Kizzy 15/05/2017
Das fantasias que te fazem acreditar
Como já era de se esperar eu não resisti à tentação e logo que terminei de ler “A batalha do Apocalipse”, já me joguei e comprei a Trilogia dos Filhos do Éden. Prometi ler só depois que lesse os outros livros que tinha começado, mas era mentira. Assim que chegou eu fiquei louca e comecei. Lido o primeiro capítulo dos Herdeiros de Atlântida assumi o que parecia inevitável. Sim, já estou doente pelo Sphorniverso.
Tinha registrado quando li a Batalha do Apocalipse, que umas das coisas que mais me animou na narrativa foi o fato de ter parte da história se passando no Brasil, o que não é nada corriqueiro em livros de fantasia. Desta forma, fiquei obviamente muito feliz com a construção dessa narrativa na cidadezinha de Santa Helena e com toda a jornada dos protagonistas pelo país. Na verdade, a habilidade de construção de cenários do Spohr é deliciosa. Você vê até as cores, ouve os sons, sente os cheiros, e ainda assim é uma leitura rápida, simples e divertida.
A habilidade de construir personagens é outro ponto forte do autor. Sendo eu completamente apaixonada por Ablon e pela feiticeira de En-Dor, já estava com a expectativa baixa para os novos protagonistas, porque sei que seria difícil superar a relação dos dois e a comparação é inevitável.
Ainda assim eu achei o Denyel sensacional e interessantíssimo, principalmente a construção da personagem para a trilogia, uma vez que fica claro que ainda se tem muito a descobrir dele na continuação da saga, além de que gosto muito mais de anti-heróis do que de heróis imaculados. Kaira também é uma ótima personagem, primeiro porque adoro personagens de ação femininas e também porque a jornada de autoconhecimento e a interseção de almas com Rachel fizeram da Centelha Divina muito interessante e deram um ritmo de novas descobertas durante toda a trama, evitando o tédio típico das Trilogias. Apesar disso, de fato a relação entre os dois, pelo menos no primeiro livro, não é forte e natural como os anteriores. Em alguns momentos é até bem clichê de novela, mas certamente há muito o que ser desenvolvido nos próximos livros, portanto, ainda não dá para fechar uma opinião.
Mais uma vez a combinação do universo de fantasia e das batalhas celestiais épicas com contextos históricos e religiosos e dessa vez contendo até elementos do folclore brasileiro, me encantaram. Como eu adorei conhecer Andira e toda a mitogia envolvida com a personagem, como eu me assustei com os poderes terríveis de Andril e Yaga e como eu tive vontade de abraçar Levih.
A passagem de Kaira com Rafael no desfecho da principal cena da personagem, mesmo sendo interessante pelo resgate de Rafael que tinha se ausentado lá na Batalha do Apocalipse sem muita explicação, me incomodou um pouco. Sabe aquilo que parece um pouco clichê demais para resolver todos os problemas de um jeito bem conveniente? Foi o que me pareceu, mas, é um livro todo de fantasia, com certeza dá para aceitar.
Como é típico dos livros de séries, em determinados momentos ocorrem explicações repetitivas e muita descrição. Mas o Spohr escreve tão bem que não chega a incomodar não, serve para dar um respiro para as próximas batalhas. É daqueles livros que você fecha a última página ao mesmo tempo que abre a capa da continuação. Que venha os Anjos da Morte.