spoiler visualizarMilena 11/09/2020
Por vezes é difícil encontrar livros do gênero de autores brasileiros, mas Eduardo Spohr e o universo criado por ele não ficam atrás dos grandes autores e obras mundiais. De fato, é um universo rico, variado, detalhista, daqueles em que o leitor fica imaginando quantas histórias mais seriam possíveis somente nos comentários e referências - seja dos personagens, seja do narrador.
Eu, por exemplo, não ficaria surpresa - e, na verdade, ficaria extremamente ansiosa - por livros de todas as referências, de todos os eventos milenares, datados desde a criação até o Apocalipse. Impossível ler A Batalha do Apocalipse e, agora, Herdeiros de Atlântida, e não ter certeza de que a história envolvendo Gabriel, o "menino" e o estopim da guerra civil no Céu é nada mais do que fascinante. Não posso deixar de mencionar também o interlúdio entre Denyel e Andira; no mínimo um novo livro, sem dúvidas.
Meus personagens favoritos a) tem uma breve aparição; b) morrem. Trágico, revoltante, mas esperado.
No que se refere aos demais, pode ser minha experiência inteiramente terrena, que não entende os meandros e complexidades infindáveis de seres celestiais e milenares - ou minha experiência com Ablon, que querendo ou não, viveu entre os mortais por milhares de anos -, mas tenho uma angústia muito grande com os movimentos restritos e premeditáveis advindos da "natureza da casta" dos anjos retratados. Por causa disso, Urakin toma atitudes que prejudicam a missão, Kaira é visceral - e por vezes arrogante, mimada e infantil, mas como fui alertada por um amigo, pode ser resultado a alma humana ligada ao avatar angélico -, e o Levih quase coloca tudo a perder. No entanto, relevando os comportamentos em razão de suas castas, são personagens incríveis, profundos e bem delineados.
Uma leitura fantástica, uma releitura melhor ainda, que te deixa com um gostinho de quero mais que pode ser facilmente saciado com mais dois livros já publicados.