Pedro3906 29/03/2024
Entrar em si mesmo e não encontrar ninguém durante horas, é preciso conseguir isso.
O título do livro é quase um convite, imagino eu, para todos aqueles que escrevem e gostariam de um norte considerável com respostas precisas aos grandes dilemas literários, qualquer que sejam. A primeira carta de Rilke é a mais emblemática e, sob meu corpo, a que surtiu efeito imediato de incômodo e conforto, discorrendo solidões necessárias no processo florescente de criação, abandonando seguimentos clássicos ou certezas momentâneas. O marketing da editora Antofágica para sua nova edição — fervida em miscelâneas e complexidades não vistas nessa — contribuiu. Infelizmente me falta condições materiais e, no aspecto ríspido da pobreza de espírito, paciência com os textos de apoio. A mim já bastou o livro cru.
Bem, a leitura amornou em sequência porque, exigente, prefiro a fatalidade concisa e elaborada com poucas palavras, diferindo do ritmo em respirações longas e profundas, em suma meditação, das cartas. Cartas são de se respirar — e esquecer de — saboreando o presente dado pela pessoa, pois sim, é que, não sendo elas escritas sobre queixas minhas (não exatamente), dispensei cedo alguma paciência. Estou sendo sincero. Em notas de perdão, fico em silêncio, ao simples passar dos olhos no papel, na preparação do poeta à solidão inevitável, e adiciono a guisa de absorção o movimento de denúncia dos amores primários dos jovens.
Creio que isto basta. Explicar uma angústia me parece impossível.