Sheila 26/08/2012Resenha: "O Dia da Caça" (James Patterson)Neste livro acompanharemos Alex Cross, um detetive que é também psiquiatra, numa caçada implacável, que o levará até lugares onde nunca pensou em ir e ver coisas que nunca imaginou serem possíveis - muitas delas brutais.
Tudo começa quando é chamado para ajudar na investigação de um caso de assassinato de toda uma família e é atingido por uma cena impactante: muito sangue, vandalismo, violência desnecessária e um comportamento totalmente sem escrúpulos por parte dos assassinos, que deixam suas impressões digitais por toda parte e parecem não temer a justiça.
Inicialmente, o detetive Alex Cross só consegue ficar confuso e assombrado com uma cena de crime tão sem sentido. No entanto, é a visão de Ellie Cox, uma ex-namorada da época em que cursavam a universidade, que faz seu sangue realmente ferver: ela é a mãe e esposa desta família assassinada, o que o faz se remeter à morte de sua esposa, muitos anos atrás, nunca solucionada, e uma grande nódoa em sua carreira e vida pessoal.
"Circulei lentamente os corpos mutilados, circundando as poças de sangue, procurando pisar nas partes secas do assoalho sempre que possível. As incisões não pareciam seguir nenhum padrão, e, pensando bem, os assassinatos também não.
A garganta do garoto estava cortada. O pai tinha uma bala na testa. E a cabeça da mãe estava virada em um ângulo estranho, como se o pescoço tivesse sido quebrado. (...)
Inclinei-me para analisá-la mais de perto e de repente fiquei tonto. Minhas pernas fraquejaram. Eu não podia acreditar no que estava vendo ... Eu a conhecia".
Mas este infelizmente não é um incidente isolado. Outros assassínios com a mesma assinatura - violência gratuita e desmedida, uso de força desnecessária, carnificina - o fazem ir atrás de uma pista que o fará deslocar-se até a África, para onde o criminoso que parece estar por trás destes crimes bárbaros, chamado Tiger, parece ter ido.
"Tiger era um enigma em todos os sentidos, um mistério que ninguém nunca havia solucionado. Na verdade, não havia tigres na África e foi por isso que ele ganhou o apelido. Era incomparável, único, superior a todos os outros animais, sobretudo os humanos.
Antes de ir estudar na Inglaterra, Tiger passara alguns anos na França, onde aprendera francês e inglês. Tinha facilidade com idiomas, e conseguia se lembrar de quase tudo que aprendia ou lia. Durante seu primeiro verão na França, vendeu pássaros de brinquedo para as crianças na frente do palácio de Versalhes. Ali, aprendeu uma lição valiosa: odiar o homem branco e, em especial, as famílias brancas".
Começa então uma caçada arriscada, onde o detetive terá de se deparar com um país prestes a entrar em uma guerra civil, onde as leis parecem serem ditadas da forma mais arbitrária possível, e nem todos são aqueles que dizem ser. Mais do que atrás de um assassino, Alex Cross se depara com a existência de uma conspiração silenciosa, para a qual parece não haver aliados com quem contar - todos são suspeitos até que se prove o contrário.
O texto do livro é ágil, com capítulos curtos e uma narrativa rápida - parece que muita coisa acontece num curto intervalo de tempo, o que tem seu lado positivo e negativo, ao menos do meu ponto de vista. A parte positiva é que não há tempo para sentir tédio lendo o livro de James Patterson; ele dá tantas guinadas e acontecem tantas coisas que as vezes é até difícil acompanhar cada uma das mudanças de cenário.
Já a negativa, é que não há tempo para aprofundar as histórias ou personagens. O personagem principal, Alex Cross, é personagem recorrente do autor, e tem a ele dedicada toda uma série de livros, talvez o motivo pelo qual não se explora mais de sua personalidade. Fora que fiquei com a mesma impressão que tive em uma outra leitura deste mesmo autor: o suspense foi bom, manteve a atenção às páginas, mas o final foi tão resumido e condensado e exposto de uma maneira tão "pronta" que me desapontou um pouco.
Além disso, é preciso estar preparado para a descrição de cenas impactantes, com bastante sangue, contusões, estupros, torturas, e outros crimes bárbaros assemelhados. Enfim, um bom suspense, que envolve o leitor em sua trama, mas que não entra para a minha lista de favoritos.