Rascunho com Café 26/04/2015
Uma jornada sobre a morte e suas sutilezas
Sabe aquele livro que não te deixa em paz até você comprá-lo? Esse foi o caso de O Caminho do Poço das Lágrimas. Li a sinopse rapidamente, mas não me chamou tanto a atenção quanto a capa e as belas ilustrações de Lese Pierre.
A escrita do autor brasileiro é mais voltada para o terror e histórias sobrenaturais, só que seu décimo terceiro livro não possui seus característicos vampiros e sim uma família normal que passa por momentos angustiantes. Quem não conhece o estilo de Vianco pode se interessar pela história logo de cara, mas os fãs mais antigos acharam o romance estranho. Talvez pela simplicidade da escrita, talvez pelo final ou pela falta de elementos vampirescos. Particularmente, minha experiência com o livro foi interessante.
Em vários momentos, a obra nos remete a aspectos de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, Caroline, de Neil Gaiman e até a sobriedade de Tim Burton. Grande parte disso se deu através das ilustrações ora bonitinhas, ora sinistras. A diagramação do livro foi cuidadosamente trabalhada e isso fez toda a diferença no resultado final, pois em diversas situações me vi naquela cena com eles e senti todo o drama do momento.
O suspense e o terror, especialidade do escritor, dão as caras na história logo no início, quando Jonas e seus dois filhos, Ingrid e Bosco, acordam no meio do mato sem carro, telefone, comida ou água por perto. Os três viajavam para passar um momento juntos, já que o pai quase nunca está presente para as crianças. Após várias especulações e reclamações, eles decidem procurar o carro ou alguma ajuda.
A tensão inicia no instante em que encontram um senhor idoso muito estranho e com conselhos mais estranhos ainda. Segundo ele, para chegarem ao seu destino final são e salvos, o trio teria deveria caminhar por um caminho de pedras, sem desviar do caminho em hipótese alguma. Já imaginam o que aconteceu em seguida, não?
Os cenários do livro durante essa caminhada são bem construídos e trazem consigo um aspecto dark, assim como as aparições de outros personagens ao longo da narrativa. Considero O Caminho do Poço das Lágrimas como um livro infanto-juvenil, portanto, conta com um enredo ágil e uma escrita bem simples, porém pouco confusa. Acredito que faltou um pouco mais de aprofundamento do autor em situações importantes.
É uma obra reflexiva que aborda a morte, a vida e as consequências de nossos atos. Apesar do final não ter agradado todos - nem vale a pena mencionar, para não estragar a surpresa-, a leitura é totalmente válida, até para conhecer melhor outras vertentes da literatura nacional.
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