O filho de mil homens

O filho de mil homens Valter Hugo Mãe




Resenhas - O Filho de Mil Homens


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Ana Maria 04/08/2020

Que é um livro sobre o que falta
O amor.

Um livro sobre o amor.

O amor que não tem nada a ver com um tesouro entre as pernas.
Ou com o tamanho das coisas, das pessoas. Ou com falar com mortos e ser criado com mentiras mascaradas de proteção. Que não tem nada a ver com ser filho e filha de sangue, como dizem.
Sobre o amor que não determina quem gosta de amar homem, quem gosta de amar mulher.

Sobre o amor que não se estende às pessoas que vivem a observar as outras, julgando suas escolhas, seus quereres, vontades, suas vidas.
O amor que não se estende a quem inveja quem faz muito, a ponto de perder todo seu tempo a assistir a vida que corre lá fora, no tempo de quem sabe viver. O amor estranho a quem mergulha em terços e rezas, e se afoga em fofocas, palavrões e pensamentos de ódio.

Fala do amor.
O amor simples, ou simplesmente.

Daquele que a gente vive ao sentar num sofá sem se preocupar com os modos, dividindo qualquer coisa que tiver na geladeira. Um momento esperado e não planejado, depois que o medo, a vergonha, a emoção do começo já passaram. O amor de rir.

O amor que preenche o que é metade, quando a gente procura um filho. O amor que do inteiro faz o dobro, quando a gente procura um par.

Fala sobre o amor e eu amei.

site: https://amzn.to/3fsQ5xB
Paulin 06/08/2020minha estante
Belo texto! ;)




Vitória 21/01/2021

Sensacional
O livro é extremamente poético e cheio de passagens incríveis que te fazem refletir muito sobre o destino, sobre o poder do querer, família, afetividade, conexão, sabedoria, amor, cuidado... Dispenso demais comentários, mas indico para todos, vale muito a pena a leitura!!! Vou deixar algumas das minhas partes preferidas aqui embaixo.
Vitória 21/01/2021minha estante
?Nunca limites o amor, filho, nunca por preconceito algum limites o amor. O miúdo perguntou: porque dizes isso, pai. O pescador respondeu: porque é o único modo de também tu, um dia, te sentires o dobro do que és.?

?O Crisóstomo explicava que o amor era uma atitude. Uma predisposição natural para se ser a favor de outrem. É isso o amor. Uma predisposição natural para se favorecer alguém. Ser, sem sequer se pensar, por outra pessoa.?

?Aos quarenta anos, o Crisóstomo deitou-se sobre a areia e inventou que estava ligado a todas as pequenas e grandes coisas do mundo, como se lhes pertencesse por igual e cada pedaço de matéria fosse uma extensão longínqua de si. Ia do centro do seu peito aos pinheiros ao fundo, ia do centro do seu peito à rocha despontando no meio do mar, ia do centro do seu peito até ao telhado de cada casa. Se pensasse em mexer um dedo, pensando maior como se fosse também muito maior, tinha a sensação de estremecer os ramos todos dos pinheiros. Se pensasse em bulir os pés, pensando maior como se fosse também muito maior, agitaria o rochedo no meio do mar. Se pensasse em abanar com a cabeça, pensando maior como se fosse também muito maior, poderia levantar os telhados às casas como chapéus num cumprimento qualquer. O Crisóstomo, fantasiando como sabia, sabia tudo.?

?O toque de alguém, dizia ele, é o verdadeiro lado de cá da pele. Quem não é tocado não se cobre nunca, anda como nu. De ossos à mostra. E amar uma pessoa é o destino do mundo.?

?O Crisóstomo disse ao Camilo: todos nascemos filhos de mil pais e de mais mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais e mais as nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós.?




spoiler visualizar
Yasmin 15/01/2021minha estante
??????




LidiCalado 20/07/2022

Não é 5 estrelas por causa da tradução, tive bastante dificuldade de interpretar alguns trechos, não sei se é a edição que li ou se a pegada realmente é essa.

Um livro sobre relações, sobre construir relações inesperadas e sem julgamentos, apenas construir.
Maria Luiza 09/08/2022minha estante
Tradução? Mas é um escritor de língua portuguesa




Dara 05/10/2020

Elogio ao amor (real)
"A vida fazia-se à revelia da felicidade".

Valter Hugo Mãe cai de queda livre num lago afável de palavras que ousaram tentar confessar o improferível. Este escrito é uma redenção, ele dá letra ao abismo.

"Estava sozinho, os amores haviam falhado e sentia que tudo lhe faltava pela metade.

Carregado de ausências e de silêncios como de precipícios ou poços fundos (...) acabou chorando muito, mas não chorou sequer metade das lágrimas que tinha para chorar. Achando que tudo era ausência, achava também que vivia imerso, como no fundo do mar."

Fiz essa leitura no carnaval, em um momento de abertura ao sensível, e agora, ao fichá-lo para a presente resenha, novamente aí me localizo, apesar de diferente. Talvez o Mãe tenha essa capacidade, de abrir-me ao sensível epidermico. De arrancar para fora as lágrimas e ditos estrangulados pelo chamado concreto da personagem da vida que eu mesmo forjei. (Talvez ele diga o sentir melhor do que eu consigo, tão emudecida que fico por vezes). (Talvez ele me aproxime da sensível parte de mim que tanto rechaço).

"Perguntava se havia vida antes da morte, como se ele próprio existisse só nas palavras, fosse uma retórica sem autonomia".

Trata-se de um livro que contorna incontáveis segredos de liquidificador sobre a solidão do humano, acerca do inefável amor, de apreensão tão singular para cada um, e também do possível tão áspero, difícil, trabalhoso... Tão distante do ideal, do esperado, do planejado. (Eu tendo a achar, cada vez mais, que a vida se faz nos tropeços).

"A companhia de verdade, achava ele, era aquela que não tinha por que ir embora e, se fosse, ir embora significaria ficar ali, junto".

A narrativa é acronológica e traz a história do Crisóstomo, do Camilo, da Isaura, do Alfredo, do Antonino entre outros... Personagens fascinantes que viveram o frívolo da vida. Acompanhamos a vida fazer-se à revelia da felicidade, a vida possível fazer-se, apesar de toda dor. "A vida se punha a continuar para além até das grandes tristezas."

É uma leitura fenomenal. Recomendadíssima e favoritada.

"Não adianta sonhar com o que é feito apenas de fantasia e querer aspirar ao impossível. A felicidade é a aceitação do que se pode ser. Ser o que se pode é a felicidade."

*

"Pensava que lhe competia sofrer sozinha e que, afinal, estava sozinha. Pensava na hipótese de ser assim mesmo a natureza das coisas, a natureza do amor e disse baixinho, encostada à parede e mal segura: eu pensava que amor era bom.

Amanhecera vazia, sem ninguém dentro de si mesma, e foi como se encheu com a ideia de afinal ser impossível esquecer o amor. Porque o amor era espera e ela, sem mais nada, apenas esperava. Ela esperava o futuro, e esperar já era um modo de amar. Esperar era amar. Certamente, amava de um modo impossível o futuro. Disse: eu pensava que o amor era bom. E chorou sem qualquer convulsão porque aceitou chorar."

"O toque de alguém é o verdadeiro lado de cá da pele. Quem não é tocado não se cobre nunca, anda como nu. De ossos à mostra."
Giovana 06/10/2020minha estante
Que lindo ???




Stella 30/08/2016

O Filho de Mil Homens
O livro inteiro é uma poesia! Me encantei com a fluidez da leitura, com o jeito único do Valter Hugo Mãe. O autor critica o falso moralismo tão presente em nossos dias, ao mesmo tempo que mostra a formação de uma família bem diferente. Aprendi que nunca devemos limitar o amor, pois só ele é capaz de nos tornar o dobro do que somos!!
Marcel Koury 29/07/2017minha estante
Valter Hugo Mãe é um bálsamo -- um dos maiores expoentes da neo-literatura lusófona.

Parabéns pela resenha!

(E sobre o amor, sua única medida é se dar/doar desmedidamente.)




nicolasramos 28/09/2022

O que "O Filho de Mil Homens" tem de dinâmico e precioso em sua primeira metade, tem também de fútil e arrastado em sua segunda. Verdade seja dita, Valter Hugo não consegue sustentar o encaminhamento final dessa obra, esvaziando-a a tal ponto em que o percurso esfarela e cansa até mesmo as mentes mais persistentes.

Não obstante, tais conclusões precisam ser pautadas sem pressa e em partes, afinal, também há muita integridade presente aqui. Nos primeiros capítulos, o escritor propõe histórias distintas as quais vão se entrelaçando com o desenrolar das páginas. Não há dúvidas de que Mãe sabe como arquitetar personagens, sua habilidade é provada diversas vezes durante as páginas.

As reflexões sociológicas reinam sobre a narrativa e são muito bem-vindas. O leitor é convidado a abraçar os anseios de Crosóstomo e Isaura, Camilo e Antonino, Matilde e Rosinha; nomes com particularidades intrínsecas e verdadeiras, tornando difícil a não identificação com seus sentimentos. Uma vez imerso, o leitor passa a torcer pelo tão esperado final feliz. E ele acontece, acompanhado de fluídos altamente poéticos e doses extravagantes de caprichos na estrutura do texto.

Entretanto, o grande problema de "O Filho de Mil Homens" começa a aparecer um pouco antes de tudo isso, quando todas as personagens parecem já ter atingido o auge do seu desenvolvimento guiado por uma proposta inicial atrelada a trama. Sem um desfecho incisivo na história, os arcos parecem encerrados, entretanto, mais coisas continuam a acontecer, num cenário que mira no cotidiano pacato e acerta no total esvaziamento da tela.

Dessa maneira, o declínio do livro torna presunçosas até mesmo as meditações com pontos de contemplação a respeito da existência de conceitos criados pelo próprio ser-humano, algo que era um motivo de grande apreço num determinado momento anterior. Em suma, Valter Hugo Mãe parece se perder num turbilhão de ideias distintas de como finalizar a obra e decide por incluir todas elas.

Isso pode funcionar para alguns, mas não para mim. O que também não invoca o insucesso sobre "O Filho de Mil Homens", sua densa bagagem consegue proporcionar inúmeras virtudes e o absurdo é enjaulado por Mãe numa deliciosa aventura que rompe com os conceitos de tempo e espaço para focar unicamente nas pessoas e seus desejos. O início aqui pode ser melhor executado do que o final, mas o geral expõe um autor com uma visão de mundo extraordinária.
Luciana 13/10/2022minha estante
Tive a mesma impressão. Foi difícil demais terminar o livro.




Cristian Monteiro 21/08/2022

Personagens repleto de vazios e de dores se entrelaçam e convergem numa história que se recheia de afeto, carinho e empatia, numa narrativa tão melancólica quanto poeta.

Esse livro termina como um abraço.
samuca 22/08/2022minha estante
Favorito de Valter Hugo Mãe. Lindo demais




Italo Amorim 14/04/2022

Um abraço poético e as suas redundâncias
A poesia é um gênero literário que poderia facilmente ser resumido como a composição de versos estruturados harmonicamente. No entanto, podemos concordar que seria um conceito muito pobre para algo tão completo e complexo. Para além do óbvio de uma definição, a poesia é tudo aquilo que move e comove.

Nessa mesma linha paradoxal de simplicidade e complexidade eu enxergo o abraço. Não o abraço indiferente ou malicioso, mas sim o abraço afetivo. O gestual que sintetiza milhões de sentimentos em algo genuinamente simples: ir de encontro a um corpo estranho como demonstração de carinho. É como um "eu te amo" ou como um "é bom estar com você", sem a banalização que a frase dita poderia causar. Abraçar, tal qual a poesia, é expressar genuinamente a harmonia - e é por isso que considero a ideia de um "abraço poético" ser, no mínimo, redundante.

Dito tudo isso, acho que finalmente posso falar sobre "O filho de mil homens". Pois bem, prometo não me prolongar muito quanto a isso. Ou melhor, prometo definir o livro em uma frase composta por duas míseras letras: abraço poético. Sim, eu sei o que você pode ter pensado, porém tentarei explicar.

Quando li "A vida invisível de Eurídice Gusmão", obra da Martha Batalha, intitulei a resenha da mesma com uma contradição, chamando-a de "sombra iluminada". Naquele livro, senti-me tão leve lendo a história de alguém que ficcionalmente viveu em décadas passadas que era paradoxal demais acreditar que nada daquilo era palpável. Nada era real ou minimamente vívido. E essa contradição era como uma sombra iluminada no meio da literatura que eu me acostumei; o que a tornava incrivelmente única.

Em "O filho de mil homens", primeira obra que leio do Valter Hugo Mãe, o sentimento é um pouco diferente. Parece que estou lendo a história de um parente que, depois de muito tempo distante, decidiu me visitar para dar um abraço. Abraço rápido e lento ao mesmo tempo, unindo companheirismo e afeto em milésimos de segundos. Não era como uma obra de ficção, era como uma história que qualquer um estaria disposto a passar para frente como lição de vida.

Ainda assim, Valter Hugo conserva um lado minuciosamente poético que apenas um livro com essa característica de enredo poderia oferecer. A trama principal é importantíssima, é claro; mas não é solitária dentro do universo criado. Na mesma intensidade que isso é dificílimo de ser executado, é extremamente leve de ser absorvido. O livro trata sobre temas sensíveis com a sensibilidade e importância que esses exigem. Sem hierarquia dentro do roteiro ou falsa-simetria por trás de personagens. É simples por ser simples. Poético por ser poético. Afetivo por ser como um abraço. Um abraço poético, apesar de toda redundância que a frase causa.
Anderson 15/04/2022minha estante
????




Sofia.Castello 13/10/2022

Tão sensível no desenrolar dos afetos, quanto poético em sua humanização e escolha de palavras, é um soco no estômago da dita família tradicional brasileira.
Lari.Razera 13/10/2022minha estante
Socorro que eu tô empacada nele KKKKKKKK




skuser02844 28/05/2023

Somos todos filhos de mil homens...
Que experiência rica a leitura desse livro. Foi meu primeiro contato com Valter Hugo Mãe, e já quero ler mais de suas obras imediatamente!
Achei muito diferente de tudo que já havia lido até então, de fato um mergulho na língua portuguesa.
Um livro sensível que conecta a história das personagens trazendo reflexões sobre a construção social das relações humanas, do conceito de família, nossos preconceitos, desejos, carências, sonhos, afetos.
Lindo, importante, indispensável.
Douglas Finger 29/05/2023minha estante
Que de maiss




Maria Carolina 05/04/2017

Tapa na cara poético
Valter Hugo Mãe nos apresenta um tesouro, e nos mostra que esse tesouro é palpável a todos. Só depende de nossa disposição e aceitação.
Logo nas primeiras páginas me encantei com as frases de impacto que o autor nos apresenta. De forma simples e direta nos são dados vários tapas na cara.
Depois de apresentadas as personagens, suas histórias e como levavam a vida, fiquei imaginando como elas se interligariam. E não poderia ter sido de uma maneira tão linda e simples como foi.
Por mais que as tragédias particulares estejam presentes em toda a história, na maioria das vezes terminei o capítulo sorrindo. Muitos aprendizados podemos tirar dessa narrativa.
Imaginei várias vezes essa história como um filme que não queremos assistir, mas que se pararmos para prestar atenção, nos pegaremos rindo de cada evento, tanto pela forma trágica pela qual as situações são abordadas, quanto pela veracidade em cada ação das personagens.
Cenas típicas de vilarejos. Cenas típicas de nós mesmos.
O livro é poesia do começo ao fim. É nítido como o amor foi o fator principal de ligação de cada uma das personagens.
"O amor é a resposta. Não importa a pergunta."
Renata.Teixeira 06/04/2017minha estante
Maravilhosooooo!!!




rfalessandra 21/02/2023

Foi minha primeira leitura do Valter Hugo Mãe, foi densa e um pouco mais difícil que as outras leituras que costumo fazer, mas foi uma das que eu mais gostei e me encantou.

Pois são várias histórias que se unem em uma só, mostrando uma visão muito bonita do que é família, de perdão e principalmente de sobreviver as dores que vem junto com a vida.
geovanaedoarda 22/02/2023minha estante
??




Rafa 05/05/2017

A todos que queiram ser o dobro do que já se é
"É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter"

Terminei esse livro ontem e desde que li a primeira página, essa música do Vinicius não me sai da cabeça.

O "filho de mil homens" começa contando a história de um pescador chamado Crisóstomo que queria ser pai.
Solteiro, com quarenta anos e se sentindo extremamente solitário, Crisóstomo via-se como metade, carregado de ausências e silêncios.
Decide então sair em busca de um filho que acredita estar em algum lugar do mundo e ainda foi não encontrado, e acabe encontrando muito mais que isso.

Paralelamente somos apresentados aos outros personagens, que, por se tratarem de pessoas estigmatizadas e à margem da sociedade, também sentem-se solitários e indignos de serem felizes e amados.

Ao longo do livro as histórias se entrelaçam de uma maneira muito bonita, nos mostrando a transformação de cada pessoa pelo afeto e como cada um acaba "pertencendo" ao outro, que o acolhe pela livre e espontânea vontade de abraçar o próximo (outrora tão sofrido e subjugado como ele), quebrando estereótipos sobre o conceito de família e de como o amor deve ser demonstrado.

Foi meu primeiro livro do Valter Hugo Mãe e posso dizer que a experiência não poderia ter sido melhor. Um livro lindo, poético e que mostra como o amor puro pode romper barreiras e preconceitos.

Recomendo a todos aqueles que queiram se sentir o dobro do que se é.

"O Crisóstomo disse ao Camilo: todos nascemos filhos de mil pais e de mais de mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se nossos mil pais e nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós." (pág.188)
Walkí­ria Silva 15/08/2018minha estante
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Mariane Bach 10/01/2022

O livro mais bonito do mundo

Este é o livro mais bonito do mundo. Certamente alguém dirá: "E você já leu quantos livros para afirmar isso, minha caríssima? Por acasou visitou Cervantes, Shakespeare, Saramago e a China toda?". E eu, pacientemente, responderei, que não é preciso ler mais que um único livro para saber que é o livro mais bonito do mundo, pois não se trata de uma pesquisa ou análise, mas de um sentimento. Eu mesma, sendo devota de Calvino e García Márquez, já li alguns vários livros e a cada vez fui capaz de concluir de forma indubitável que se tratava do livro mais bonito do mundo.

Eu li "O filho de mil homens" e eu não queria que acabasse, queria que continuasse para sempre, mas não havia mais páginas para virar. E agora eu tenho que dizer para todas as pessoas do mundo que todas as pessoas do mundo precisam ler esse livro.

Em "O filho de mil homens" Valter Hugo Mãe narra a história de personagens cujas vidas se entrelaçam pela solidão e pelo amor, na invenção de uma nova família, pouco convencional. A história inicia com Crisóstomo, um homem que chega aos 40 anos e se vê triste por não ter um filho. Sua vida começa a mudar quando ele adota Camilo, orfão de uma anã. A partir daí conhecemos as dores, os conflitos e os desejos de muitos personagens: Isaura, Matilde, Antonino, Rosinha, Gemúndio e outros.

Na simplicidade do cotidiano desses personagens mora a beleza da escrita de Mãe, em que cada frase é construida como se carregasse em si a poesia e o encanto para um vida inteira.

O leitor e a leitora de literatura sabem que ler livros não se trata somente de conhecer uma história, pois, se assim fosse, os resumos nos bastariam. Ler é uma experiência que passa pelo cuidado com a linguagem, em que não importa apenas o que é dito, mas como é dito. Ler é um ato de suprema humanidade, já que apenas nós podemos fazê-lo. O ser humano mora na palavra. Então, penso que uma casa bonita (daquelas com janelas grandes, cores vibrantes, varanda aconchegante e teto sólido) se constrói com poesia.

site: https://demorar-se.blogspot.com/
Vitor.Montanet 10/01/2022minha estante
Uau! Depois desse relato, vou adicionar ele na minha lista de leituras!




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