As meninas

As meninas Lygia Fagundes Telles




Resenhas - As Meninas


524 encontrados | exibindo 61 a 76
5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 |


Elaine P. 21/07/2012

Tessitura perfeita
Você reconhece um bom autor quando inova em seus recursos narrativos, e Lygia, neste livro, mostra porque é uma das melhores escritoras em língua portuguesa de todos os tempos.

Minha vídeo-resenha: http://youtu.be/J0QCyTETJhU
comentários(0)comente



Silvana 15/01/2010

Quando li este livro pela primeira vez, fiquei intrigada com a forma como é narrada a história, assim, quando tive que fazer a minha TCC, na Faculdade, escolhi este livro e o tema a estrutura da narrativa. Aprendi a amar este livro. É claro, depois de ter lido umas dez vezes.
comentários(0)comente



Janara 25/01/2010

Uma delícia!!! Quando o li no Ensino Fundamental, perdido entre os livros acorrentados na diretoria, me apaixonei. Quando entrei na Universidade e encontrei Dores, uma professora que fez a tese de mestrado sobre esse livro, e falou dele com tanta paixão, com tantas visões novas, foi amor intenso. A narrativa dinâmica e nada clássica, as garotas com perfis incríveis, discrepantes e ao mesmo tempo complementares... tudo conspira para um sucesso literário.
comentários(0)comente



Tauan 23/09/2015

Pensa num livro confuso doido. Agora multiplica e adiciona o talento de Lygia Fagundes Telles e charme de uma obra transgressora.
A história se passa num pensionato de freiras paulistano onde três jovens universitárias começam sua vida adulta de maneiras bem diversas. A burguesa Lorena, filha de família quatrocentona (tradicional), nutre fantasias artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas se mantém virgem. A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso.
O romance oferece, de um lado, uma vista das vivências de três pessoas em busca de si mesmas; de outro, uma amostra dos problemas cruciais que agitaram a juventude durante um dos períodos mais conturbados da história do Brasil, a Ditadura Militar, que Lygia Fagundes Telles teve a ousadia e a coragem de denunciar.
O livro segue sem uma seqüência cronológica clara, não se percebe o tempo que decorre entre seu início e seu fim. Tudo acontece através da memória e da mistura com algumas ações no presente. E mais, o foco narrativo é alternado, hora em primeira, hora em terceira pessoa.
comentários(0)comente



Adriana C. 28/04/2015

Um livro diferente
As Meninas de Lygia Fagundes Telles é um livro diferente de qualquer outro que eu já tenha lido, foi muito interessante a maneira como a escritora passeia entre as vozes das três personagens mostrando através de seus pensamentos, conversas, suas vidas, e a vida social da época.
Desta forma sentimos as dores das três meninas, seus anseios, suas dúvidas e seus sonhos.
O livro ainda vai além, pode-se dizer que é sensorial, através das descrições podemos ter uma experiência mais tátil da obra.
Não pense que lendo você poderá se situar cronologicamente de forma “certinha” na história, pois a autora vagueia entre o ontem e o amanhã, são cenas, pensamentos soltos que se misturam e vão se entrelaçar mais adiante entre a vida das personagens.
Posso dizer que é surpreendente, é duro, mas conta uma realidade vivida e interiorizada e psicologicamente retratada pelas meninas.
O livro é muito bom, recomendo.
comentários(0)comente



Amanda 20/05/2015

Encantador!!! Com este livro Lygia me conquistou!!! Seus contos antes não haviam conseguido o que As meninas conseguiu. Me apaixonei! Talvez agora me apaixone por seus contos, pois os relerei com certeza!
comentários(0)comente



Bianca 20/07/2015

Descobertas e recobertas
A história de As Meninas se passa na década de 70, época da Ditadura Militar no Brasil, período em que as restrições são inúmeras e a sensação de vigília é constante. Conhecemos três garotas distintas que moram no Pensionato Nossa Senhora de Fátima: a Lia, ou flamante Lião, revolucionária e amante da liberdade, a Lorena, prática e apaixonada, e a Ana Clara, ou Ana Turva, traumatizada e cheia de planos.

As razões de terem ido para o Pensionato são diferentes, e essas diferenças vão se mostrando cada vez mais ao longo do livro. A narração é um pouco confusa, pois se mistura o ponto de vista da personagem com a narração em terceira pessoa. Há poucos capítulos, porém são longos, cheios de lembranças da infância e outros momentos marcantes que resultaram na personalidade de cada uma das personagens. Apesar de a história possuir um trio protagonista, outras personagens, como os familiares das garotas e as freiras, também possuem tramas dramáticas que não são muito exploradas, talvez por conta do contexto, pois foi em uma época onde tudo se tratava de desconfiança.

As Meninas é um livro que perturba que confunde que ilude que emociona. Um livro que dói por ser tão honesto. Por mais que as personagens pareçam ser decididas e donas do próprio destino, nós vemos adiante que nem sempre temos controle de tudo. É preciso saber lidar com os imprevistos e se proteger para o futuro incerto.
comentários(0)comente



@garotadeleituras 02/05/2016

Literatura de qualidade que transpõe o tempo!

Esse é um livro sobre três amigas, retratado na época da ditadura militar brasileira, e que, segundo afirmam, tem a cronologia de dois dias; particularmente, acho um tempo ínfimo para tanta coisa ocorreu em um espaço tão curto, mas... Temos aqui três jovens no ano de 1969 (isso é determinado pela citação do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick que resultou na liberação de quinze presos políticos brasileiros), na cidade de São Paulo e alunas da USP; residem no pensionato católico Nossa Senhora de Fátima. Cada menina tem uma personalidade e problemas personalizados, representando aspectos sociais da época.

Ana Clara Conceição é dependente química ou a drogada, apelidada de Ana turva ou Ana deprimida ou deprimente, Lia de Melo Schultz era a guerreira envolvida com política, que lutava contra a ditadura; Lorena Vaz Leme, uma das principais narradoras do livro, a que tem uma maior exposição durante toda a narrativa, é a intelectual do grupo, representando a classe média/alta ou a parcela menos participante dos acontecimentos do país durante a ditadura; ela prefere direcionar sua atenção para outras coisas, que podem até ser fúteis diante da calamidade, mas que servem de conforto e apoio para elas mesmo.
O livro é narrado de forma peculiar; temos as três meninas, personagens centrais da trama, contando seus pontos de vista (narração é feita na primeira pessoa), mas que se alternam entre si de forma brusca, por exemplo, dentro do mesmo parágrafo temos a narração sem ponto final particular de cada uma, cabendo ao leitor a percepção para acompanhar essas mudanças. E claro, temos a Lygia Fagundes Telles que dá consistência à estória com sua maestria. É um fluxo de pensamento frenético que exige atenção e envolvimento do leitor. Todos os pensamentos são expostos, sem filtro, sejam eles bobos ou filosóficos.

A Lorena é a amiga central do triângulo. De certa forma, serve de porto seguro para as amigas, seu quarto serve como refúgio e supre as necessidades econômicas das amigas. É a virgem, a certinha das três. É apaixonada por um médico casado, pai de cinco filhos. É uma paixão meio platônica, que passa o livro inteiro esperando um telefonema que nunca acontece. Tem um problema familiar citado durante a narrativa inteira, mas num certo momento da estória, planta a dúvida na cabeça do leitor...
Ana Turva é aquela menina linda, porém teve uma infância problemática e tem mania de grandeza, é a mais liberal das amigas; tem um noivo que ninguém nunca viu e é amante de um traficante, o Max. Resumindo, é uma pessoa fragilizada.
A Lia, também chamada carinhosamente de Lião, reflete um pensamento mais coerente quando comparado às amigas. É aquela pessoa que planeja antes de realizar. Tem um namorado que supostamente é envolvido com o sequestro do embaixador e estão planejando ir para a Argélia, com a esperança de novas realizações.
O livro também trás o depoimento de um torturado durante a ditadura (emocionante, diga-se de passagem). É um livro que tem a premissa sobre a amizade três jovens e seus relacionamentos, mas que pontua outros assuntos do cotidiano, como política, sexo e drogas, além reflexões pessoais de cada uma. É uma narrativa que cresce conforme a página vira.

Lygia Fagundes Telles é um dos maiores nomes da literatura nacional e seu livro as meninas figura em inúmeras listas de indicações de obras clássicas que devem ser lidas. Pretendo ler mais Lygia durante minha pacata vida de leitora. Super-recomendo aos que curtem clássicos. Se sentir dificuldade durante a leitura, procure material de apoio, mas não deixe de ler. Pretendo relê-lo em breve. Um livro mais que recomendado!!!
comentários(0)comente



Maria Faria 24/04/2016

Aquele Abraço
Desde que foi indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em fevereiro deste ano, Lygia voltou a aparecer com frequência nos canais de literatura no Youtube e ao assistir duas resenhas de As Meninas fiquei encorajada a lê-lo. A mais recente publicação deste livro está esgotada em livrarias e editora, restando apenas recorrer ao empréstimo de livros na Biblioteca Municipal de minha cidade.
Lygia Fagundes Teles publicou As Meninas em 1973, ano em que o Brasil estava sob o governo de Médici, no auge do regime militar, época conhecida historicamente como Anos de Chumbo. A autora criou três personagens com presença marcante e histórias muito diferentes. Durante toda a leitura é possível observar que o foco era apenas Lia, Lorena e Ana Clara, os demais personagens sempre surgiam para complementar suas histórias ou fazendo parte do drama vivido pelas meninas. As três personagens moram num pensionato de freiras e dividem ali suas angústias, medos e histórias de vida.
Lia trancou a faculdade de Ciências Sociais na USP para se dedicar à luta contra a ditadura e desigualdades sociais. É filha de um alemão e uma baiana e vez ou outra seus pais aparecem em suas lembranças ou falas de saudade e carinho. Seu namorado Miguel é preso político e conseguirá a liberdade, momento em que Lia irá para outro país encontrá-lo. Durante toda a história Lia está concentrada em sua luta pelos ideais, parte do tempo se esforçando na luta contra o sistema político e no final se organizando para viajar para Argélia e reencontrar Miguel. Em alguns momentos Lorena comenta sobre um livro que Lia estava escrevendo e acabou descartando. Os pequenos trechos revelados do suposto livro lembra bastante o próprio livro As Meninas e, no final, Lia resolveu rasgar seus escritos pela crítica de Lorena e o desinteresse de Miguel. Fiquei com a sensação de que os escritos de Lia faziam referência aos escritos de Lygia, como se fosse uma autocrítica.
Ana Clara não conseguiu concluir o curso de Psicologia e se droga com frequência na companhia de seu namorado Max. Ela teve uma infância difícil permeada por abusos sexuais e pobreza. Grande parte do tempo usa drogas e delira constantemente com as dificuldades de seu passado. O uso abusivo de entorpecentes lhe rendeu o apelido de Ana Turva. Sonha em se casar com um homem rico para largar as drogas, retomar seu curso de Psicologia e levar uma vida normal. Em seus delírios está sempre preocupada em não se atrasar para o encontro com seu noivo rico, o que não fica bem esclarecido se é uma verdade ou apenas parte das ideias fantasiosas da personagem.
Lorena é estudante de Direito, pertence a família rica, é romântica e adora poesia. Está sempre ouvindo música e tem mania de organização. Seu quarto é o porto seguro onde as demais meninas pedem ajuda financeira, trocam ideias, contam suas vivências, falam sutilmente sobre sexo, virgindade e outros assuntos que são tabus até hoje. Lorena possui um trauma de infância e está sempre lembrando do acontecimento que ocasionou este trauma. No decorrer da leitura vamos descobrir que ela presenciou um irmão matar o outro por acidente. Sua mãe é rica e casada com um homem que aparenta querer apenas sua fortuna, está mais preocupada com sua própria vida do que verdadeiramente com a filha. Diferente das outras duas meninas, ela pode ter tudo o que o dinheiro consegue comprar, mas vive a sonhar com o amor de um homem casado e pai de vários filhos, que não lhe corresponde e nunca retorna suas ligações. Lorena é virgem e sonha com o momento em que poderá ter este homem a seu lado. Vez ou outra é cortejada por algum colega e se sente atraída, mas não tem coragem de ir adiante por estar sempre à espera de seu amado M.N.
A autora consegue através dos fluxos de pensamentos de Ana, Lorena e Lia abordar de forma sutil assuntos que muitos autores não conseguem desenvolver nos dias atuais, por exemplo, há uma parte do livro que ela utiliza uma lembrança de Lorena tocando piano para falar de masturbação. Algumas atitudes de Lia demonstram, já naquela época, a liberdade de agir da mulher sem preconceitos. É inovadora também a forma de escrever, o que é citado em muitas resenhas como um ponto de dificuldade, mas que durante minha leitura foi tranquilo de absorver. Lygia utiliza as três personagens como narradoras e um quarto narrador que pode ser a própria autora. Dentro do mesmo parágrafo é possível ler um relato em primeira pessoa e logo em seguida em terceira. Depois do primeiro capítulo o leitor acostuma com esta troca de pontos de vista e forma de narrar.
As narrativas de Ana Clara foram as mais penosas, não só pelo conteúdo narrado, mas pela minha dificuldade de identificação com a personagem. Sempre que Ana entrava na história minha leitura se tornava lenta e posso afirmar que este foi um dos motivos pelos quais não gostei muito do livro apesar de considerá-lo uma obra genial. A personagem usa drogas de forma abusiva e seus pensamentos são sempre confusos e permeados por fantasias e delírios. Já os fluxos de pensamentos de Lorena são os mais organizados e agradáveis de ler. As narrações de Lia são agradáveis também, mas são nelas que está a contribuição que a autora deu contra a ditadura. Os fluxos de pensamentos de Lia estão intimamente ligados à luta que jovens daquela época empreenderam contra a ditadura, mas aqui também a autora foi sutil, visto que publicou o livro em pleno regime militar.
O final não guarda acontecimentos surpreendentes se observarmos o comportamento de cada personagem no decorrer do livro, apenas um acontecimento envolvendo Ana Clara que deixará Lia e Lorena em apuros.
Antes de ler o livro pesquisei o período da ditadura, especificamente o período que supostamente se passa a narrativa (1969), pois antes de ler um clássico é essencial que nos ambientemos com seu momento. Sem isto o aproveitamento literário estará comprometido. Ao ler o desfecho da personagem Ana e principalmente sobre os preparativos para a partida de Lia para outro país, lembrei da parte de minha pesquisa que relatava a partida de Gilberto Gil para o exílio em Londres. O ano de 1969 terminou ao som da música Aquele Abraço composta pelo cantor em homenagem à sua partida, deixando seu recado para o país, a ditadura e tudo de ruim que havia naquele momento do país.
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço
A Bahia já me deu régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu aquele abraço!
Pra você que me esqueceu aquele abraço!
Alô, Rio de Janeiro aquele abraço!
Todo o povo brasileiro aquele abraço!
comentários(0)comente



Ariadne 15/04/2011

As Meninas
Me decepcionou, Lygia queridinha...
comentários(0)comente



Carla 27/02/2016

Maravilhoso!
Resolvi fazer uma brincadeira lendo o prêmio Jabuti do ano do meu nascimento e terminei por fazer uma grata descoberta. O livro possui uma escrita lírica, poética, sensível digna de Lygia Fagundes Teles. A narrativa conta a vida, as desilusões, a solidão, a amizade, os amores e desamores, enfim o cotidiano de três “meninas” muito diferentes entre si, mas que são amigas, que moram em um pensionato e cursam a faculdade. Aborda ainda assuntos, como a posição da mulher, a dependência química e a militância política, os quais muito me questionei como Lygia teve coragem de mencioná-los e debatê-los em uma época tão conturbada como foi o nosso país em meados da década de 1970, pós golpe de 1964 e imposição do AI-5 em 1968. O desfecho dessa história foi surpreendente em minha opinião, a forma como os resultados de todos os questionamentos foi exposto, deixando muito a se pensar.
comentários(0)comente



suellem 15/02/2016

As meninas
O livro se passa em um pensionato de freiras, onde conta a história de 3 jovens que por algum motivo não moram com a família. Lorena é estudante de direito de uma família rica. Fica o tempo todo esperando o seu amor platônico ligar, um médico casado e com filhos. Ela tem a auto estima baixa e tem mil pensamentos do porquê ele não ligar : será que ele me acha muito feia? Será que é porque eu ainda sou virgem?. Todo seu relato no livro envolve a sua auto estima e a espera da ligação de M. N. A trama gira em torno dela que por ser a colega rica e a mais estavel, acaba por servir de ajuda econômica e eventualmente referência psicológica para as outras. Ana Clara é uma menina muito bonita que se apaixona por um traficante e acaba se envolvendo no mundo das drogas. Noiva de um outro, diz que sua vida vai mudar que no ano seguinte tudo se ajeita, que vai estudar com o dinheiro do noivo rico e vai ajudar o amante por quem é apaixonada. Acha que sua beleza pode conquistar tudo o que ela quer. Teve uma infância bastante sofrida, cheia de lamúrias e abusos sexuais. Constantemente vive drogada o que faz a escrita ser bastante confusa, pois mistura alucinação com realidade. Lia é filha de baiano e de alemão ex nazista, passa seus dias afastada da faculdade de ciências sociais como militante a esquerda. Fica bastante abalada quando seu noivo é preso.Lia é daquelas que acha que a política vai mudar o mundo, que vem antes de tudo. É até irônico o fato dela morar com freiras.
Conhecendo essas três diferentes meninas temos uma história bastante turbulenta de altos e baixos, bastante descritiva onde 70% do livro é narrado pensamentos e alucinações. Ao mesmo tempo que o livro é envolvente é desgastante, a escrita é bem pesada e confusa. Um livro onde fala sobre religião, política, uso de drogas, estupro, e tortura. Um livro bastante falado por conter um relato altamente descritivo de uma tortura militar, relato que choca os leitores até mesmo no dia de hoje. Imagino na época em que o livro foi lançado.

" Mas por que as pessoas não se libertam e deixam as outras livres? Um preconceito tão odiento quanto o racial ou religioso. A gente tem que amar o próximo como ele é e não como gostaríamos que ele fosse. "

A história do livro é de fato muito importante por envolver tantos preconceitos, e "crimes" que ainda vemos nos dias de hoje. Mas não é aquele livro que você pega para ler em um dia. Por relatar muito mais o pensamento das meninas do que atos em si, isso acaba tornando a leitura um pouco complexa demais. Fazendo por vezes você ter que voltar para tentar adivinhar de quem é aquele pensamento. E no caso de Ana descobrir se é real ou ilusão. Um final triste; porém com a sensação que faltou mais.
A única personagem que me desenvolveu algum sentimento foi Ana, um sentimento de pena, foi aterrorizante estar nos pensamentos de uma pessoa tão sofrida, tão drogada e lunática por viver sempre com efeito das drogas.
"Estou com nojo de sexo! O nojo dura pouco. O corpo começa a ficar tristinho e então reage com uma energia. Que energia! Basta um convite mais especial que nem precisa ser de homem, uma amiga do gênero estimulante e já levanta a cabeça e sai correndo na ponta dos cascos!.
Lorena me dá vontade de entrar no livro e dar na cara dela, que pessoa sem amor próprio, esperando uma ligação que nunca chega e romantizando o que não existe. Chega a ser chata.
" Passo a vida colhendo espinhos e semeando flores. Choro por beijar aquele que não me conhece mais. "
- Mas ele não gosta mais dela, querida. Acabou o amor, acabou tudo. Só se pertencem nos papéis.
Lia parecia homem, por vezes achei que ela se revelaria homossexual e se apaixonaria por uma das amigas ( o que não aconteceu ).
" Abriu o portão com gesto desabrido, heroico, gesto de quem assume não o seu caminho, prosaico demais, imagine, mas o próprio destino ".
comentários(0)comente



Andrea 08/02/2016

Quem são essas meninas?
Vencedor do Prêmio Jabuti de 1974, As Meninas, publicado em 1973, narra a trajetória das amigas Lorena, Lia e Ana Clara durante o ápice da ditadura militar brasileira e da revolta dos estudantes.

"A gente vê na rua todo mundo tão triste, por que as pessoas estão tristes? Ahn?" [...] [p 52.]

A história começa com a apresentação dos pensamentos de Lorena, uma moça rica, estudante de direito que está completamente apaixonada por um médico casado e muitos anos mais velho do que ela, algo que a torna motivo de piada entre as amigas. É preciso ressaltar que esse romance tem vários focos narrativos, transitando entre os discursos direto e indireto livres, com troca de narradores em primeira e terceira pessoa, algo que nos dá um panorama muito mais complexo e grandioso acerca dos conflitos internos e problemas externos das jovens, mas, para um leitor desavisado, pode transformar a leitura em um grande desafio e deixá-la até um pouco confusa.

"milhares de coisas estão subtendidas. Nas entrelinhas. O lado omisso." [...] [p 75]

A narrativa tem como tempo cronológico dois dias das vidas dessas moças, no entanto, o tempo psicológico é enorme e nos faz viajar da infância até meses antes dos fatos ocorridos no agora.
Além da perspectiva de Lorena, temos também as de Lia, uma estudante de ciências sociais, engajada nas revoltas estudantis que está em grande aflição por não ter certeza sobre seu futuro e sobre a segurança de seu namorado Miguel, ou o destino político do país e Ana Clara, jovem atormentada por uma infância de abusos sexuais que tem como único objetivo de vida tornar-se uma mulher rica, a todo momento, ela reitera esse ideal dizendo "No ano que vem..." quando, acredita, estará casada com o noivo "escamoso".

"Não gosto de ninguém. Todos uns bons sacanas que não perdem a chance de mijar na cabeça da gente. Agora quem vai mijar sou eu!" [...] [p 209]

Falando assim, talvez você não compreenda a dimensão que os pensamentos dessas garotas tomam ao longo da narrativa, elas estão vivendo tempos de revolução, de ditadura, de descobertas, principalmente de libertação da sexualidade, tendo que lidar com tudo isso sem contar completamente umas com as outras, pois essas meninas, apesar de amigas, são muito diferentes!
O romance também apresenta, a todo momento, uma saraivada de críticas sobre o comportamento da sociedade da época, além de conjecturas sobre o futuro da mesma. A personagem Lia nos traz várias reflexões verossímeis sobre o sistema vigente, e Lorena nos mostra como o burguês típico lida com tudo isso. Quando Ana Clara entra em cena, a narração fica extremamente confusa e quase sem nexo, visto que nesses dois dias a moça esteve drogada e bêbada.

"Houve um tempo (longe, não?) em que estudávamos juntas. Lião e eu. Ana Clara não estava assim tão ambulatória-delirante, coitadinha." [...[ [p 227]

As meninas nos proporciona um mergulho pelos pensamentos de três personagens, aparentemente, arquétipos, mas que nos mostram que a mente humana vai muito além do prescrito e que a busca pela felicidade pode nos levar a caminhos completamente desconhecidos e surpreendentes...

site: http://olhoscastanhostambemtemoseufascinio.blogspot.com.br/
comentários(0)comente



à¸^â¢ï»â¢^ภ03/01/2016

"Nós te amamos muito, Aninha. Deus te guarde."
O livro As Meninas da Lygia Fagundes, conta de maneira meio poética a historia de Ana Clara, Lorena e Lia. Que podem ser caracterizadas de forma breve como uma drogada, uma virgem e uma militante. As três são amigas e cada uma possui personalidades brilhantes e completamente distintas uma da outra, algo comum entre elas é o fato de viverem na mesma época: Ditadura Militar.

Apesar de não ser o foco do livro, é fascinante a coragem que a Lygia teve de abordar um assunto extremamente proibido para época. Chegando até a escrever sobre a tortura que os militares praticavam no período.É também citado vários outros assuntos tabus, por exemplo: aborto, papel da mulher, drogas, sexualidade e sexo. Um dos meus trechos favoritos é dito pela Lorena.

“(...) Quero te dizer que nós as criaturas humanas, vivemos muito (ou deixamos de viver) em função das imaginações geradas pelo nosso medo. Imaginamos consequências, censuras, sofrimentos que talvez não venham nunca e assim fugimos ao que é mais vital, mais profundo, mais vivo. (...)”

No começo, fiquei um pouco confusa com a escrita, pois o livro é narrado em primeira e terceira pessoa e vive mudando de ponto de vista de acordo com os personagens. Mas, quando acostumei com a escrita da Lygia, que é única, achei cativante a coisa toda. Visto que, dá para perceber quem estar narrando, já que a escrita leva a personalidade das garotas, a que sempre ficava mais nítida para mim era a de Ana.

É um livro muito bom e recomendo. Como não poderia? Uma historia envolvente, um pouco lenta, cheia de idéias, pensamentos e reflexiva sobre três jovens garotas, tendo como contexto e sendo escrito nesse contexto da ditadura militar aqui no Brasil.

De fato que recomendo, mas recomendo também que leia sem pressa e com tranquilidade.
comentários(0)comente



524 encontrados | exibindo 61 a 76
5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR