar na cara dela, que pessoa sem amor próprio, esperando uma ligação que nunca chega e romantizando o que não existe. Chega a ser chata.
" Passo a vida colhendo espinhos e semeando flores. Choro por beijar aquele que não me conhece mais. "
- Mas ele não gosta mais dela, querida. Acabou o amor, acabou tudo. Só se pertencem nos papéis.
Lia parecia homem, por vezes achei que ela se revelaria homossexual e se apaixonaria por uma das amigas ( o que não aconteceu ).
" Abriu o portão com gesto desabrido, heroico, gesto de quem assume não o seu caminho, prosaico demais, imagine, mas o próprio destino ".