AleixoItalo 10/06/2022'Como Curar um Fanático' é um ensaio transcrito de uma sequência de palestras, que o intelectual israelense Amós Oz conferiu após atentados terroristas na França em 2015.
Nascido em Israel e tendo presenciado todo o conflito com a Palestina, o intelectual Amós Oz usa de sua experiência para versar a respeito do fanatismo. Acompanhando suas reflexões a respeito da natureza dos fanáticos, temos uma breve lição da história do Oriente Médio moderno, sobre a complexidade da relação dos Judeus com os árabes e de como a Europa foi decisiva na origem desse caos.
O livro é curtinho e não se aprofunda em seus temas, mas é direto nas ideias e expõe problemas que hoje assolam todo o mundo: a incapacidade dos seres humanos de enxergarem padrões e ver tudo preto no branco, a busca por narrativas maniqueístas, o egoísmo e a incapacidade de fazer concessões, entre outros. Esses problemas somados simplificam a situação que Oz chama do único grande conflito global: os fanáticos x o resto do mundo.
Ao sugerir "potenciais remédios" para cura do fanatismo, Oz discute sobre os direitos à terra daqueles que vivem em regiões de disputa e da necessidade de engolir o orgulho e fazer concessões, além de demonstrar a importância da literatura e das artes na formação de caráter.
No excelente 'Por Quem os Sinos Dobram", de Hemingway, temos uma visão da beleza da individualidade e do conceito do "indivíduo como uma ilha". Aqui Amós Oz reforça a importância do "cada um" mas sob o conceito do "indivíduo como península". Nas poucas páginas que compõe o ensaio, ele transita sobre como alguns problemas são simplesmente insolúveis e sobre a importância da empatia como uma única arma que temos contra o caos do mundo.