Rayanne Costa 12/12/2018O Dia da CaçaO dia da caça é o primeiro livro adulto que leio de James Patterson. Confesso que estava curiosa por algo do autor há bastante tempo, sendo que ele é muito elogiado e produz um gênero que me atrai bastante, o romance policial/ suspense.
Talvez, justamente, pela grande expectativa criada, acabei me frustrando um pouco, apesar da narrativa rápida e fluida, o que deixa a leitura muito mais instigante, por vezes senti que ele buscava em excesso dar ao personagem central características heroicas desnecessárias, fazendo com que Alex Cross não conseguisse me conquistar por completo, assim como alguns acontecimentos.
É claro que Cox precisa ser um policial que justifica sua fama, mas o excesso de situações e cenas onde isso se destacava me deixou simplesmente irritada. Cox decidir ir para a Africa é uma mostra disso, temos um investigador sendo totalmente não profissional, já que o caso envolve a morte de uma antiga namorada, que se coloca em frequentes situações de risco sem transmitir a ideia de pensar mais aprofundadamente antes e que sobrevive, sim, em certa parte por sua pericia, mas em grande parte a sorte e/ou acaso (eu diria até que por excesso de boa vontade do autor).
É como se o personagem dissesse 'Ei, eu sou o mocinho, sei que não vou morrer, então deixa eu me meter no maior nível de furadas possível!'. Logo, apesar da narrativa extremamente agradável, eu me via constantemente em desagrado com o personagem e com o que ele fazia, chegando ao ponto de me agradar muito mais do vilão. Não, não digo aqui que torcia por ele, mas a construção e desenvolvimento dele e de sua gangue foi uma grata surpresa, assim como a descrição da realidade na Africa.
Ao nos mostrar como parte da população africana vive e como nenhuma medida é tomada quanto a isso, Patterson consegue nos levar pra dentro do cenário e nos fazer entender melhor o vilão que ele tanto busca, justificando perfeitamente suas motivações e - por que não? - esperanças quanto a um destino melhor. Numa realidade brutal nasce um vilão inteligente e com uma sede de sangue acima do comum, consequência óbvia de uma vida de sofrimento e humilhação, e que consegue carregar consigo o posto de inspiração a quem o acompanha.
Isso é interessantíssimo de se ver. Assim como Alex percebendo a cada nova situação o quanto apesar de ser um investidor que já viu diversas coisas terríveis, nada se compara a realidade COTIDIANA daquelas pessoas. O resto dos personagens serviram pra destacar esta diferença entre a vida de Alex nos EUA e a vida das pessoas que ele encontra no país até então desconhecido.
Ah, e o 'encantamento' que ocorre entre Alex e Adanne, uma jornalista que o ajuda em sua busca pelo vilão, também me incomodou, ao meu ver era desnecessário, mas parece que é ilegal em certos livros um mulher participar da ação sem ser o amor ou paixonite de alguém. Vai saber!