O estrangeiro

O estrangeiro Albert Camus




Resenhas - O Estrangeiro


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Alessandra 11/05/2021

Incômodo, mas necessário
Uma leitura que me deixou incomodada o tempo todo, do começo ao fim. Eu adoro Albert Camus, acho a escrita dele clara e direta, e que trás questionamentos gigantes sobre o existencialismo.
A maioria das resenhas que li sobre O Estrangeiro fala com resignação e indignação da apatia do personagem principal, Meursault, em relação a vida.
Um homem que leva a vida no “tanto faz”. Tanto faz para ele casar, tanto faz como a mãe será velada, tanto faz uma promoção de emprego para Paris, tanto faz qual o filme ele assiste no cinema ou tanto faz que seu vizinho espanca um cachorro e o outro bate na namorada. O mundo está acabando e para Meursault.... Tanto Faz !!
Esta é a trama principal do livro e que nos faz questionar ? Meursault está errado ?
Confesso para vocês que o quê menos me incomodou na leitura foi Meursault. Ele é uma pessoas autêntica, um ser humano livre com suas questões, vive da maneira como quer, sem pensar no que as outras pessoas acham. O título do livro é perfeito: Meursault é um ESTRANGEIRO do mundo, ele não se encaixa em nenhuma sociedade, então ele vive a dele.
A história trás questões tão atuais no dia a dia. Fala sobre o julgamento das pessoas, do cancelamento por atitudes politicamente incorretas para a sociedade. O que é o certo e o que é o errado no dias atuais ? É errado ir ao cinema no dia seguinte a morte da sua mãe ? Quem estipulou que o certo é ficar em casa chorando ? O mundo está chato, nada podemos fazer sem sermos criticados publicamente, para falar algo precisamos pensar muito, pois corremos o risco de ser massacrados pelos nossos pensamentos (sejam eles certos ou errados). E a prova mais clara disso foi o julgamento de Meursault, que foi surreal, no final ele foi julgado não pelo crime e sim por este distanciamento sentimental com as pessoas, principalmente com a mãe. Foi um julgamento moral.
E aí é que está a questão: eu fiquei incomodada porque lógico que as atitudes de Meursault são repugnantes sim, a gente questiona o tempo inteiro, mas por outro lado tive uma empatia gigante com o personagem. Será que sou louca ? No fundo acho difícil existirem pessoas como Meursault, por isso o romance é considerado romance do absurdo, acabei o livro com a sensação que ele tem sim um distúrbio de personalidade, não vi outro conclusão. E acabo o livro me questionando.... sempre !!
Helena 12/05/2021minha estante
Excelente resenha




José Ricardo 31/07/2013

A Filosofia do Absurdo...
O livro é narrado na primeira pessoa do singular pelo personagem principal, Meursault. A história inicia quando Meursault recebe um telegrama informando sobre a morte de sua mãe. Ele vai ao sepultamento, mas não expressa abalo emocional, tanto que, ao ser questionado por seu patrão sobre a idade de sua mãe, responde: "uns 60 anos". Não bastasse isso, no dia seguinte ao funeral, Meursault inicia um relacionamento com Marie, ocasião em que tomam banho de mar e vão ao cinema, assistir uma comédia.

Meursault leva uma vida comum. Trabalha em um escritório qualquer, tem amigos superficiais, hábitos banais; enfim, vive imerso num quotidiano sem questionamentos de ordem existencial. Ou, como ele mesmo diz: "perdera um pouco o hábito de interrogar a mim mesmo".

A despeito disso, em certa ocasião, de repente se vê envolvido em um crime na praia. O fato resulta em sua prisão e no curso do processo ele não sabe ao certo o que está ocorrendo. Afinal, não entende nada sobre Direito e, por conta disso, naquele ambiente hermético é como se fosse um estranho; um "estrangeiro". Está à sorte da empatia e benevolência de seus semelhantes, os quais, por sua vez, demonstram uma postura muito mais para o individualismo do que para o solidário.

Vale destacar, dentre várias, a passagem em que o juiz reconhece em Meursault o próprio anticristo apenas por ambos não seguirem as mesmas convicções religiosas...

Interessante, também, a fala do jornalista, que fazia a cobertura do caso, quando se aproxima de Meursault e diz: "sabe, tivemos que aumentar um pouco o seu caso. O verão é uma época morta para os jornais. As únicas histórias que valiam alguma coisa eram a sua e a do parricida."

Como se percebe, a obra é repleta de leituras nas entrelinhas, além de ser compatível com a chamada filosofia do absurdo, da qual Camus era adepto.

Para a filosofia do absurdo a vida não tem sentido algum. As pessoas é que buscam sentido nas coisas para aliviarem o sofrimento humano. Mas a vida é só a vida e nada mais. O ser humano, no fundo, não sabe de onde veio, para onde vai ou o quê está fazendo aqui. O ser humano é um "estrangeiro" no mundo e vaga ao acaso e a sorte dos mais variados e aleatórios acontecimentos, os quais não compreende ou detém controle. Não bastasse tudo isso, este mesmo ser humano ainda tem que conviver com seus semelhantes, o que torna a vida ainda mais difícil do que já é.

Albert Camus nasceu na Argélia - e não na França - e recebeu prêmio nobel de literatura por seu legado. "O Estrangeiro" é um livro curto em palavras, mas denso de significados. A dificuldade em compreender seu significado reside em sua própria ausência de significado, assim como ocorre em relação à vida. Este, portanto, é seu maior significado. Neste aspecto, Camus é coerente com seu pensamento: a filosofia do absurdo...
Pedro Sanches 21/09/2013minha estante
É realmente um ótimo livro, e parabéns, adorei a resenha.




Solo 01/07/2020

Raso como a perspectiva de vida do personagem
Sinceramente, achei a leitura um tanto desinteressante. A narrativa não possui uma profundidade que te prenda ao que esta por vir (não sei se essa foi a intenção do autor, mas pensando por esse lado, faz sentido). Não acho que foi uma história feita para que nos apeguemos a personagens pois tudo se passa muito rápido - tanto que o desenvolvimento se passa em um único final de semana.
Mersault é um personagem leve, não gostei nem deixei de gostar. A leitura, ao meu ver, não é uma das quais você pode tirar alguma reflexão profunda, acho que isso seria forçar a barra tanto quando querer tirar um propósito de vida do apanhador no campo de centeio.
Posso dizer que me desapontei com meu primeiro contato com o autor, mas não a ponto de me desinteressar por uma possível futura leitura
Dickson 26/03/2021minha estante
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Mari 29/07/2021

Eu ainda não sei exatamente o que falar sobre esse livro. Ele é tão simples? é sobre a vida de um homem. Mas tão complexo?..
O jeito que Camus conseguiu escrever um personagem totalmente alheio à tudo, alheio aos sentimentos, alheio aos acontecimentos, alheio ao mundo completamente. É absurdo. Nada o afeta.
Eu senti que era um pouco psicopático, mas não sei se estou certa.
É difícil descrever, mas eu adorei. Muito bom. Já quero reler e entender melhor
Elane48 29/07/2021minha estante
Li esse livro quando estudava o Existencialismo. Ajudou muito.




VerAnica.Cardoso 24/03/2022

Uma leitura rápida, fluente e bem marcante! Pensar na liberdade, em como nos tornamos automáticos diante da vida e das pessoas , boa reflexão!
Grazi 09/04/2022minha estante
Minaaaaaaaaaaaaa vou ler essa semana




Jô Santos 19/10/2020

Sobre o vazio da existência humana
RESENHA
OBRA: O Estrangeiro
AUTOR: Albert Camus

Nº de páginas: 125
País de origem: França
Mês de leitura: Agosto/ Outubro

Albert Camus é um escritor francês, nascido na Argélia (que era dominada pela França), viveu entre 1913 e 1960, teve uma vida muito movimentada foi escritor, ensaísta, filosofo, jornalista e ativista político tendo participação na Guerra de Independência Argelina e atuando no Partido Comunista Francês, teve uma desavença com Jean Paul Sartre e se opunha abertamente ao marxismo e ao totalitarismo soviético, o que criou mitos sobre o acidente de carro que o matou em 1960. O conjunto de sua obra lhe rendeu um Nobel de Literatura em 1957.
Sua obra é marcada pelo existencialismo, levando o absurdo da existência humana aos seus limites. O Estrangeiro, publicado em 1942, é um perfeito exemplo disto, conhecido como o “romance do absurdo” o livro narra a vida do Sr. Meursault desde o dia em que este recebe a noticia da morte de sua mãe até o dia de sua própria. Meursault é uma figura estranha a sua própria realidade, vivendo uma existência vazia de significados, um eterno tanto faz, não mostra apego as pessoas, a lugares, a momentos, vive como um sem lugar, um eterno passageiro, como diz o título um estrangeiro em sua própria vida. Vivendo uma rotina metódica, sem lugar para buscar um sentido das coisas, sem lugar para refletir sobre o agora ou o futuro.
Trata-se de um livro bastante curto e a tradução de António Quadros trás esse tom metódico, vazio, sem sentimentalismo o que só enriquece a experiência do livro. A narrativa apesar de estranha e apática, te prende exatamente pelo incomum, você se vê querendo conhecer este homem estranho e os lugares onde sua apatia o leva.
O livro foi uma surpresa que o projeto de leitura conjunta do meu curso me proporcionou, lê-lo em voz alta foi uma experiência a parte, dividir seus acontecimentos com outros leitores ao vivo foi fabuloso, uma experiência verdadeiramente marcante. Fiquei muito feliz por conhecer a obra do escritor e ansiosa por ler outros livros do mesmo.
Cacique 23/12/2020minha estante
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nalannes 19/07/2020

O Estrangeiro é um livro sobre a sobre a nossa percepção sobre normalidade.

A visão do absurdo que temos do personagem, seus pensamentos e atitudes são as mesmas que são destacadas em seu julgamento na parte final do livro.

O livro tem toda essa apresentação filosófica dos conceitos de Camus, o que com certeza exigiria um estudo mais profundo de sua obra para aproveitá-la com mais clareza.

O que é absurdo? Como é ser um estrangeiro em meio às normas da sociedade? O que é liberdade? Há espaço para seremos quem realmente somos? O que nossas atitudes realmente significam?

Com a pouca bagagem que tenho hoje no assunto, a leitura foi rápida, interessante e, ao mesmo tempo, muito desconfortável. A segunda parte lembrou muito de como me senti com O Processo, de Kafka.

A sensação de ter tantas perguntas sem respostas, de precisar explorar mais o universo que o personagem estava inserido e sua própria mente que parece tão passiva e ao mesmo tempo tão cheia de si.

Com certeza lerei outras obras do autor para me aprofundar mais.
Leitura e . 19/07/2020minha estante
Oii... Boa tardee...Tudo bem?... Desculpa por interromper sua leitura, mas gostaria de te convidar a me seguir no Instagram para acompanhar minhas leituras... tem sorteio de livros em andamento... te espero lá...?
Obrigado.
@leituraeponto




queridasreticencias 21/03/2021

O Estrangeiro de Albert Camus.
O que falar sobre este livro? Que coisa estranha eu acabei de ler.

Apesar da crueza e indiferença do narrador, creio ter conseguido captar a essência. Era um homem que vivia seus dias um após o outro, sem de fato se importar com algo. O verdadeiro ?tanto faz?, frio em relação à tudo.

Os traços do personagem me levou a pensar que talvez fosse alguém com problemas mentais, um psicopata.

?Psicopata é a designação atribuída a um indivíduo com um padrão comportamental e/ou traço de personalidade, caracterizada em parte por um comportamento antissocial, diminuição da capacidade de empatia/remorso e baixo controle comportamental ou, por outro, pela presença de uma atitude de dominância desmedida.? Ele era isso.

Parece uma pessoa perdida na realidade, não sabe e não entende o que está acontecendo e tanto faz o que está acontecendo. E vivendo nessa maneira dormente, acabou por cometer um crime sem pensar, sem maldade, apenas fez. Ao perguntarem por quê o fez, ele não sabia responder. Entendem? Era completamente apático e alheio à tudo.

Porém, depois de sua sentença, ele passa a fazer sérios questionamentos sobre a vida.

Não sei bem explicar a sensação que fiquei, ao mesmo tempo que queria chacoalhar o personagem e mandá-lo acordar para a vida, também conseguia o compreender, apesar de em nenhum momento conseguir gostar dele.

Creio que a intenção seja essa, fazer-nos perceber se talvez não estejamos vivendo como ele. Uma incógnita, mas um grande impacto psicológico. Até agora estou pensativa...
Rosangela.Chaves 21/03/2021minha estante
Eu tive essa sensação quando li esse livro. Foi indicação de um amigo e me deixou pensativa por um longo tempo. O livro traz um personagem tão alheio que se não soubéssemos o que ele pensa durante a narrativa teríamos nele um assassino frio, quando na verdade ele é tão anestesiado que nem assassinato o faz sentir qualquer coisa.




Ana Lícia 25/03/2021

Deixa a vida me levar, vida leva eu...
A vida tem sentido para você? Sua existência tem algum propósito? Para o protagonista de O Estrangeiro, não.

E se você fosse um Estrangeiro na sua própria vida? Se vivesse apenas vendo as coisas passarem ao seu redor, sem se importar com nada e ninguém? Sem laços afetivos. Seria psicopatia ou apenas um jeito de passar pela terra?

Nosso protagonista, Meursault, apenas vive a partir de sensações externas. Do que ele pode sentir em sua pele, deixando de lado as sensações internas, deixa o sentimentalismo bem distante. Começamos a narrativa com Meursault perdendo a mãe. E o fato de ele não mostrar nenhuma afetação em relação a mãe irá trazer grande julgamento e prejuízo no futuro.

Mas ele é assim. Ele nunca se arrependia de nada. Não se preocupava com o amanhã. Seria capaz de matar alguém, como se fosse beber um copo de água. Naturalmente.
Não tinha ambições, propósitos ou paixões.
E, claro que este comportamento iria incomodar as pessoas ao seu redor. Como alguém pode viver sem acreditar em nada? É uma afronta as normas sociais.

Meursault irá fazer algo, que o levará a julgamento. Mas o interessante que não será julgado pelo crime, e, sim, por suas atitudes de indiferença quanto a mãe e a vida.

Eu já li vários livros estranhos e, alguns se tornaram favoritos como A Metamorfose, de Franz Kafka.
O Estrangeiro começa de forma simples, quase banal, e vai se transformando. A cada página entramos em uma atmosfera atípica, uma sensação de estranheza e curiosidade nos acompanha o tempo todo. Um livro inóspito, estranho e que nos traz uma experiência extraordinária. E, claro, nos faz refletir muito sobre nossa existência.

O conformismo e a indiferença deste livro. É absurda e genial.
Carol Santos 25/03/2021minha estante
adorei a resenha, fiquei curiosa!!




Mari 29/07/2021

Indignar-se ou resignar-se diante da vida?
É através de Meursault, um homem resignado dos desígnios da vida, que Camus nos apresenta o seu pensamento filosófico conhecido como Absurdismo.

A tendência humana é buscar um significado para a própria existência mas, segundo Camus, é humanamente impossível encontrá-lo, o que torna a vida um Absurdo - o escritor entende a vida como uma luta constante e sem sentido.

A atitude absolutamente passiva de Meursault perante os acontecimentos que determinarão o seu futuro nos abre a porta para o universo de Camus.

Camus viveu o peso do início do século XX. Guerras, pestes, totalitarismo, campos de concentração e todos os horrores que sabemos - esse ambiente foi extremamente propício para o desenvolvimento do seu pensamento.

Em ?O Estrangeiro? ele nos faz refletir sobre a condição humana e a irracionalidade do mundo.

?-
Embora ?O estrangeiro? seja a obra mais conhecida de Camus, ele tem outras obras importantes como: A peste, O mito de sísifo, O homem revoltado.

Camus morreu em um acidente de carro em 1960, três anos após receber o Prêmio Nobel de Literatura.

?O estrangeiro? inspirou não somente outros filósofos e escritores como também astros do rock. A música ?Killing an Arab? do The Cure é totalmente inspirada em Meursault.
Douglas Finger 29/07/2021minha estante
Vou ler tambemm!




Lou 31/03/2021

Muito bom
É tão interessante e engraçado o jeito do personagem principal, o modo dele de se enjoar de tudo e de todos , e nunca ter motivação para nada é oque torna o livro incrivel. acredito que não foi so eu q achei isso, mas a sensação de busca do entendimento dos sentimentos d meursault é oq faz cada folha ser mais intrigante.

eu costumo me decepcionar com finais de livros, mas o fim do estrangeiro é inesperado
nele é quando conseguimos conhecer mais um pouco do personagem.

obrigada meu mozi (Gabriel) por ter me presenteado!
E por fim, Tanto faz.
Gabriel 31/03/2021minha estante
Resenha top! Agora tem que ler os outros do Camus. Te amo ?




Karen 10/12/2021

A dor e a delícia de ser o que é
Quando não correspondemos ao que os outros esperam de nós...
A paz e a plenitude de ser quem você é, é quase uma afronta aos olhos de muitos.
"Desejava afirmar-lhe que eu era como todo mundo, exatamente como todo mundo.".
NoName417 10/12/2021minha estante
Melhor livro que já tive contato.




André Prado 25/01/2012

Albert Camus é genial com seu livro, sucinto, perfeito. Exprime um pouco de todos nós, estranhos no ninho.
Já bati, e ainda bato na tecla de que não há destino, seja guiado por um ser Onisciente, ou apenas a inevitabilidade da vida social, tal qual estivéssemos numa rodinha da gaiola de um rato. Mas essa mesma inevitabilidade, e ironicamente pra quem acredita nisso, é sentida todos os dias. É fácil nos pegarmos perguntando: "poderia ter evitado isso", mas a questão é: "é o que costumamos fazer?". Muitos diriam que é fácil, é apenas mudar as atitudes, muitas delas radicalmente. Porém outra pergunta nos vêm a mente: "isso é realmente necessário?". É fácil estarmos "desplugados" e sentirmos alheios a algum controle sobre a realidade que nos cerca.

Decerto, acabamos nos entregando a esse mecanismo infernal que se chama vida. Somos cidadãos comuns, trabalhamos, estudamos, pagamos impostos, temos amigo(s), saímos com pretensões amorosas, conhecemos pessoas e coisas novas... Tudo faz parte de uma inevitabilidade de nós mesmos. São coisas que nos satisfazem, sendo a curto ou a longo prazo, mesmo se não gostamos realmente. Mas chega uma hora e nos perguntamos: Há mesmo como mudar aquilo que fazemos? Nossa vontade? A primeira resposta que deve vir agora na sua cabeça é: Não. Logo depois vem a negação. Após o desespero. E por seguinte o conformismo.

É certo que, a nossa vida comum, é mais comum do que qualquer outra que imaginemos. Em suma, acabamos sendo comandados por ela, e o sistema nos prende a ela de forma inevitável.

Mersault trabalha como escriturário e é um jovem Parisiense como outro qualquer, é no fundo cada um de nós. Trabalha, paga seus impostos, se relaciona com mulheres, tendo amigos como um vizinho, aquele cara que é companheiro de trabalho, ou mesmo aquela garota que trabalha na loja da esquina. É normal por fora, mas vazio por dentro. Sem ambições, espera a vida apenas acontecer pois ela irá acontecer, e acontece em satisfações imediatas como dormir com uma mulher ou comer um biscoito. Tanto faz casar com Maria, tanto faz se sua mãe morre. Oras, mais cedo ou mais tarde essas coisas irão acontecer não é? De um lado a maior certeza da vida que é a morte, de outro a certeza estatística de que cada um, por mais horrível que seja, tem alguém que nos irá amar. Uma hora, aliás 90% das horas, com certeza dentro de nós bate o conformismo, aquela sensação de tanto faz. Vivemos e morremos, ficaremos tristes por alguém morrer, podem milhões morrer. Mas inevitavelmente, você terá a mesma vida - a não ser que haja um cataclisma apocalíptico, então o descartemos. E nesse cenário de ruínas, e de tristeza, continuaremos nossa vida. Aquela em que sendo julgados estando alheios a tal, e descobrindo o valor das coisas quando perdemos. A vida de Mersault é assim. Me sinto assim muitas vezes.

É um retrato de uma sociedade e um retrato de Camus, retrato de um cenário da época. Com uma infância extremamente pobre, e crescido, vislumbrando várias mudanças sociais e de pensamento, como: Marx e Engels lançando O Manifesto Comunista, Darwin e sua A Origem das Espécies, a explosão da Primeira Guerra, a Grande Depressão e outros acontecimentos que mudariam a visão de uma sociedade, e trariam o vislumbre de que o progresso... não é lá tão bom assim. Até hoje aliás, permeia em nossas mentes esse questionamento.

E inevitável, esquisito como a vida, Albert Camus morreu em um acidente de carro em 1960. Morreu em uma viagem para Paris com amigos, tendo as passagens compradas para ir de trem. Entretanto, por insistência deles, resolveu ir de carro. O carro se espatifou contra uma árvore, ele morreu na hora, apenas ele. É a inevitabilidade da vida aplicada. Nela não há o destino, mas quem disse que controlamos a nossa vida? A nossa satisfação move o mundo, ou o para.

Um grande mérito de "O Estrangeiro" é sua narração em primeira pessoa tal qual um diário, é ser tão curto, e ser suficientemente sucinto para não mais uma página. Albert Camus é genial com seu livro, sucinto, perfeito. Exprime um pouco de todos nós, estranhos no ninho.
Nathallia 29/04/2012minha estante
Quem nunca se sentiu assim. Gostei de sua resenha, me fez ver algumas facetas a mais no livro. Concordo: genial!




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