DIRCE 16/08/2009
Brilhante do título às últimas frases.
A Hora da Estrela, último livro de Clarice publicado em vida,mas o primeiro que li, fez com que eu me tornasse uma apaixonada por essa escritora intensa e instigante. Não daria para ser diferente, pois achei esse livro BRILHANTE do título até às últimas frases.
A história de Maca poderia ser uma história como a de qualquer retirante nordestino que migra para a cidade grande e, que, na maioria das vezes, passam a viver em condições mais precárias que a deixada para trás, mas a história de Macabeia tem um diferencial e, esse diferencial, é a denuncia social implícita na obra, e, essa denúncia, está carregada de solidariedade aos menos favorecidos.
O criador (Rodrigo S.M) e criatura (Macabéia): protagonistas( assim entendi, pois há momentos em que eles se confundem: Mas eu, que não chego a ser ela, sinto que vivo para ela[...]) não tinham lugar no mundo - ele, pelos seus questionamentos e por se sentir responsável pela existência miserável da jovem,e ela,pela sua completa alienação -assim, o criador aparece e desaparece com a criatura e, o que mais fascinou em toda a obra, foi o modo como desapareceram.
Maca, a jovem desprovida de sonhos, desprovida de ilusões, que não podia, sequer, pedir desculpas por estar viva,já que ela não tinha noção que estava viva como se percebe em:
"Pois que a vida é assim: aperta-se o botão e a vida acende. Só que ela não sabia qual era o botão de acender (...) tem, no momento do seu desaparecimento, o seu momento de glória - a sua Hora da Estrela.
Com desaparecimento de Maca, nada mais resta a Rodrigo do que se retirar.E que retirada...:
"E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?! Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim.
Uma novela contundente e, que, 3 décadas após, continua atualíssima.
5 estrelas elevado ao quadrado.