Luiz.Wilfrido 04/02/2016
COMO CURAR UM FANÁTICO? BOA LITERATURA NELE!
Ainda me surpreendo com o extremismo /fanatismo que tem tomado conta do mundo nos últimos tempos. Seja no debate (se é que isso existe...) político brasileiro, seja nas notícias sobre terrorismo, xenofobia e quetais pelo mundo afora. É difícil prá mim acreditar que, em pleno século XXI, persista tanta burrice, tanta gente de pensamento estreito e cheio de ódio ao que é diferente de seu (raso) modo de pensar e sentir o mundo. Aí ontem me deparei com um livro que, já pelo título, me chamou a atenção: "COMO CURAR UM FANÁTICO". Como assim? Será que isso é possível? Quando vi quem era o autor, o grande escritor israelense Amós Oz (que conheço de outras leituras), fiquei mais instigado ainda. Como esperado, a proposta de Oz é de fato muito interessante: ele diz que se você conseguir injetar em um fanático uma boa dose de senso de humor, compaixão e boa literatura, ele será curado. Bingo! "Nunca vi um fanático com senso de humor", diz Oz. E é verdade! O fanático é, geralmente, aquela pessoa que leva tudo muito a sério e não ri de si próprio. Ou seja, nunca se questiona a respeito das coisas e de si mesmo. Outra sugestão de Oz é expor o fanático à compaixão por meio da boa literatura. Diz ele: "Fanáticos sempre generalizam. Bons romances nos ensinam a ver nuances. Assim, quando um leitor se depara com um personagem de má índole num livro, mas sente empatia por ele, aprende a ser mais tolerante. A má literatura é aquela que pinta um mundo em branco e preto. É aquela que leva o leitor a querer que o mocinho mate o bandido, e então tudo estará resolvido." Na mosca de novo, meu caro Amós! E ele ainda completa: "O mundo tem se tornado cada vez mais complexo, e as pessoas têm buscado respostas mais simples para suas dúvidas. E os fanáticos sempre têm a resposta mais fácil." Não é bem por aí? Claro que tudo isso é apenas um exercício de bom senso, um ensaio sobre uma possibilidade quase utópica. Afinal, nenhum fanático/ extremista irá se deixar "contaminar" por ideias e atitudes que não sejam aquelas que ele pré-estabeleceu como "verdades" e/ou "valores" universais. Como observa o autor: "Um fanático acredita que uma coisa ruim tem que ser destruída. Ele quer purificar as coisas". E esse livro, com certeza, será tido como "impuro" por um fanático. Então, recomendo a leitura para os já "convertidos": prás pessoas que procuram enxergar o mundo e a si mesmas para além das proposições simplistas do "senso comum". Com certeza irão se divertir com a abordagem algo humorada do autor sobre esse tema tão candente na conjuntura atual. E agradecerão aos céus pela leitura de todos aqueles fantásticos livros que abriram as portas de um mundo enorme, complexo, misterioso e, por isso mesmo, MARAVILHOSO. Ficarão até com dó dos fanáticos. Eles não sabem o que perdem.