Isabella.Wenderros 15/12/2020Bom livroA história de Rob Jeremy Cole começa numa Inglaterra do século 11, primogênito de uma família pobre e numerosa. Depois de ficar órfão aos 9 anos e ser separado dos irmãos, Rob é amparado por Barber, um barbeiro-cirurgião que ensina tudo o que sabe ao jovem. A relação entre eles não é amorosa e essa adoção foi motivada por necessidade – o homem queria alguém que pudesse servir como ajudante em suas viagens e apresentações, mas essa parceria funciona para ambos. Enquanto Barber tem no rapaz um auxiliar, Rob aprende um ofício, além de ter alguém que cuide dele e de suas necessidades básicas.
Ao longo do tempo, a criança se torna um adolescente curioso e trabalhador. Quando é obrigado a se separar de seu protetor, descobre que a vida como um barbeiro-cirurgião, vendendo tônicos que não passam de bebidas baratas misturadas com algumas ervas, já não é suficiente e decide ir para a Pérsia estudar medicina. O primeiro problema surge quando descobre que cristãos são proibidos na universidade e que se quiser uma vaga, será preciso se passar por judeu. Durante o longo trajeto entre Inglaterra e Pérsia - uma peregrinação que irá durar quase dois anos -, Rob encontra pessoas e culturas que fazem o rapaz perceber que o mundo é maior do que imaginava. Essa parte da viagem me interessou bastante, acompanhar as travessias por mar e terra, através de montanhas e desertos com personagens de origens tão diferentes. Durante esse período, é reforçado o quanto Rob é aplicado, além possuir facilidade em aprender línguas e costumes. É no meio dessa viagem que Rob dá lugar à Jesse bem Benjamin, um judeu de Leeds.
Entre chegar à cidade e realmente ser aceito no curso, o protagonista enfrenta problemas que parecem instransponíveis. É através da ajuda do homem mais poderoso da região que ele consegue entrar como estudante - o que achei um pouco conveniente demais. Novamente Rob - ou Jesse - encontra alguém que será um mentor para o jovem e é na companhia de Ibn Sina que o rapaz se tornará um homem e médico – no final, considerando a relação com o professor mais importante do que com o próprio pai.
A parte mais fascinante do livro, para mim, foi o período passado em Ispahan. É lá que ele se casa, que alguns filhos nascem e que se torna uma figura respeitada na comunidade judaica e médica. Rob também forma laços de amizade que me conquistaram, além de virar alguém que faz mais do que questionar, mas tenta encontrar respostas para perguntas que todos fazem e não têm a coragem de investigar.
Quando os Cole retornam à Inglaterra, senti como se fosse quase um retrocesso sair daquele lugar em que o estudo era a base de um profissional para outro em que menosprezavam todo o conhecimento que levou anos para ser adquirido. Gostei muito do final, mas o personagem que "ajuda" Rob a fugir de Londres me passou a impressão de ser um coelho tirado da cartola pelo autor.
As descrições extensas de Noah me deixaram cansada e acredito que várias partes poderiam ter sido cortadas sem atrapalhar em nada a narrativa. O pano de fundo histórico foi o que mais gostei e é possível perceber que houve uma extensa pesquisa. É um bom livro que fala sobre o início da medicina, a sede de conhecimento, povos e costumes diferentes.