Lane 01/10/2013Ecos do Futuro - Parte 2 Sempre quando eu termino de ler um livro da Diana Gabaldon sinto que preciso de reabilitação, rs. Não que seus livros sejam uma droga, muito pelo contrário, é porque em mim produzem os mesmos efeitos comparados de qualquer outro vicio: O prazer!
Neste interim, o prazer desmedido que me acomete é tanto que é difícil de ser ignorado, no entanto é um prazer que se apodera da minha mente e que não faz mal a saúde.
Ecos do Futuro é o 7° livro da série Outlander, e aqui no Brasil foi dividido em duas partes: Ecos do Futuro parte I e Ecos do Futuro parte II.
A primeira parte contem 496 págs. e a segunda 448 págs. O tamanho assusta, apesar de todos os outros livros terem mais ou menos a mesma quantidade de páginas, entretanto sem dúvida nenhuma a leitura da série vale cada página virada.
A profundidade e a dimensão com que Diana dá aos seus personagens por si só já valeria a pena ler, porém há ainda o rigoroso trabalho de pesquisa, a destreza com que ela escreve e a fantástica habilidade de criar uma história divertida e historicamente interessante.
O livro é dividido em cinco partes e os capítulos são titulados de acordo com o assunto que vai predominante ou aquilo que é mais relevante nele, a narrativa é totalizada sob vários pontos de vista.
Inicialmente os pontos de vista foram abordados apenas por alguns personagens: Jamie, Claire, Ian, William e Lorde John que estão ambientados no passado (1777) e Roger, Bri e Jem ambientados no presente (1980) -, todavia à medida que a história vai evoluindo são adicionados pontos de vista de outros personagens inseridos na história, Rachel Hunter, Denzell Hunter e Dottie (prima de William).
A narrativa, como nos demais livros continua sendo em 3ª pessoa para os personagens, exceto pra Claire que é em 1ªpessoa.
Notei algumas falhas técnicas no texto, a idade de Claire não confere com os outros livros, Porém não sei se isso é devido a um erro de tradução ou não.
O enredo permanece contendo o mesmo acento que dos outros livros da série, repleto de aventuras, romance, mistério e o incontável toque de humor de Diana Gabaldon. A história se entrelaça entre o passado e o presente de forma equilibrada com descrições bem confeccionadas sobre viagens marítimas e batalhas bem construídas com piratas, índios e soldados.
Os panos de fundo que se destacam ficam com os acontecimentos sobre a Revolução Americana e as descrições dos procedimentos médicos de Claire. A autora apresenta um magnifico trabalho de pesquisa, no entanto tenho que confessar que embora eu sempre aprenda um pouco mais com esses detalhes, eu os achei carregados demais nas descrições, resultando ser um pouco maçante na primeira parte do livro.
Na 2ª parte, entretanto ela é mais dinâmica e temos um cerne maior da história de Outlander. Vemos mais cenas com Jamie e Claire, embora eu tenha achado que a participação deles neste sétimo livro foi bem menor em relação aos outros.
Os personagens da Outlander são pra mim o que há de mais fundamental na série, e em Ecos do Futuro temos a oportunidade de aprecia-los ainda mais, pois conseguimos comparar a sua evolução e o seu crescimento desde A Viajante do Tempo.
Ainda que alguns dos personagens secundários tenham ganhado um maior destaque neste livro e outros tenham sido inseridos na categoria, a minha conexão com o segundo foi imediata, e eu não achei nenhum deles chatos, pelo contrário me simpatizei com eles e quero ver o seu desenvolvimento nos livros futuros.
*Mesmo tomando nota de quase tudo, é quase impossível lembrar-se de todos os acontecimentos na história devido ao ritmo do enredo.
Jamie e Claire após o incêndio de casa grande em Ridge Fraser decidem voltar para Lallybroch na Escócia, e com esta decisão eles pretendem devolver o sobrinho Ian, para sua irmã, como haviam prometido Jamie. Jamie também espera com isto, recuperar a sua impressa e depois retornar para as colônias na América.
Acontece que em se tratando de Jamie e Claire as coisas não serão assim tão fáceis para eles, além de encontrarem alguns desvios pela viagem, antes mesmo deles saírem das colônias um terrível acidente ocorre envolvendo Ian e Arch Bug e isto vai permear todo o percurso da trama.
Ian, sem nada que o prenda nas colônias decide retornar com seu tio Jamie e sua tia Claire para a Escócia, no entanto seu passado com os índios é algo que ainda o perturba e ele quer respostas para as várias interrogações antes dele partir.
William, nono Conde de Ellesmere, agora com 19 anos de idade, também é um oficial do exército britânico e está ansioso para provar a sua coragem como combatente.
Lorde John aparece se sobrepondo na história resolvendo problemas da sua família na Inglaterra, e isto envolvem questões com William e a sua sobrinha Dottie e antigos amigos de guerra. Paralelamente surgem conflitos relacionados à guerra, com a intromissão de reais personagens histórico, e Lorde John acaba inserido numa rede de intrigas que levantam suspeitas sobre o pai biológico de Fergus, filho adotivo de Jamie.
Roger, Bri, Jem e Mandy vivem em Lallybroch tentando se adaptar na década de 80, entretanto Roger e Bri não deixam o passado para trás e por causa disto não percebem que há algo de errado com os seus filhos. Convenientes a isso alguns problemas aparecem e outras surpresas acontecem e eles passam por momentos angustiantes.
Diana Gabaldon vai entrelaçando personagens, lugares e épocas com conhecimento e a qualidade que já constatamos nos seus outros livros anteriores. As viradas e reviravoltas que acontecem em Ecos do Futuro são surpreendentes. Porém, como uma fã da autora e da história de Outlander, pra mim não passou despercebido algumas mudanças em todo o contexto.
Desde o inicio da leitura, notei algo de diferente na sua maneira de escrever, embora isso não tenha atrapalhado o texto e nem a história, a sua escrita manteve-se requintada e elegante, porém lendo o site da autora observei que não fui eu apenas a notar tais mudanças. Alguns leitores desconfiados acreditam que ela tenha recebido colaboração de terceiros para escrever o livro. A autora não fez nenhum manifesto a favor ou contra estas suspeitas, então ficam somente as desconfianças, embora pra mim se ela recebeu ou não colaboração de alguém, é indiferente, pois a sua narrativa permanece com a mesma qualidade de sempre.
Outros problemas que me incomodaram, é que eu sempre devorei os livros da série Outlander com uma urgência assustadora que me impedia de dormir e até fazia desprezar os horários de me alimentar, apesar de algumas cenas tenham me tocado profundamente e me deixado com lágrimas nos olhos (como por exemplo, a prova de amizade entre Jamie e Ian -pai), outras me arrancaram sorrisos e umas me fizeram até prender a respiração, no entanto, devo admitir que este livro não me arrebatou ao imediatismo de leitura que os anteriores.
Eu acredito que a frieza em relação a minha ansiedade neste livro se deva ao ritmo do enredo, entretanto esta não foi à causa principal do meu desanimo, por diversas vezes eu me senti perdida na história.
Indiscutivelmente, o 7° livro possui passagens memoráveis que ficarão guardadas na gaveta da minha mente eternamente, pois Diana Gabaldon coloca tudo em detalhes e as emoções dos seus personagens não poderia ser diferente. Entretanto neste livro, Lorde John que anteriormente era um personagem terciário, passa a ter relevância de um personagem secundário e por causa disto, acredito que isto tenha prejudicado o ritmo do enredo.
Ainda que Diana tenha uma mente imaginativa e muito criativa, algumas situações com Lorde John no livro não me fizeram sentir dentro da história (nunca consegui compreender o fascínio que Diana Gabaldon tem com Lorde John), e eu acabei ficando perdida. No entanto, depois percebi que alguns dados nada tinham a ver com o contexto da história, como porm exemplo: Qual a finalidade de mostrar a relação de Lorde John com seu irmão mais velho?
Lorde John não esta na lista dos personagens que eu não goste (isso fica com Brianna que está no topo da minha lista), porém encontrei outro dado relevante através do blog da autora, e talvez isso explique o aumento da participação de Lorde John.
Diana Gabaldon escrevia as séries de Lorde John Grey ao mesmo tempo em que desenvolvia Ecos do Futuro. Isto talvez explique o aumento da participação de Lorde John, mas não há nada confirmado, e é apenas uma suposição minha e terei que aguardar os próximos livros para confirmar.
Conquanto o meu desânimo não foi por causa do aumento da participação de Lorde John, a causa principal fica com as maçante descrições sobre a Revolução Americana, entretanto o fato é que terei que ler futuramente a série de Lorde John Grey, no entanto o livro poderia ter menos páginas se as descrições não fossem tão extensas.
Acontece também que o desequilíbrio do enredo não se limita somente aos excessos de descrições sobre a guerra e os procedimentos médicos de Claire, as leituras das cartas de Jamie e Claire lidas por Roger e Bri no presente foram para mim entediantes em muitos aspectos. E a causa pode ser porque as fontes destas cartas são em itálico e menor que as do texto comum, confesso que por diversas vezes eu desejei pular essas partes.
O bônus da leitura, em minha opinião se deve mesmo a Claire e Jamie, embora eu aprecie outros personagens como Ian e o Roger, no entanto eles são todo o esplendor de Outlander. Na 2ª parte do livro o ritmo do enredo aumenta, pois houve uma maior participação deles e consequentemente do meu animo também.
Apreciei muito ver o entrelaçamento entre Ian e William e de conhecer Rachel e Denzell Hunter.
Rachel e Denzell são irmãos, ela enfermeira e ele médico, ambos fazem parte de uma seita/religião conhecida como Quaker que tem princípios que pouco combina com a atmosfera de Outlander, o que fez que meu interesse despertasse sobre o objetivo de suas participações na história.
A amizade entre Ian, William, Denzell e Rachel promete grandes mudanças na série.
**Algo que continuo desfrutando é ler sobre Rollo, o cachorro de Ian. Não sei como Diana consegue, porém não consigo evitar a minha ligação com esse personagem, rs.
Jem e Mandy também foram algo interessante de observar, achei a conexão especial entre eles magnífica.
Algumas pontas foram trabalhadas dentro do contexto e deixadas propositalmente soltas, como quem é homem que está atrás do Fergus, umas apenas colocadas para despertar ainda mais a curiosidade, como a especulação de quem é o pai de Roger e o superticismo de Jamie em relação a sua quantidade de vidas, e outras resolvidas como a da Laoghaire, ex-mulher de Jamie.
Embora eu não consiga lembrar todos os detalhes, o retorno de alguns personagens antigos como Tom Christie, me deixou curiosa e o Buccleigh adicionou novas perspectivas que enriqueceram a trama.
No entanto, há outros elementos e situações emocionantes, porém pra mim, a melhor cena eleita foi a da promessa que Ian e Jamie fizeram. Foi lindo e só de relembrar eu fico emocionada.
Contudo, se o livro foi cheio de encontros e desencontros, perdas e ganhos, as últimas 100 páginas foram um turbilhão de eventos e o final foi uma surpresa. Diana Gabaldon nos deixou um final abrupto e sem resolução.
A autora me deixou com várias perguntas e com a mente em redemoinhos.
Dos cinco personagens que predominaram na história, apenas um teve o final parcialmente concluso e eu fiquei com vontade de enforcar a Diana Gabaldon por causa disto!
... [respirando bem fundo]
Ainda que eu tenha ficado desnorteada com o final de Ecos do Futuro, o lançamento do próximo livro, o 8° da série Writen in my own hearts blood, estava previsto para o segundo semestre de 2013, porém ele foi adiado e será lançado (se Deus quiser) em março/2014, junto pelo que entendi no blog da autora com a estreia da série adaptada pela tv que será transmitida pelo canal Starz.
***Quem quiser saber mais detalhes, esse é o facebook da autora: https://www.facebook.com/AuthorDianaGabaldon?hc_location=stream
Sendo assim, para os mais ansiosos como eu- a autora disponibiliza em postagens diárias, pelo seu blog, facebook ou twitter alguns trechos do próximo livro (eu já li todos).
Segundo informações, via os canais da mesma, a partir de dezembro estará disponível na sua editora dos EUA, os sete primeiros capítulos completos do 8° livro (eles não terão formato em e-book, apenas impresso), pra quem quiser adquirir.
****Não sei se aqui no Brasil a editora Rocco, responsável pela publicação da série, fará o mesmo eu torço para que sim -.
Enfim, apenas para terminar de concluir a resenha, embora o 7° livro da Outlander apresente problemas e não tenha o mesmo ritmo que os outros, eu avaliei com 5 estrelas, não porque sou obcecada pela série, mas porque está história é brilhante e umas das melhores séries históricas contemporâneas na minha opinião.
Mais que recomendado!
Avaliei com 5 estrelas